Capítulo 14♡

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Minha mente tentava entender todo aquele ocorrido inesperado. Minhas mãos escondiam meu rosto que estava banhado em lágrimas. Depois de sair correndo para qualquer lugar onde não pudesse ser vista, me sentei num banco sentindo minhas pernas fraquejarem. Jamais imaginava que Kate pudesse pensar aquilo de mim.

"Ela estava totalmente nervosa."

"A timidez e o jeito inseguro dela podem estragar a nossa chance de ajudar as crianças do orfanato."

A quem eu queria enganar? Kate estava certa. Eu não estava pronta. Se cometesse algum deslize no concurso, por menor que fosse, eu poderia tirar a esperança de várias crianças e adolescentes que depositaram sua confiança em nós para ajudá-los. Eu não podia me dar ao luxo de tentar sabendo que poderia estragar tudo.

Ergui o olhar por um breve momento e constatei que estava na mesma praça que Jonatas me trouxe para contar sobre o concurso de bandas. Diferentemente da última vez em que estive aqui, tem algumas pessoas passeando e conversando e outras crianças brincando ao redor.

Os minutos passavam devagar, parecia que eu já havia saído à horas. Foi quando ouvi passos firmes vindo em minha direção. Me sentindo envergonhada pelo meu estado, não ergui a fronte em momento algum, temendo ser questionada pelo meu rosto que certamente não estava apresentável devido ao choro recente.

— Esther? Por que está aqui sozinha? — aquela voz firme, mas entonando preocupação, fez um tremor se apoderar do meu corpo.

— Vá embora, por favor. — minha voz falhou, me denunciando. Jonatas parou em minha frente, e pude somente observar seu par de sapatos, já que ainda estava de cabeça baixa. Ignorando meu pedido, ele permaneceu parado no mesmo lugar.

— As audições acabaram. Você foi escolhida, juntamente com Rebeca e outros novos membros — ele falou com calma, talvez esperando pela minha reação.

— Não deveriam ter me escolhido. Eu não deveria participar disso — pela primeira vez, levantei o rosto para encará-lo — eu não estou pronta para isso, você não vê? — uma lágrima solitária desceu pela minha face avermelhada.

— E o que te fez estar tão certa disso? — questionou me olhando; impassível. Pensei em uma resposta, mas não poderia dizer que estava xeretando a conversa dele com Kate.
Optei pelo silêncio.

— Não importa o que tenham te falado, se te chamei, é porque sei que você tem potencial — Jonatas falou.

— Não me falaram nada. Só penso que se eu falhar em algo, o pessoal do orfanato poderá perder a chance de melhorarem suas vidas —  imfelizmente, percebi muito tarde que falei demais.

— Você por acaso ouviu minha conversa com Kate? — Jonatas estava inexpressivo.

Meu Deus, o que eu fiz? Ele vai me odiar.

— Eu... Eu... — me senti mal por ter espionado, mas não podia mentir — Sim, eu ouvi.

— Então deve saber minha opinião à respeito disso. Não faz sentido algum ela ter falado daquela maneira sobre você — ele cruzou os braços, na defensiva.

— Nós dois sabemos que minha timidez e insegurança podem ser um problema. Por favor, peça para Regina e os outros líderes escolherem outra pessoa — eu praticamente, implorei. Ele negou.

— Você ouviu somente o que Kate falou? Não ouviu o que falei? Acreditas mais nas palavras dela do que nas minhas? — ele ainda tentava manter a calma, mesmo que suas palavras mostrassem o contrário e seu tom de voz demonstrasse mágoa. Mais lágrimas brotavam dos meus olhos sem permissão.

— Eu acredito sim... — Jonatas me interrompeu.

— Se acreditasse, não pediria isso.

— Jonatas, por favor, me ouça...

— Vamos lá, fale.

As palavras formaram um grande nó em minha garganta. Eu tentei falar, mas nada saía. Nem sequer uma palavra. Jonatas rompeu o meu silêncio.

— Não precisa falar se não quiser. Vamos embora. Prometi ao seu pai que te levaria para casa e é isso que vou fazer — me levantei, determinada a seguir junto com ele.

— Onde está Rebeca? — perguntei.

— Ela e outros jovens foram para a sorveteria — respondeu, olhando para os dois lados de uma avenida antes de atravessarmos — ela queria vir comigo para te procurar, mas eu garanti que te acharia e a levaria para casa em segurança. Mesmo hesitante, ela concordou. Nós estávamos preocupados com você.

— Me desculpe por isso, e também por ter te impedido de ir com eles para a sorveteria — falei, envergonhada dos meus atos impensados. Segui olhando fixamente para meus pés enquanto caminhava. Sentia-me um incômodo.

— Não se desculpe, o que importa é que você está bem. E eu estou aqui porque quero. Não poderia deixá-la sozinha.

— Na verdade, você poderia sim — olhei para seu rosto com cautela.

— E é isso que você queria? — pensei pouco antes de responder convicta de minhas palavras.

— Não — percebi quando o canto de seus lábios levantaram um pouco, formando um pequeno sorriso. Sem me dar conta, sorri também.

Caminhamos mais um pouco em um silêncio agradável. Jonatas sempre estava olhando para frente, como se estivesse vagando em pensamentos profundos ou simplesmente, me ignorando. Acredito que as duas opções estão certas.
Uma ventania começa a soprar, tão de repente que me tira dos meus devaneios. Cruzo os braços tentando em vão me proteger do frio.

— Já estamos perto da sua casa. Infelizmente, meu carro está na oficina, então esse é o único modo para voltarmos — Jonatas explicou.

— Não se preocupe, Jonatas, isso não é problema. Além do mais, uma caminhada não faz mal — tentei sorrir, amenizando o estranho nervosismo que me envolveu. Pensar na forma de cuidado que ele tinha comigo me deixava desta maneira. E ele continuava me protegendo, mesmo depois de provavelmente tê-lo decepcionado. Eu não compreendia o porquê, apesar dele sempre ter se mostrado solícito desde o começo da nossa amizade. Esse é um dos traços que mais admiro em sua personalidade.

Uma dúvida tomou conta da minha mente. Por quê? Era a pergunta que estava na ponta da língua, quase se tornando audível. E foi a pergunta que fiz sem pensar:

Por que, Jonatas? — questionei baixinho para mim mesma, mas por um infortúnio, ele ouviu.

— Por que, o quê? — ele indagou, intrigado. Me repreendi mentalmente, mas dei continuidade ao meu questionamento incerto.

— Por que mesmo te decepcionando, você está aqui... comigo? — fitei seu rosto atento as minhas palavras e me peguei observando sua fisionomia de traços fortes. Suas sobrancelhas grossas, seu olhos castanhos claros, imaginei as covinhas que surgiam naturalmente ao esboçar um verdadeiro sorriso e me peguei pensando em como nunca havia notado esses detalhes antes. Mais uma vez, me repreendi por pensar tais coisas e balancei a cabeça levemente para espantar pensamentos em nada decorosos.

— Você não me decepcionou — alegou Jonatas — me perdoe se te fiz pensar assim. E sobre estar aqui, é isso o que os amigos fazem, não é? — forcei um sorriso. Uma pontada de decepção me atingiu. Ignorando isso, completei sua fala que fora deixada em aberto:

— Claro, amigos — ele me lançou um sorriso e continuamos a caminhar, sem mais conversas dessa vez.

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Me desculpem pelo capítulo pequeno, garanto que o próximo será maior! :)

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Esperando o Melhor de Deus pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora