1 ° Três dias antes.

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》O trailer da história é o vídeo acima《

Lawrence, Kansas;
Por Jane.

               Já se passava da meia noite quando deitei para dormir, e mais duas horas depois continuava à encarar o mofo no teto, ao lado da porta do quarto. Encarei todos os detalhes do quarto à procura do sono. Virei pela enésima vez na cama, agora encarando a janela coberta pela cortina cor vinho, que arrastava no chão com o vento que batia na mesma, pela janela não poder mais ser fechada completamente. Estava quebrada. Assim como eu.
               Parece que tudo nesse apartamento não está mais funcionando como deveria, e talvez eu deva despejar a culpa em mim mesma, por não arrumar um trabalho melhor, ou não ser boa o suficiente para isso. Na verdade, eu me sinto confortável com o meu pequeno e humilde lar não sendo perfeito, é um fato normal para mim tanto quanto gostar de passar uma noite de sábado em casa. Eu consegui toda essa porcaria sozinha e com meus esforços, e tenho orgulho disso.
                A última prova da faculdade será amanhã, e exigi tanto de mim mesma que minha mente entrou no modo automático, resultando nas mais armaguradas insônias.
O que será que Jake estaria fazendo agora? Paquerando uma garota linda e problemática? Pela hora, devia estar mesmo. Nunca que ele passa um sábado em casa à noite. Meu irmão não toma jeito nunca, mas eu gosto que ele se divirta, já que eu não tenho gosto pelo o mesmo hobby.
               Mirei o aparelho smartphone repousando na minha mesa de cabeceira, pensando se devia cutucar as redes sociais até o sono chegar. Mas, pensando bem, isso nunca acontece... Chega à ser ridículo a vontade que estou de xeretar as atuais fotos que meu, não mais tão amado, ex-namorado David tem postado, com a... Madison? Meridit? Algo assim.
                Quem sou eu para comparar qualidades entre as pessoas. Com certeza ela deve ter um trabalho mais digno que o meu, e também cozinhar melhor do que consigo. Seu cabelo provavelmente é mais macio, e ela dedica mais horas de exercício físico do que eu poderia gostar de fazer um dia. Ela tem, com certeza, jm desenpenho muito melhor do que o meu na cama, ou ele não teria me traído.
Mas, eu não sou tão ruim assim. Uma garota quase recém formada da faculdade, cursando Letras, cheia de sonhos e com boas expectativas para o futuro, e que pretende lutar para conquistar cada degrau que pretende subir; alguém que se esforça para ver o bem nas coisas mais distantes e sem esperança, que transformou um velho apartamento escuro em um belo recinto aconchegante, e claro, com personalidade; alguém que lhe faz ficar em equilíbrio entre o fogo da paixão, e o frescor de uma bela manhã de domingo. Essa sou eu, intensa e indefinida.
                  E um dia eu serei o suficiente para alguém.
                  E lá se vai mais uma hora, com a boa e velha procrastinação.

— Foi só 0,75 à menos! – informei, tentando tirar a expressão de tristeza do rosto da minha amiga.

— Diz isso porque já está com seu diploma garantido... – Me virei de novo para a ruiva. — Tenho que entregar mais um trabalho amanhã pra compensar. Eu não sei mais de onde tirar forças pra mais uma noite de apostilas e café!

— Posso passar na sua casa depois de fechar a loja, levo uma pizza pra gente e te ajudo com o trabalho! – Jogo a ideia, já sabendo que ganharei um sim.

— Já disse que te amo hoje? – Me apertou em um abraço mais bruto do que carinhoso, me fazendo rir.

— Tenho que ir, Kate, até às sete! – Voei para a porta da saída, dando graças aos céus pela chuva ter dado uma trégua.

                Tenho uns quinze minutos para chegar na Joy's, e já me sinto ofegante por andar uma quadra. Apertei meus passos checando pela quinta vez o relógio de pulso, presente da minha adorável mãe, a lembrança mais carinhosa que tenho dela, “Talvez você pare de se atrasar agora” ela disse ao me entregar.
                 Assim que atravessei a penúltima rua para chegar ao meu destino, um homem parado do outro lado da rua me chamou a atenção, ele era o único que estava parado, já que era uma avenida bastante movimentada. Ele parecia observar a correria dos outros, ou só a minha, já que seus olhos pareciam me seguir. Sua aparência denunciava uns trinta à trinta e cinco anos de idade eu diria, cabelos escuros e um sobretudo cor caramelo claro. Virou-se completamente para mim assim que se estabeleceu umaa conexão entre nossos olhares, notando que eu também passei a observá-lo curiosamente.
               Entretanto, já estava no terreno de entrada da loja quando noto que sua presença já não existia mais ali do outro lado da rua, o procurei com os olhos por alguns segundos, enquanto também procurava as chaves na bolsa, porém não encontrei o homem. Ignorei completamente o ocorrido entrando de vez no estabelecimento.

A Casca Perfeita | SOBRENATURALOnde histórias criam vida. Descubra agora