Capítulo 8♡

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Victor não parecia ter notado a minha presença na sua casa. Tatiane pulou nos braços do marido, se pendurando pelo pescoço dele. Meu estômago se revirou. Aquilo era demais para mim, que pensava já haver superado o estrago causado em meu coração. Victor eu superei sim, mas não o que ele fez comigo no passado. Como eu, que tanto falei do perdão para Tatiane, não conseguia simplesmente perdoar a Victor e também a mim mesma? Eu pensei estar bem por muito tempo, até o minuto passado, na verdade. Mas agora isso mudou. A tristeza que eu julgava ter acabado, estava apenas escondida, ressurgindo naquele instante.

Jonatas se aproximou mais de mim, passando um dos braços pelos meus ombros e sussurrou um: "Vai ficar tudo bem, já vamos embora" quando percebeu que eu estava tensa.

Victor percebeu que ele e a mulher não estavam sozinhos. Vi ele abrir e fechar os olhos repetidas vezes, talvez para tentar acreditar que era eu mesma e Jonatas que estávamos ali. Seria engraçado, se não fosse trágico.

— Ah... É... Boa noite! — Victor por fim, se pronunciou. Ele parecia envergonhado enquanto passava a mão no cabelo freneticamente, ato que reconheci ser uma mania dele quando estava constrangido, sei disso desde de que nos conhecemos.

— Boa noite — Jonatas demonstrou firmeza na voz direcionada exclusivamente ao meu ex — já estávamos de saída no momento em que chegou.

— Se quiserem, podem continuar aqui... Vou somente tomar um banho e prometo não incomodar, sei que estavam conversando com Tatiane, fiquem à vontade... — ele estava sem jeito.

— Por que ficaram todos estranhos de repente? — Tatiane questionou, arqueando uma sobrancelha.

— Não é nada, Tatiane — Jonatas respondeu o mais sutilmente possível, mesmo apreensivo — já estamos indo. Boa noite. Obrigado por... Tudo.

Jonatas me dirigia enquanto caminhávamos. Não consegui falar uma palavra sequer. A minha mente trabalhava a todo momento, querendo entender o porquê disso estar acontecendo comigo. Alguns pingos de chuva começam a cair das densas nuvens. Andamos mais rápido, mas não teve jeito. Ficamos muito molhados e correndo o risco de pegar um resfriado.

Jonatas me deixou em casa. Ele me abraçou e eu não consegui segurar as lágrimas. Eu jamais colocaria a culpa disso em Deus, mas se tudo tem um propósito, qual será esse? Eu não conseguia entender. Mas confiar já basta, e eu entendi isso naquele abraço silencioso, que mesmo sem palavras, dizia tudo o que meu coração precisava saber.

Desde que conheci Jonatas, ele sempre fez questão de me ajudar no que eu precisasse, tem se mostrado um verdadeiro amigo e eu agradeço a Deus por isso, porque mesmo quando pensamos que não temos ninguém, Ele envia pessoas para nos auxiliar.

Quando nos afastamos, senti falta dos seus braços ao meu redor. Estranho. Talvez fosse só pela boa sensação de estar sendo protegida por alguém.

— Você vai ficar bem? — Jonatas perguntou, preocupado.

— Vou sim, eu sempre fico. Não é mesmo? — sorri fraco, apenas para não preocupá-lo mais. Ele assente.

— Tudo tem um propósito de Deus. Ele não nos dá uma cruz que não podemos carregar. — eu assinto e mais uma lágrima cai. Ele enxuga com os dedos em meu rosto. Quando percebi o perigo desse simples "contato inocente", me afastei sutilmente. Nos despedimos e eu entrei em casa.

Papai me esperava na sala, enquanto assistia à televisão. Ele viu o meu estado, toda molhada e com os olhos vermelhos indicando um choro recente. Ele me lançou um olhar, talvez espantado e apontou para o meu quarto com o dedo, o que entendi dizer "corre para lá enquanto sua mãe não está aqui" saí correndo o mais depressa que minhas pernas puderam me levar.

Esperando o Melhor de Deus pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora