Esperando o Melhor de Deus pra Mim

Capítulo 10♡

No outro dia, acordei um pouco mais tarde. Como consequência, perdi o horário da Escola Dominical. Senti um cheiro delicioso vindo da cozinha, além de ouvir as meninas conversando entre si. Alice, Rebeca e Isadora deviam ter acordado mais tarde também. Meus olhos pesavam e pediam para dormir mais um pouco, mas eu não podia, então calcei minhas sandálias e me arrumei no banheiro que ficava no mesmo corredor do quarto. Em seguida, fui para a cozinha, mas parei ao perceber o assunto principal da conversa:

— Nós não deveríamos ficar aqui paradas, enquanto Esther certamente está passando por algo nada bom. A gente deveria procurar ajudá-la de alguma forma, não me pergunte como.— Rebeca foi quem falou.

— Também penso assim, com certeza algo está acontecendo com a Estherzinha. — Alice entonava preocupação.

— Jonatas pode nos ajudar com isso, afinal, é o melhor amigo dela. Também devemos conversar com a irmã Regina, ela sempre sabe o que fazer nesses momentos. — Isa comentou.

Senti meu coração apertado no peito. Saber que minhas amigas se preocupavam com o que eu sentia era bom, porque eu estava mesmo precisando curar minha ferida que estava aberta há anos e precisaria da ajuda delas, com certeza.

Adentrei na cozinha de uma vez e elas me encararam surpresas pela minha repentina aparição. Meus olhos lacrimejaram e eu ameacei chorar. As meninas vieram ao meu encontro e me abraçaram, todas juntas.

— "Mas a vossa tristeza se converterá em alegria." — Rebeca citou um versículo e me apeguei aquelas palavras.

— "Bem aventurados os que choram, porque eles serão consolados." — Alice falou por sua vez e me lançou um sorriso gentil.

— "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã." — Isa falou e me orgulhei por ela estar se esforçando para aprender mais sobre a bíblia.

O abraço se prolongou por mais algum tempo que não observei. Só sei que meu coração estava aquecido por aquelas palavras que chegaram no momento exato para mim. Deus sabia o quanto eu precisava ouvir tudo aquilo, eram pequenas frases, mas com um valor imensurável. Minhas amigas, apesar de tudo, eram as pessoas as quais Deus enviou para me ajudar, e eu compreendi isso naquele instante.

— Muito obrigada, meninas. Vocês são bênçãos de Deus na minha vida, agora já podem parar de me fazer chorar. — nós rimos e nos sentamos à mesa para nos deliciarmos com o maravilhoso café-da-manhã preparado por elas.

...

Na segunda-feira, eu acordei com o irritante som do despertador, me avisando do meu mais recente compromisso: volta às aulas! Apesar de nunca ter gostado de acordar cedo, isso se tornava um sacrifício menor para mim quando me lembrava do motivo: ensinar os pequeninos que alegravam as minhas manhãs. Por certo, é uma profissão bastante difícil e exige muita paciência da minha parte, mas o esforço é compensado todas as vezes. Então, sem nem mesmo ter despertado por completo, me levantei da cama e iniciei as correrias do dia.

Depois de vinte minutos no ônibus, finalmente havia chegado à escola. Com a mochila nas costas, caminhei até o pátio de entrada, sendo recebida carinhosamente pelo porteiro José, a quem retribuí com um sorriso singelo.
Cumprimentei a todos os professores e segui para a sala que daria aula naquele ano. Era uma sala mediana, com as paredes brancas repletas de desenhos e figuras ilustrativas com cores alegres e vibrantes, para chamar a atenção dos pequenos estudantes. Entrei na sala vazia, um pouco receosa e talvez nervosa. Nunca me imaginava dando aula um dia, mas Deus me surpreendeu com o chamado para ser professora.

As crianças chegaram e pouco a pouco tomavam seus lugares nas carteiras. Todas me cumprimentaram alegres ao passar, menos a última criança. Ela parecia triste. Se sentou no fundo da sala e continuou em silêncio. Vou falar com ela assim que a aula acabar, pensei.