Capítulo VI

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Tony suspirou olhando de um corpo para o outro caídos no chão, pensando no que faria com eles, então decidiu que por ora somente os arrastaria para um canto mais afastado, deixando para o dia seguinte a tarefa de livrar-se deles direito, já que não queria deixar Peter sozinho à noite.

Empilhou um sobre o outro depois de recuperar sua flecha do primeiro homem, para em seguida recolher sua faca e o punhal de Peter do chão, os limpando superficialmente do sangue que lhes manchava, então embainhou sua espada e finalmente foi se deitar para dormir.

Esticou sua capa e deitou-se próximo de onde o garoto estava, então virou-se para olhá-lo, constatando que este ainda estava acordado.

— Senhor Stark — começou Peter. — E se houver mais homens por perto?

— Aí estamos fodidos — Stark disse, na esperança de quebrar um pouco o clima tenso, mas reassumiu o tom sério ao ver que isso não teve efeito algum em Peter. — Bem, podemos alternar turnos de vigília, se isso o fizer sentir-se melhor.

— Acho que fará, senhor Stark — concordou, então sentou-se, apoiando as costas na árvore sob a qual estivera deitado. — Eu posso começar vigiando.

— Tudo bem. Eu vou dormir um pouco então, mas me acorde caso ouça qualquer coisa, entendeu? — Tony instruiu com sua voz soando séria. — Qualquer coisa mesmo.

Peter assentiu, então o Stark virou-se para o outro lado e fechou os olhos, deixando o cansaço do dia tomar conta de si e lhe conduzir gradativamente a um sono pesado e sem sonhos.

Enquanto isso Peter se mantinha alerta a qualquer mínimo ruído ou movimento por entre as árvores. Sentia-se inquieto e sem sono, e fora justamente por causa disso que se oferecera para vigiar primeiro, sabia que não ia conseguir dormir tão cedo de qualquer modo, pois toda vez que fechava os olhos, as imagens do homem morrendo lhe tomavam conta como se gravadas a fogo em suas pálpebras, lhe fazendo sentir horrível por ter findado sua vida daquele jeito, e pior ainda pela possibilidade de que Tony tivesse morrido no lugar dele.

Olhou então para o Stark, ao seu lado ele ressonava em meio ao sono, e parecia tão calmo que isso incomodou Peter, pois como ele podia dormir assim depois de tudo o que aconteceu? Depois de ter matado um homem, quase ser morto e ver outro morrer em sua frente, como ele podia parecer tão tranquilo?

Peter não sabia, mas gostaria de saber. Estava cansado e gostaria de dormir, mas tinha medo de fechar os olhos e se ver matando um homem novamente.

Céus! O que os padres pensariam de si quando lhes contasse o que aconteceu? Porque é claro que contaria, seria a primeira coisa que faria ao chegar: ir se confessar e torcer para ser perdoado.

Olhou então para o céu escuro e soltou um longo bocejo. Abraçou a si mesmo e buscou por uma posição confortável contra a árvore para se acomodar durante sua vigília, então, sem perceber, logo seus olhos começaram gradativamente a pesar e sua mente a ficar nublada, não tardando em adormecer.

Quando Tony acordou, já na manhã seguinte, o sol mal havia começado a nascer. Então ele levantou e esticou as juntas, as ouvindo estalar. Bocejou e passou a mão pelo cabelo, tirando as folhas e sujeira do chão presos a ele. Parou por um momento e pensou no que faria com os cadáveres da noite anterior, então decidiu que apenas os arrastaria para dentro da floresta e deixaria a natureza se encarregar do resto.

Já estava se encaminhando para junto dos corpos quando um leve gemido de Peter lhe chamou a atenção, então franziu o cenho e se aproximou do garoto, notando que este possuía a testa brilhando em suor e os cabelos úmidos grudados, e se remexia inquieto em meio ao sono. Não demorou muito para que percebesse que o mais novo estava tendo um pesadelo.

Along The Way | StarkerOnde histórias criam vida. Descubra agora