Parte 27

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Dedicado a @achaaves, obrigada por ler minha história.

Estava em dúvida sobre dividir esse capítulo ou o capítulo 28 em 2 partes mas decidi que vocês merecem ler tudo. Então aí está o capítulo com quase 3500 palavras:

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08/05/2020 - Sexta-feira

Assim que o Vitor disse aquilo ele desligou, ou a ligação caiu, não sei dizer direito.

Peguei o carro e sai na maior velocidade possível em direção ao hipermercado. No caminho tentei ligar para o Paulo, mas o celular estava desligado. Liguei para a delegacia, mas, como os policiais não podem parar de tomar café por um minuto para atender o telefone, ficou chamando até cair na caixa-postal. Decidi deixar uma mensagem.

- É o Guilherme. Assim que ouvirem essa mensagem vão para a Academia de Dança atrás do Hipermercado Best Preços. - o sinal do celular ficou ruim quando passei por baixo de uma ponte e a ligação caiu, mas acho que deu para falar o suficiente para eles entenderem.

Estacionei o carro do outro lado da rua e andei em direção a academia. Notei que a porta de vidro estava com uma fresta aberta. Mas só quando me aproximei mais que notei, a porta de vidro deixava a mostra o balcão, o pequeno sofá e as duas escadas, uma para cima e outra para baixo, tudo o que ficava naquele andar. Para cima eu supus que daria nas salas de dança e para baixo o estacionamento. Naturalmente eu iria para cima já que o Vitor disse que ele e o Mateus iriam para o último andar, mas eu havia notado quando me aproximei a fraca luz que vinha da escada que iria para o andar de baixo indicando que ou esqueceram uma luz acessa, ou havia alguém lá.

Passei o olhar por mim mesmo e vi que eu estava desarmado e não tinha nada para me defender caso necessário, a não ser que eu pudesse jogar meu celular na cabeça da CLGS. Voltei ao carro e peguei o revolver extra que sempre ficava em baixo do banco do carro para emergências, coloquei-o no meu cinto e atravessei a rua novamente. Lembrei do que aconteceu com a Duda, respirei fundo e empurrei a porta de vidro. Eu esperava um rangido como nos filmes, mas a porta foi totalmente silenciosa. Olhei para a escada que ia em direção ao subsolo, pensei novamente na minha motivação habitual, a Duda, e desci lentamente. Mais ou menos quando estava na metade da escada comecei a ouvir vozes:

- Mas... - uma voz que eu reconheci imediatamente sussurrou, o Vitor. A luz era fraca demais para eu ver o que estava acontecendo, então desci mais um degrau e o mesmo rangiu alto. Ótima hora para virar aquelas cenas de filme que quando o personagem principal está descendo a escada de madeira e ela vai rangindo!

- Temos visita! - uma voz feminina disse. Onde eu estava eu conseguia ver uma cabeleira loira de costas, mas a voz denunciava. A voz da CLGS é sexy, autoritária, confiante... Essa voz era fina demais e um pouco estridente. Tinha a impressão de já ter ouvido essa voz, mas não me lembrava aonde.

Ela já sabia que eu estava ali mesmo, então terminei de descer os degraus lentamente e mais nenhum rangiu.

- Antes que você pergunte, eu soltei um pouco a madeira daquele degrau para servir como aviso de quando alguém descer. - a mulher disse ainda se mantendo de costas. Olhei o ambiente, realmente era um estacionamento, mas ao invés de carros tinha macas com corpos ligados a diversos fios. O lugar estava iluminado por apenas uma lampada no centro, Vitor estava sentado amarrado em uma cadeira de plástico em frente a mulher loira e o Mateus estava caído no chão ao seu lado. - Seu amiguinho foi bem burro. - ela disse como se soubesse para onde eu estava olhando. - Assim que o degrau rangiu esse aí ligou para você, Guilherme. - ela disse apontando para o Vitor, mas o jeito que ela pronunciou meu nome foi sinistro, lentamente, como se saboreasse a palavra. - Já o outro... - ela fez um gesto com a cabeça para o corpo do Mateus caído no chão. - Ele tentou lutar comigo. Não queria atirar nele, porque para mim quanto mais cobaias melhor, mas ele me obrigou. Um tiro certeiro na cabeça, morte imediata, não teve nem graça.

O Diário de Um Homem Confuso - Caderninho Roxo Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora