"Está tudo bem," ela disse do nada e eu virei meu rosto para olhá-la. "Lá fora, está tudo bem."
Eu sorri pelo seu otimismo, mas não estava convencido. "Você não sabe disso," falei."
"É, não sei," ela concordou, para a minha surpresa. "Mas ficar pensando no que poderia acontecer não vai ajudar. Se alguma coisa acontecer, a gente vai descobrir mais cedo ou mais tarde. Não tem porque ficar sofrendo por isso agora."
Dei de ombros, ainda não convencido. Eu gostava que ela estava tentando me animar, e a cada palavra doce sua, eu me lembrava da sua carta. Mas não conseguia esquecer de que alguma coisa poderia sim estar acontecendo lá fora.
E poderia ser alguma coisa grande, enorme. Eles tinham esperado anos para atacar de novo e tinham escolhido logo a época da Seleção para invadirem o castelo. Não podia ser alguma coincidência, tinha que ter alguma coisa aí. E eu só conseguia pensar que era porque eles queriam chegar até Charles, eles queriam lhe tirar o trono. E se eu perdesse o meu irmão, eu perdia tudo. Ele era meu melhor amigo, a pessoa mais importante no mundo para mim. Eu não conseguia nem imaginar minha vida sem ele. Eu precisava saber se ele estava bem. Eu precisava ter a chance de ajudar se ele estivesse ferido.
Por um segundo, eu esqueci de todas as coisas boas que eu tinha e comecei a sentir como se o medo fosse tomar conta de mim de novo. Estava quase me virando para Nina e pedindo para que ela entrasse em pânico de novo para me fazer esquecer de mim mesmo, quando ela levou sua mão até meu rosto e afastou um pouco do meu cabelo.
Eu não estava esperando aquilo, mas não questionei. Pelo contrário, seu toque era delicado e leve, bastante reconfortante. Eu fiquei pedindo na minha cabeça para que ela não parasse, para que continuasse. Até fiquei um pouco preocupado em fazer algum movimento que a assustasse ou a fizesse pensar que eu não tinha gostado.
Seu dedo começou a traçar meu rosto de leve e eu fechei os olhos, tentando aproveitar o máximo que dava do seu toque. Eu me concentrei em sua respiração, pensando mil vezes nas palavras que ela tinha falado na sua carta.
A verdade era que eu não tinha pressa. Eu a queria comigo, e como! Mas eu queria cada segundo do lado dela. Eu queria ver o que ela faria, o que ela queria de mim. Ela não sabia que eu tinha lido a carta e eu não estava disposto a contar. Eu queria mesmo era ver se ela me falaria alguma coisa primeiro, se ela é que me beijaria.
Eu não estava pensando direito, só deixei com que fizesse comigo o que queria. Eu gostava que ela se importava comigo. Não só para me escrever o que estava bem guardado em meu bolso, mas para conseguir engolir seu próprio orgulho e me consolar. Algum de nós tinha que ser forte assim, não é?
Eu estava ficando cada vez mais calmo, cada vez mais distraído. Até que ela parou com o seu carinho. Eu abri os olhos um milésimo de segundo antes dela se inclinar para mim. Eu achei que ela fosse me beijar, mas seus lábios pousaram em meu rosto de leve. Quando ela se afastou, eu ainda a olhava, confuso. Mas logo baixei os olhos, com medo de que ela achasse que aquilo significava que eu não queria seu beijo.
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Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]
Fanfiction(Fanfic - A Seleção/Original) Vinte anos após a seleção de Maxon, o romântico Charles é o novo herdeiro do trono de Illeá e está pronto para a sua seleção. Já seu irmão Sebastian é sedutor e misterioso e não acredita no amor. Porém tudo pode mudar q...