Eu nunca tinha pensado que passaria por algo parecido em toda a minha vida. Um minuto, eu e Enny estávamos dançando, bebendo, nos divertindo. E no outro, nós estávamos correndo, em pânico. Eu nem sabia porquê, mas ouvi um barulho alto de vidro se quebrando e todos começaram a correr. Eu só segui, sem questionar, medo tomando conta de mim. Talvez depois eu risse daquilo, talvez eu me sentisse idiota de ter me preocupado tanto, de ter reagido daquele jeito. Mas, naquela hora, medo era tudo que eu tinha dentro de mim - e parecia que todos ali me entendiam.
A massa de pessoas se dirigia ao lado contrário do barulho, para o jardim. As portas ali estavam abertas e as pessoas não hesitaram em sair. Eu procurei pelo rei ou pela rainha para me guiar, mas eles já tinham desaparecido. Alguns guardas indicavam para que entrássemos em um cômodo do lado do Grande Salão. A ideia era boa, mas tinha muita gente ali e tanto o lugar, quanto a passagem que começava ali eram pequenos. O tumulto não diminui quando as pessoas tiveram que diminuir o passo para conseguir entrar e eu estava ficando muito ansiosa, já no final da fila.
Eu era umas das últimas. E os últimos ainda estavam no Grande Salão. Por mais que o pânico os fizessem querer entrar o máximo que dava, empurrando quem estivesse na frente, não era fisicamente possível fazer todos nós cabermos ali.
E eu fui ficando cada vez mais nervosa. Eu batia o pé, pedia para eles irem mais rápido, como todos do meu lado. Mas nada mudava, estava indo devagar demais. Alguns guardas seguravam a porta do Grande Salão, mas eles não pareciam que iam conseguir aguentar por muito tempo. E outros tentavam trazer as pessoas que tinham pensado em sair para o jardim de volta para dentro. Nós éramos ratos, encurralados, inofensivos e à mercê de quem nos atacava. E eu não aguentava mais aquilo! Eu estava me coçando de nervosismo, de claustrofobia. Eu queria subir pelas paredes, me perdurar no candelabro, sair dali! Qualquer coisa, menos esperar enquanto aquelas pessoas lerdas não saíam da minha frente!
Andei mais dois passos e aquilo foi a gota d'água. Eles podiam ficar ali, tentando ver quanto tempo tinham até os guardas não aguentarem mais. Mas eu precisava sair. Eu precisava tomar conta de mim mesma.
Eu peguei a minha saia do melhor jeito que podia e me agachei só o suficiente para passar entre a porta e uma mulher que estava entrando. Um guarda me avistou e gritou para eu voltar para dentro, mas eu já tinha meus olhos no jardim e nada ia me fazer parar.
Eu nunca tinha corrido daquele jeito! Minhas pernas tinham tomado vida própria! Elas não sentiam nada, não se abalavam. E elas tomavam conta da minha cabeça, não me deixando questionar a minha ideia nem um segundo.
Eu bufava e meus olhos lacrimejavam com o vento que batia. Mas eu não parei até entrar na floresta. Minhas botas estavam aguentando bem o chão desigual e cheio de galhos, mas uma hora eu tentei pular um maior e virei meu tornozelo sem querer. Eu já não conseguia andar tão bem e pela primeira vez, eu parei e olhei para trás.
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Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]
Fanfiction(Fanfic - A Seleção/Original) Vinte anos após a seleção de Maxon, o romântico Charles é o novo herdeiro do trono de Illeá e está pronto para a sua seleção. Já seu irmão Sebastian é sedutor e misterioso e não acredita no amor. Porém tudo pode mudar q...