Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]

Capítulo 142: POV Sebastian Regen

Eu corria pelos corredores, meus passos ecoando pelo castelo. Precisava conseguir trazer Nina de volta, eu não conseguiria esperar mais nem um segundo! Eu precisava dela ali, do meu lado. Naquele dia, naquela hora. Eu queria berrar até ecoar em todos os corredores que eu estava livre, que eu a amava, que eu a queria! Mas eu precisava que ela ouvisse! Eu precisava dela ali!

Estava passando pela entrada principal quando dei de cara com Gabrielle. Se eu não tivesse me desviado no último segundo, ela teria passado o resto do dia com o rosto roxo.

"Uou, eu espero que toda essa energia seja por uma boa notícia," ela disse, respirando rápido do nosso encontro.

"E é," eu falei, voltando já a andar. "E é!" Eu gritei já a vários metros de distância.

Eu voltei a correr com vontade, sentindo minhas pernas deixarem o chão e chegarem o mais alto possível. Eu nem sabia direito aonde eu ia. Não conseguia pensar direito, não sabia se seria melhor eu mesmo entrar num helicóptero ou mandar alguém. Eu não sabia o que falar, se eu deveria simplesmente largar tudo e fugir atrás dela, ou se eu faria alguma coisa mais planejada.

Estava começando a subir as escadas laterais para ir atrás de meu pai, quando passei por uma janela que dava para a igreja. E lá, atrás dela, estava minha pista de skate. Bem longe, quase imperceptível para quem não estivesse na mesma altura que eu.

E foi quando eu tive a ideia perfeita.

Ouvi o sino da igreja bater cinco horas, mas eu nem sabia quanto tempo fazia que eu estava ali. Parecia que anos tinham se arrastado em volta de mim e eu ainda estava ali, andando de um lado para o outro, empoeirando o desenho que me tinha custado tanta tinta e trabalho. Eu sabia de alguns defeitos, como o nariz dela que eu não parecia nunca conseguir acertar. Mas eu tentava ignorar. Não dava para eu arrumá-lo ali, naquela hora. Eu precisava esquecer e focar no que eu ia falar.

Ai, meu deus. O que eu ia falar? O que eu podia falar? Como eu ia falar? Como eu poderia convencê-la? Como eu ia me explicar? Será que ela ainda me queria, depois de tudo? Por que ela iria me querer? E se ela já tivesse se acostumado tanto a viver sem mim que já nem fizesse diferença se eu ia me casar com Amélie ou não? E se eu ficasse ali esperando para sempre e ela não aparecesse?

Eu até tinha levado meu skate para passar o tempo, mas meu nervosismo me fazia só o ver como um objeto bem propenso a ser destruído caso eu fosse abandonado. Eu já podia ver o sol começando a se pôr e tudo só me deixava ainda mais ansioso.

Ela não viria, eu percebi de repente. Ela não viria. Ela não me daria os cinco minutos que eu tinha pedido. Não era de se espantar, eu não a merecia. Depois de tudo, de TUDO, o que eu queria? Que ela fosse simplesmente estar me esperando como eu a esperava? Ela podia ter quem ela quisesse, qualquer cara que não fosse idiota o suficiente para ter feito o que eu fiz, para ter arriscado como arrisquei. Ela conseguiria alguém muito melhor, se já não tivesse conseguido. Ela realmente podia ter quem quisesse, ela encontraria fácil um cara que a visse maravilhosa como ela era. Qualquer cara que não a fizesse passar pelo que eu tinha feito a merecia muito mais.

Ela não viria. Eu já estava começando a me conformar com essa ideia quando o sol começou a desaparecer por completo no horizonte. O céu ainda estava relativamente claro, ainda daria para ela ver o desenho. Se ela viesse. Porque ela não veria. Ela já tinha me esquecido, já tinha percebido que eu não a merecia.

Se pelo menos ela viesse! Se pelo menos ela me desse uma chance! Uma última chance de tentar provar que eu faria qualquer coisa-

O barulho do helicóptero cortou meus pensamentos como faca e eu me virei para ver de onde vinha. Lá estava ele, aparecendo atrás do castelo com calma e cuidado. Eu apertei meus olhos, tentando enxergar dentro dele, mas era inútil. Enquanto meu estômago dava voltas dentro de mim, eu rezava na minha cabeça para ela estar lá dentro.