Capítulo II

675 84 59
                                    

Dando-se por derrotado, Peter suspirou e tirou de seu cinto um punhal e pôs-se a fazer o que lhe fora incumbido.

Com alguma dificuldade tentava tirar a casca da batata o mais fina possível, o que estava se mostrando mais complicado do que se esperava.

Tony observou em silêncio o que o garoto fazia, até que lhe aborreceu o fato de que a lâmina do punhal estava praticamente cega, o que lhe conferia todo o custo em descascar uma simples batata. Incomodado com este fato, Tony simplesmente tomou o punhal das mãos do garoto e foi em direção à uma de suas bolsas.

— O que…? — Peter disse confuso, alternando seu olhar de sua mão vazia para o homem que agora remexia o interior de uma das várias bolsas de couro que possuía.

Será que estava descascando a batata tão errado que isso bastou para irritar o Stark?

— Como pôde deixar uma lâmina dessas neste estado? — Tony questionou com uma nota de indignação em sua voz, enquanto voltava para junto do fogo. — Um punhal desses… e de prata! E você ousa deixá-lo cegar?

Sem saber o que dizer, ou se deveria dizer algo, Peter observou em silêncio o homem passar de maneira experiente uma pedra de amolar em toda a extensão da lâmina, dos dois lados, até se dar por satisfeito e a devolver para si.

O garoto então examinou o resultado, passando o polegar levemente pela lâmina, impressionado, pois nunca a vira tão afiada.

Sem dizer nada ele voltou a sua tarefa, com muito mais facilidade agora, tirando as cascas com leveza e as descartando no chão ao seus pés.

— Onde conseguiu um punhal desses? — Tony perguntou, despreocupadamente cutucando o fogo com um graveto.

— Pertencia ao meu pai.

Fora a única coisa que o garoto disse, sem nem ao menos mover seu olhar para o outro, que não perguntou nada mais.

Terminada finalmente sua tarefa, ele entregou as batatas ao Stark, que as fatiou em pedaços menores e os jogou na panela com água fervente, mexendo tudo com uma colher de pau.

Peter então decidiu que agora, como prometido, poderia em fim se dedicar a tarefa a qual fora incumbido nessa viagem: a de fazer o mapa do caminho entre a floresta. Pegou em sua bolsa um pergaminho novo e começou nele um breve rascunho do trajeto que fizeram até ali, seguindo as anotações que tomara durante todo o dia, e se deixando distrair pela tarefa enquanto o Stark adicionava algumas ervas e especiarias na panela, tal como alguns pedaços de carne seca que trouxera.

Peter só abandonou seu trabalho quando sentiu sua barriga roncar em fome, estimulada pelo aroma que desprendia do cozido que o Stark fazia.

Quando a comida ficou finalmente pronta já era noite, as estrelas brilhavam no céu escuro tal como a lua crescente, e a única luz que os iluminava era a provinda do fogo, este sempre bem alimentado por Stark, que o adicionava lenha periodicamente para que suas chamas não se apagassem.

Bem servido com uma vasilha de madeira bem cheia, Peter saciou sua fome, lambendo os lábios ao final e soltando um quase inaudível gemido em deleite, constatando que Stark era um bom cozinheiro.

Tony se permitiu um leve curvar de lábios ao constatar o quão bem apreciada sua comida havia sido. Sabia que cozinhava bem, e não era nem um pouco humilde quanto a isso.

Com as barrigas cheias após jantarem, Tony apagou o fogo e estendeu sua capa no chão, logo deitando-se sobre ela, tendo Peter a repetir seus atos do outro lado do amontoado de brasas quentes. Graças ao cansaço do longo dia, sem muito tardar estavam os dois dormindo a sono solto.

Along The Way | StarkerOnde histórias criam vida. Descubra agora