8° Um voto de confiança

148 19 7
                                    




Em algum lugar;
Por Jane;

Um zumbido longe chama a minha atenção. Minha cabeça dói, e meus olhos ardem assim que tento enxergar o que estava acontecendo comigo. Meu corpo está sendo erguido por outro, sinto o calor de alguém me aquecer sutilmente.
Sinto pontadas fortes na barriga, um gosto metálico e enjuoso na boca. Sangue. Minhas mãos apertam minha própria camisa, e novamente tento abrir os meus olhos. O balanço de cada movimento fazia-me sentir ainda mais dor, mas mesmo assim consigo identificar quem me carregava. Com seus olhares atentos para os lados, sua barba levemente aparada penica rapidamente minha testa. Tento chamá-lo, mas não tenho forças. Tudo o que sai da minha garganta são meros ruídos.

- Sammy, anda logo - ele fala, meio assustado. A sombra de outro alguém passa ao nosso lado. Dean me pressiona em seus braços, assim que sinto o acochoado do banco de trás. - Está consciente? - aceno devagar que 'sim'. - Menos mal...

- Tenta ligar para o Castiel, seria melhor e mais eficiente que um hospital - identifico a voz de Sam, enquanto o motor do carro range.

Assim que ele acelera com tudo, meu corpo tomba para o lado, e minha cabeça bate no vidro da porta consequentemente. Dean me puxa para o seu lado, reencostando meu corpo mole ao seu, e, instantaneamente, sinto-me envergonhada pelo o ato, pois não somos íntimos assim, e mal nos falamos direito.

- Anda, Cass... - ele reclama baixo. - Castiel, precisa vir pra cá, é urgente... - ele agora grita. - Não importa, vem logo!

- Estamos fora dos limites de Downs, ao lado do... - Sam dita nossa localização.

- O que aconteceu com vocês? - ouço outra voz ao meu lado, onde o banco devia estar vazio. Olho de relance, e logo reconheço o sobretudo cor caramelo. O breve susto me causa mais dores, e então mais gemidos.

- Fica calma - Dean me pede, sutilmente. Por que ele estava tão preocupado comigo? Ele não gosta de mim.

- Pode ajudá-la? - Sam grita.

Castiel se vira para mim, e com isso posso vê-lo melhor. Ele sorre, como se quisesse me reconfortar. Sua mão sobe até meu rosto, seus dedos tocam minha testa. Fecho meus olhos. Se era a cura instantânea, que usara em Dean outro dia, eu aceito de bom grado. Desejei que logo passasse essa dor incessante por todo o meu corpo, especialmente na barriga e na cabeça. Contudo, o processo parecia demorar. Abro meus olhos em busca de respostas, e encontro a feição confusa de Castiel.

- Tem algo errado... - ele adverte, e Dean se inclina para ele.

- Por que não está curando?

- Acho que ela não responde à minha cura angelical... - Sempre sortuda.

- Então pisa fundo, Sammy! - Dean deita minha cabeça devolta em seu peito. E seu carinho era tão bem vindo, seus toques soavam tão reconfortantes para a dor que me atormentava.

- Pode deixar!

- Minha... - forço mais uma vez, mas não consigo formar uma frase sequer sem que minha garganta reclamasse.

- Não se esforce, você vai ficar bem - Dean me adverte, e então escolho me entregar ao sono mais uma vez, assim que a escuridão toma toda a minha visão.



...






- ...talvez, mas não é certeza que irá funcionar - escuto longe. Parecia que minha mente despertava de um sono profundo, eu ainda me sentia fraca e pesada o suficiente para não poder me mover. - Eu fico com ela e você vai.

- Mas você sempre diz que eu não faço direito...

- Só vai, Sammy! - eram eles. Ainda que minhas pálpebras pesassem, consigo estendê-las. A imagem para mim ainda é como um borrão branco. - Olha!

- Jane? - meus olhos caem em direção das vozes, e a imagem dos dois começa a ficar nítida. - Oi! - um alívio repentino toma conta de mim curiosamente, ao reconhecer Sam e Dean.

- Nunca achei que diria isso, mas... - eles se aproximam. - é bom ver vocês. - eles riem.

- Nos deu um susto! - Sam brinca.

- Por quê?

- Você levou uma surra, menina - Dean argumenta, como se me advertisse.

- Deviam terem visto a outra garota!

- Pois é, estamos orgulhosos por ter se defendido, derrotou seu primeiro demônio! - Sam me acaricia no ombro.

- Os olhos pretos... - recordo-me da imagem repugnante.

- Não pensa nisso agora... - eles se entreolham. - Vai lá resolver aquilo! - Dean fala para seu irmão.

- Depois volto, fica bem - Sam logo se vai.

- Onde estamos? - questiono, quando nossos olhos se encontram. Ele parecia preocupado.

- Num pronto-socorro de Downs, você vai ficar bem, mas quebrou uma costela.

- É, eu imaginei.

- Sinto muito - seus olhos demonstraram pena.

- Não é sua culpa e, como você mesmo disse, eu vou ficar bem - sorri.

- Eu insisti pra você vir com a gente. - Ele passa a mão na nuca, como se tivesse sem jeito.

- Dean...

- Na verdade, eu sinto muito por tudo, por tratar você mal... - sua boca tremeu. Seus olhos me encaram como se realmente estivesse com a consciência pesada.

- Dean, está tudo bem, acredite, vocês conseguiram virar o jogo e agora estamos todos bem! Quer dizer... Onde está Castiel?

- Está revistando a casa em que estávamos, e verificando se todas as pessoas sequestradas estão bem.

- Sequestradas?

- Elas iam serem possuídas, os demônios estão formando um exército - ele sentou ao lado da minha maca.

- Um exército de demônios? - ele assentiu. - Por que estão fazendo isso?

- Vamos deixar esse papo para uma outra hora, mocinha - ele sorriu ladino, conquistando minha atenção. Agora olhando bem, Dean era um homem muito bonito. Seus olhos verde-claro conseguiam fisgar a atenção dos meus em meros milésimos à admirá-los. - Está com fome?

- Talvez... - ele riu.

- Vou trazer algo pra gente, enquanto isso, descanse, a única coisa que deve pensar agora é em se recuperar. - Assenti, meio envergonhada por estar perto dele. Eu devia estar com uma aparência horrível.

- Obrigada, Dean - ele acenou e saiu.















©

A Casca Perfeita | SOBRENATURALOnde histórias criam vida. Descubra agora