Esperando o Melhor de Deus pra Mim

Capítulo 11♡

O projeto fluía bem, como esperado pelos nossos líderes. Durante dois meses, fizemos algumas visitas ao orfanato e nos enturmamos com os moradores, além de termos feito algumas anotações sobre o que poderíamos fazer para melhorar a situação das crianças e adolescentes que estavam abrigados ali. Reforma no ambiente, atividades de entretenimento entre outras questões estavam sendo pensadas. Porém, faltava dinheiro para resolver diversas questões, e não conseguiríamos sozinhos. Era preciso mais do que o orfanato recebia das doações, e o custo realmente era baixo, mal dava para pagar as contas no fim do mês. Seria um verdadeiro desafio conseguir concluir nossos planos de crescimento e melhoria para aquele lugar, mas Deus estava conosco e nos ajudaria, tínhamos certeza.

Foram feitas algumas reuniões desde então, para buscar soluções quanto a arrecadação de dinheiro para o orfanato. Tivemos algumas sugestões, mas nada que, de fato, suprisse a necessidade de forma total. Enquanto pensávamos em uma maneira efetiva de prestar assistência, vários jovens se disponibilizaram a continuar o recolhimento das doações, além de fazer campanhas publicitárias para a divulgação da causa.

Marcos era um dos que se mostraram disponíveis para ajudar. Durante esse tempo, nos aproximamos bastante, e posso dizer que ele tem sido um bom amigo. Não esperava por isso, mas ele foi um auxílio para mim, vindo num momento oportuno. Ele também havia conquistado um espaço no grupo dos jovens, e fez diversas amizades. Seu carisma e simpatia agradava a todos, e até Jonatas diminui o seu comportamento esquivo quanto ao rapaz. Porém, estava sempre com um pé atrás.

Esses dois últimos meses têm sido bastante... Intensivos? Confusos? Surpreendentes? Não sei bem qual palavra se encaixa melhor no contexto, mas foi assim que me senti. Até mesmo quando Victor entrou na igreja pela primeira vez desde o seu retorno à cidade. Fiz de tudo para não nos esbarrarmos por aí. Ele continuou frequentando a igreja, e ia à todos os cultos. Não era preciso ser um ótimo detetive para notar a nítida mudança em seu comportamento infantil do passado. Sim, ele estava diferente. Seu semblante era de alguém cansado ou mesmo arrependido. Mas mesmo assim não sabia se queria me encontrar cara a cara com ele e muito menos ter uma conversa, isso estava fora de cogitação. Eu queria acreditar que já havia o perdoado, mas isso era mais difícil do que eu imaginava. "Será que ele merece mesmo ser perdoado?" Era o que eu me perguntava por diversas vezes, afinal, ele me fazia juras de amor um dia, e no outro me abandonou. Não fazia sentido algum perdoá-lo, ele nem mesmo me pediu o perdão!

Não continuei com meus devaneios em meu quarto, porque meu pai me chamou. Corri rapidamente ao encontro dele, que estava no quintal de casa, plantando flores. Mais especificamente, tulipas e lírios! Eram de diversas cores, variando entre amarelas, vermelhas, rosas e roxas. Esse era um antigo hobby de papai, ser um exímio jardineiro. Era uma forma de agradar à minha mãe, com as flores preferidas dela, desde quando eram jovens.

— Minha Estherzinha, poderia ajudar seu velho pai aqui? Acho que estou enferrujado — abriu um sorriso amarelo.

— Claro papai! Do que precisa?

— Pegue aquela pá para mim, por favor. — lhe entreguei o que pediu e ele agradeceu — agora, sente-se aqui.

Ele apontou para um dos banquinhos mais próximos e eu me acomodei ali mesmo e o observei trabalhando. Gostávamos de passar o tempo assim, na companhia um do outro, desde quando eu era criança.

— Você sabe o significado dessa flor? — ele apontou para uma das tulipas que havia acabado de ser plantada. Balancei a cabeça, em negativa.

— Seu maior significado é o "Amor perfeito". O tipo de amor que Deus sente por nós. Já parou para pensar nisso? Um sentimento incondicional, que mesmo quando o ser humano falha, Ele ainda está apto a nos amar e perdoar, até quando não merecemos! — analisei as palavras de papai e encontrei a resposta que procurava. Mas o instiguei a falar mais.

— Esse jeito de amar é muito lindo. Mas quando sabemos que devemos liberar o perdão para alguém? Isso certamente não é algo fácil de se fazer... — ele passou a mão na testa, se livrando de algumas gotículas de suor, e respondeu prontamente.

— Realmente, não é fácil. Mas quando sentir que alguém te magoou, esteja pronto a lhe perdoar. Sempre que fizerem algo contra você, perdoe. Será mais fácil perdoar se você aprender que Jesus nos perdoou e ainda pagou o preço que nós deveríamos ter pago. Em Mateus 6:14 está escrito: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. — ele me instruía enquanto terminava de plantar o último lírio que faltava ser colocado no jardim — quando compreender o valor dessas palavras, estará com o coração livre para liberar o perdão e recebê-lo também. Essa é uma atitude de quem ama, tanto a Deus quanto o seu próximo. — ele retirou as luvas e limpou a calça suja de poeira, e eu peguei todas as ferramentas utilizadas por ele no cultivo das flores. Ele me abraçou de lado, com afeto.

— Obrigada pelas palavras, papai. Me ajudou bastante! — ele sorriu com ternura e beijou os meus cabelos. Depois, pegou as coisas que eu segurava para guardá-las, e eu entrei em casa agradecendo a Deus pela resposta, um tanto imediata e precisa.

...

Depois de entregar as atividades para casa de cada criança, me despedi dos pequenos e aguardei todos saírem enquanto me preparava para sair da sala também. O horário da escola fechar estava se aproximando. Eu arrumava os meus pertences, quando o porteiro José me informou de que um rapaz aguardava minha saída próximo ao portão. Quem poderia ser? Não estava esperando por ninguém, e Jonatas não havia me dito se estaria me esperando hoje, porque ele me oferecia carona quando saía mais cedo do seu trabalho. Curiosa, decidi me apressar para descobrir quem me esperava.

Então tive certeza de que não haveria mesmo escapatória da temida conversa, porque a pessoa que queria me ver era Victor. Contudo, quando pensei que meu coração se abalaria, uma onda de paz me inundou. Tinha algo diferente dessa vez, e sabia que se tratava da presença do Espírito Santo, que sussurrava ao íntimo do meu coração, "Não temas".

— O que faz aqui, depois de tanto tempo? — questionei ao me aproximar de Victor. Ele ergueu a cabeça, e parecia tenso e talvez incerto quanto ao que falar.

— Eu preciso explicar meus atos do passado, se me permitir. Sei que fui um tolo, mas peço que apenas me deixe tentar consertar meus erros. — seus olhos vacilantes e mãos inquietas denunciaram sua apreensão diante da maneira que estava se expondo. Diferente dos anos anteriores, sua fala não me abalava, não mais.

— Isso não será preciso, já que sua esposa me contou toda a história de vocês, há algum tempo — ele parecia temer minha reação, mas mostrou sua surpresa quando terminei minha fala: — eu te perdoo, Victor. Siga sua vida em paz, assim como farei com a minha. Cuide de sua esposa e de sua filhinha, pois elas são os maiores bens que você possui. — esbocei um leve sorriso.

— Sinceramente, eu esperava uma reação totalmente diferente desta. — ele sorriu um pouco, sem saber como reagir, assim como eu.

— Não há motivos para rancor. No coração em que habita o perdão, Cristo traz abundância de paz.

— Fico feliz por saber que você tem seguido sua vida da melhor forma possível. Eu me arrependo da forma como as coisas aconteceram, Esther. Tive um encontro o Pai Celestial assim que saí daqui para a outra cidade. Antes, eu vivia num falso cristianismo e me envergonho muito por isso, mas agora, conheço a Deus e recebi o perdão dEle. O seu perdão era o que me faltava para seguir em frente sem o peso da culpa. Que Deus te abençoe!

Victor sorria de verdade agora, o que me alegrou também. Nós despedimos e retornei para casa, contente por ter finamente resolvido as questões pendentes do meu passado.

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Olá!
Espero que tenham gostado do capítulo😊💖
Continuem acompanhando essa história, que mesmo aos trancos e barrancos (também conhecido por mim como bloqueio criativo) está se desenvolvendo.

Beijos!♡