Capítulo VIII

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Se afastando rapidamente Tony correu em direção a panela, deixando um Peter envergonhado e desconcertado para trás.

Ao se aproximar, tratou de tirar a panela de sobre as brasas quase totalmente apagadas, abanando a fumaça mal cheirosa com a mão. Vendo que o jantar não tinha mais salvação, Stark simplesmente largou a panela queimada no chão e olhou para Peter, que passado o momento de embaraço se pôs a rir de toda a situação, sendo acompanhado por Tony.

— Está rindo de quê? — Tony falou, tentando reaver a seriedade. — Você quem vai limpar o carvão que virou nosso jantar.

— Por que eu? — Protestou Peter, perdendo gradativamente o riso.

— Porque eu estou mandando — respondeu. Então tomou o aro quente da panela com o auxílio de uma tira de pano e a entregou a Peter. — Lave isso para eu poder cozinhar outra coisa.

Um tanto emburrado, mas ainda se sentindo divertido, Peter seguiu até a margem do rio e se pôs a raspar a comida queimada do fundo do utensílio, voltando para junto de Tony somente quando se deu por satisfeito com a limpeza. Enquanto isso o Stark se entretia com a função de reanimar as chamas quase extintas do fogo, rearrumando o suporte da panela, e a posicionando em seu lugar quando esta lhe fora devolvida por Peter.

— Vá buscar os cavalos — Tony mandou, enquanto colocava alguns ingredientes para ferver na panela. — E traga minhas coisas também.

Peter então se pôs a fazer o ordenado. Caminhou até onde os cavalos foram deixados livres para aproveitarem o sol – que agora já havia se escondido totalmente no horizonte –, e os tomou por suas cordas, os puxando até onde Tony deixara sua espada, aljava e arco sobre a grama, para finalmente retornar até a borda da floresta, prendendo os animais em árvores e devolvendo à Tony seus pertences.

Um tanto cansado por conta do treino com Stark, Peter se sentou em uma pedra próximo ao fogo, e em silêncio, assistiu o homem mais velho mexer o jantar que sequer começara a ferver ainda. Quando o silêncio se tornou incômodo, Tony desviou o olhar do garoto para sua espada encostada ao seu lado, e teve uma ideia para entreter o jovem que se remexia desconfortavelmente em sua frente, e vez ou outra cutucava o fogo sem ter o que fazer, porque isso o estava começando a irritar.

— Por que não pega sua espada e treina uns golpes em alguma árvore? — Tony propôs subitamente, atraindo a atenção de Peter. — Vai ser bom para se acostumar com o peso dela.

— Está bem — Peter deu de ombros e se levantou.

Pegando sua espada, ele a tirou da bainha com um característico silvo metálico e se encaminhou até uma árvore próxima, de modo que ela ficasse visível na noite por conta da luz provinda do fogo.

— Use os golpes que treinamos — falou Tony. — E não tenha dó da lâmina, se ela ficar muito danificada, quando chegarmos a Zahod eu lhe compro outra. E a coloco na conta do Rogers, é claro, pois ninguém mandou ele enviar uma criança despreparada para uma missão dessas.

Peter, com um bico nos lábios, murmurou alguma coisa sobre não ser mais criança antes de se pôr a golpear a árvore de vários ângulos e formas diferentes. Mesmo que estivesse cansado pelo dia de viagem e exausto do treino, ainda lhe restava alguma energia, que somada ao seu empenho lhe dava motivação suficiente para continuar a treinar, mesmo seus braços protestando e implorando por um descanso. A cada golpe e estocada que dava, pequenas lascas de madeira se desprendiam da árvore, e em contrapartida a lâmina da espada não ficava muito atrás, formando leves falhas e vincos em sua extensão, mas nada que fosse o suficiente para a inutilizar.

Peter somente se deixou descansar quando o aroma de comida chegou ao seu olfato fazendo seu estômago roncar alto, então com um suspiro ele embainhou a espada e secou o suor da testa com a manga longa da camisa, pois há muito já havia se desfeito da pesada capa e casaco grosso de viagem.

Along The Way | StarkerOnde histórias criam vida. Descubra agora