Parte 5

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28/01/2020 - Terça-feira

Continuação...

  - Porque eu não vou te contar nada. - ele disse olhando fixamente nos meus olhos.

  - Você sabe que você praticamente acabou de admitir que tem algo para contar, não é? - eu perguntei.

  - Você se acha tão espertinho, não é? Mas eu já disse, não vou contar nada. - ele disse.

  - Por que? Qual vai ser a diferença? Você já está preso mesmo. - eu disse tentando convence-lo.

  - Tem razão. - ele disse e eu fiquei totalmente confuso. Como assim, eu o convenci mesmo? Foi tão fácil assim? Ele deve ter notado a minha cara de confuso, porque deu um sorriso igual daqueles maníacos e começou a explicar. - Não vai fazer diferença nenhuma. A memória dela nunca vai voltar. O que eu fiz com ela é irreversível. - ele deu uma pausa, seguida por uma risada estranha e continuou. - Foi só pedir para um médico me ajudar. Ele diagnosticou que a Duda estava morta e a levou para o necrotério. Lá ele testou o mais novo experimento dele, que apaga toda a memória da pessoa e você configura novas memórias. No caso da Duda ele configurou para ela ser a Agatha Albuquerque, filha do viúvo Rodrigo Albuquerque. É difícil configurar para a pessoa para amar alguém, mas a Agatha tinha que amar o pai dela, como as antigas memórias dela já tinham o nome Rodrigo gravado como alguém que ela amava, foi mais fácil eu me passar por Rodrigo e escolher um sobrenome qualquer para nós dois. Nas novas memórias dela ela foi a vida inteira uma garota solitária que não tinha amigos, assim ele não teve que acrescentar amigos nas memórias dela, e o sonho dela sempre foi fazer intercâmbio. Antes dela acordar, com ajuda de uns amigos que eu não vou entregar, eu conseguir todos os documentos necessários para a Agatha Albuquerque fosse uma pessoa normal e a Duda foi dada como morta, foi estranho ir no enterro dela, enterraram um caixão que nem imaginavam que estava vazio. Ela acordou uns dias depois, no dia 15/05/2014 e ela estava na cama dela na minha casa. Como surpresa de aniversário eu falei para ela que ela ia seguir seu sonho e fazer intercâmbio na Inglaterra. Dois dias depois ela estava na Inglaterra, ela me ligava todos os dias agradecendo, contando os dias dela e falando o quanto me amava. Eu só fiz acontecer exatamente como devia ser, ela devia ser minha filha e me amar e foi isso que acontece...

  - Como eu faço para recuperar a memória dela? Como? - eu me levantei e gritei antes dele terminar de falar.

  - O melhor disso tudo é que não tem como, o que o médico fez é irreversível, foi apenas uma experiência que ele testou nel...

  - Quem foi esse filho da p***? Quem fez isso com ela? - eu gritei desesperado. Tudo o que eu queria era que você voltasse para mim.

  Os seguranças vieram até mim e me tiraram de perto do Rafael. Eu fiquei em pânico ao saber que a Agatha é você, você ainda está viva, Duda. E eu vou recuperar você, só não sei como ainda.

  Quando eu finalmente me acalmei eles me deixaram voltar para a casa. Entrei quase derrubando a porta.

  - E ai, Gui? Como foi? O que aconteceu? Agatha, Duda, o que? - a Milena veio logo em cima de mim.

  - Calminha ai, cara. A porta não te fez nada. E pela sua cara as notícias não foram as melhores. A Agatha é só uma pessoa parecida com a Duda? - o Will disse parando do meu outro lado. Minha vontade era subir para o meu quarto e não falar com eles agora, mas sabia que eles não iam me deixar em paz enquanto eu não contasse.

  - A Agatha é a Duda.

  - Ótimo! Estávamos certos! - a Milena comemorou.

  - Então se a Agatha é a Duda porque você quase derrubou a porta ao entrar? E por que você está tão estressado? - o Will disse.

O Diário de Um Homem Confuso - Caderninho Roxo Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora