Capítulo X

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Gente eu adorei escrever esse capítulo ♥ espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei ♥ boa leitura

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O ambiente estava quente, mas Peter se sentia frio. Ou talvez o tempo estivesse frio, e Peter, quente. Não saberia dizer, tudo estava tão confuso. Sua única certeza era o destoar de sensações, pois tudo estava tão escuro que não podia nem mesmo ver um palmo a sua frente, o que deixava Peter nervoso e assustado. Levou alguns instantes confusos até concluir que se encontrava no meio da floresta totalmente sozinho, o ar frio, carregado e úmido lhe entrava com dificuldade nos pulmões, e era como se estivesse se afogando em terra. Desesperado, o garoto tentou fugir, na esperança de que se saísse dali encontraria um local seco e quente, onde respirar com tranquilidade fosse mais fácil. Tentou correr, mas não podia sair do lugar, e foi tardiamente que percebeu um grosso caule de trepadeira lhe envolver o tornozelo, suas espirais folhosas apertando-o cada vez mais forte sempre que Peter forçava a planta tentando se soltar. Tratou então de abaixar-se e tentar desenrolar de si os cipós com suas próprias mãos, mas ao fazê-lo o que tocou não era a superfície verde que esperava, em seu lugar pôde sentir cinco dedos frios lhe restringindo o tornozelo. Subitamente o ambiente se iluminou, como se uma espessa nuvem tivesse finalmente descoberto a lua cheia, possibilitando que sua luz refletida pudesse enfim iluminar o que Peter reconheceu como uma pessoa deitada no chão lhe segurando.

Com o rosto contorcido em terror e soltando um grito mudo, Peter cambaleou para trás em sua posição agachado, caindo sentado e apoiado em suas mãos, totalmente aterrorizado com o reconhecimento da figura diante de si, pois jamais esqueceria aquele rosto, e o pescoço aberto perpetuamente vazando sangue e empapando suas roupas lhe era inconfundível. A figura do homem assassinado por Peter avançou por sobre o garoto após um último apertão que lhe fez grunhir e sentir o tornozelo pulsar em dor, as feições mortalmente pálidas, beirando o cinza pairaram sobre Peter, que pôde sentir seu frio sepulcral em todo seu corpo trêmulo, lhe enviando arrepios por toda sua espinha, e quando a boca anormalmente animalesca escancarou-se diante de seus olhos, tentou a todo custo fechar os olhos e clamar pelo Stark, mas não conseguiu, suas pálpebras pareciam lhe ter sido arrancadas e sua boca costurada, então tudo o que lhe restou fazer foi esperar o golpe final enquanto tentava controlar a tremedeira em seu corpo que gradualmente esfriava em contato com o do cadáver sobre si.

Peter gritou e sentou-se, sentindo seu coração disparado martelando em seu peito, para enfim o reconhecimento se abater sobre si. Tentando reaver o ritmo normal de respiração, o garoto olhou em volta, tentando enxergar alguma coisa em meio ao breu noturno. Finalmente pode discernir uma pequena e precária claridade das brasas do quase totalmente extinto fogo, que chiavam quando as gotas de água caíam sobre si, e só então Peter percebeu que a sensação fria em seu corpo se dava às gotas da chuva que começava a cair e lhe umedecia as roupas.

— Você está bem, garoto? — Tony falou, fazendo Peter finalmente notar sua presença. — O ouvi gritar.

Peter olhou em direção à voz do Stark, e agora com os olhos mais bem acostumados com a escuridão, pôde discernir o contorno de seu corpo e mais alguma coisa que este carregava.

— Foi apenas um pesadelo — respondeu, então passou a mão no rosto para afastar a água misturada ao seu suor de sua fronte. — O que está fazendo, senhor Stark?

— Construindo uma cobertura — o homem respondeu, indicando as varas que carregava. — Não podemos ficar na chuva, certo?

Peter concordou enquanto o assistia fincar as varas em quatro pontos perto de onde estiveram dormindo.

— Eu posso ajudar em alguma coisa? — Ofereceu, não querendo deixar Tony fazer todo o serviço, mesmo que no momento qualquer atividade fizesse a dor latente em sua torção piorar.

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