Capítulo IX

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Com os olhos bem fechados Peter aguardou o golpe final. Golpe que nunca veio, pois tudo o que ouviu foi um alto ganido antes de sentir o animal depositar todo o seu peso sobre si.

Naquele momento, ainda trêmulo dos pés à cabeça, Peter abriu os olhos vendo imediatamente o focinho do lobo diante de seu rosto, e demorou alguns instantes até que se desse conta de que o bicho estava morto.

De repente, com o coração novamente aos saltos, ele ouviu o farfalhar de passos rápidos sobre as folhas secas, mas relaxou ao ver que era somente Tony correndo em sua direção com o arco em mãos. Olhou mais atentamente para o animal morto sobre si, percebendo só agora a flecha atravessada em seu flanco, a qual provavelmente lhe atingiu o coração. Suspirando aliviado, Peter se deixou amolecer sobre o chão, deitando sua cabeça e fechando os olhos, ignorando a dor latente do corte que lhe sangrava e do tornozelo torcido.

— Você está bem, garoto? — Tony perguntou ao se aproximar um tanto ofegante.

Peter nada respondeu, apenas assentiu, uma vez que somente o ato de respirar já lhe era doloroso, seus pulmões pareciam queimar toda vez que ele puxava ar, tentando reaver sua respiração normal. Seu coração não ficava muito atrás, batendo desenfreado em seu peito, como se a qualquer momento pudesse lhe sair garganta acima.

Tony então tratou de rapidamente remover o bicho morto de cima de Peter, que puxou longamente o ar com um pouco mais de facilidade agora, e olhou atentamente o menor, deixando seu olhar passar por cada canto de seu corpo totalmente trêmulo, se demorando um pouco mais na ferida aberta de onde uma quantidade significativa, mas não muito alarmante, de sangue escorria.

— Consegue ficar em pé? — Perguntou preocupado. — Temos que voltar ao acampamento.

Peter então se forçou a levantar auxiliado pelo Stark, mas gemeu de dor assim que seu pé esquerdo tocou o chão, enviando para todo o seu corpo a dor latente vinda de seu tornozelo, o que quase o fez ir ao chão novamente, mas o que impediu a queda foi o rápido ato do mais velho, que o amparou a tempo.

Vendo a situação do garoto, Tony pegou seu braço esquerdo e o passou por sobre seus ombros, usando o seu direito para segurar firmemente o jovem pela cintura, o auxiliando a ficar em pé e caminhar lentamente até a clareira.

Enquanto se afastavam, Tony deu uma boa olhada no lobo morto no chão, pensando que Peter tivera sorte pelo bicho estar tão magro.

Fora uma longa e dolorosa caminhada lenta até o acampamento, a cada movimento Peter sentia seu tornozelo pulsar em dor, e rezava internamente para que não estivesse quebrado, assim como esperava que o arranhão na coxa não fosse tão profundo.

Quando finalmente voltaram a clareira, Tony com cuidado largou Peter sentado em uma pedra ao lado do rio e inspecionou superficialmente a ferida que sangrava pelo rasgo que ficara na calça, decidindo que não era tão séria mas que mesmo assim não dispensava uma boa bandagem.

— Tire a calça — disse o Stark, se ajoelhando ao lado de Peter.

— O quê? — Questionou, repentinamente sentindo as bochechas esquentarem. — Por quê?

— Como quer que eu limpe e enfaixe sua perna com a calça em cima? — Tony suspirou. — Anda, garoto.

— Mas não dá para fazer isso sem que eu precise ficar nu? — Envergonhado, Peter perguntou, sem coragem para olhar no rosto do homem.

— Você não precisa ficar nu, somente sem calça — Tony falou mais incisivo, aos poucos perdendo a paciência. — Garoto, tudo o que você tem eu também tenho. E maior, provavelmente. Agora tira essa calça ou eu não ajudo mais.

Along The Way | StarkerOnde histórias criam vida. Descubra agora