Dedicado a @achaaves, obrigada por ler minha história.
Estava em dúvida sobre dividir esse capítulo ou o capítulo 28 em 2 partes mas decidi que vocês merecem ler tudo. Então aí está o capítulo com quase 3500 palavras:
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
08/05/2020 - Sexta-feira
Assim que o Vitor disse aquilo ele desligou, ou a ligação caiu, não sei dizer direito.
Peguei o carro e sai na maior velocidade possível em direção ao hipermercado. No caminho tentei ligar para o Paulo, mas o celular estava desligado. Liguei para a delegacia, mas, como os policiais não podem parar de tomar café por um minuto para atender o telefone, ficou chamando até cair na caixa-postal. Decidi deixar uma mensagem.
- É o Guilherme. Assim que ouvirem essa mensagem vão para a Academia de Dança atrás do Hipermercado Best Preços. - o sinal do celular ficou ruim quando passei por baixo de uma ponte e a ligação caiu, mas acho que deu para falar o suficiente para eles entenderem.
Estacionei o carro do outro lado da rua e andei em direção a academia. Notei que a porta de vidro estava com uma fresta aberta. Mas só quando me aproximei mais que notei, a porta de vidro deixava a mostra o balcão, o pequeno sofá e as duas escadas, uma para cima e outra para baixo, tudo o que ficava naquele andar. Para cima eu supus que daria nas salas de dança e para baixo o estacionamento. Naturalmente eu iria para cima já que o Vitor disse que ele e o Mateus iriam para o último andar, mas eu havia notado quando me aproximei a fraca luz que vinha da escada que iria para o andar de baixo indicando que ou esqueceram uma luz acessa, ou havia alguém lá.
Passei o olhar por mim mesmo e vi que eu estava desarmado e não tinha nada para me defender caso necessário, a não ser que eu pudesse jogar meu celular na cabeça da CLGS. Voltei ao carro e peguei o revolver extra que sempre ficava em baixo do banco do carro para emergências, coloquei-o no meu cinto e atravessei a rua novamente. Lembrei do que aconteceu com a Duda, respirei fundo e empurrei a porta de vidro. Eu esperava um rangido como nos filmes, mas a porta foi totalmente silenciosa. Olhei para a escada que ia em direção ao subsolo, pensei novamente na minha motivação habitual, a Duda, e desci lentamente. Mais ou menos quando estava na metade da escada comecei a ouvir vozes:
- Mas... - uma voz que eu reconheci imediatamente sussurrou, o Vitor. A luz era fraca demais para eu ver o que estava acontecendo, então desci mais um degrau e o mesmo rangiu alto. Ótima hora para virar aquelas cenas de filme que quando o personagem principal está descendo a escada de madeira e ela vai rangindo!
- Temos visita! - uma voz feminina disse. Onde eu estava eu conseguia ver uma cabeleira loira de costas, mas a voz denunciava. A voz da CLGS é sexy, autoritária, confiante... Essa voz era fina demais e um pouco estridente. Tinha a impressão de já ter ouvido essa voz, mas não me lembrava aonde.
Ela já sabia que eu estava ali mesmo, então terminei de descer os degraus lentamente e mais nenhum rangiu.
- Antes que você pergunte, eu soltei um pouco a madeira daquele degrau para servir como aviso de quando alguém descer. - a mulher disse ainda se mantendo de costas. Olhei o ambiente, realmente era um estacionamento, mas ao invés de carros tinha macas com corpos ligados a diversos fios. O lugar estava iluminado por apenas uma lampada no centro, Vitor estava sentado amarrado em uma cadeira de plástico em frente a mulher loira e o Mateus estava caído no chão ao seu lado. - Seu amiguinho foi bem burro. - ela disse como se soubesse para onde eu estava olhando. - Assim que o degrau rangiu esse aí ligou para você, Guilherme. - ela disse apontando para o Vitor, mas o jeito que ela pronunciou meu nome foi sinistro, lentamente, como se saboreasse a palavra. - Já o outro... - ela fez um gesto com a cabeça para o corpo do Mateus caído no chão. - Ele tentou lutar comigo. Não queria atirar nele, porque para mim quanto mais cobaias melhor, mas ele me obrigou. Um tiro certeiro na cabeça, morte imediata, não teve nem graça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Diário de Um Homem Confuso - Caderninho Roxo Vol. 2
RomansaGuilherme Henrique Dias achava que o mundo dele tinha acabado, mas ele descobre uma coisa que muda totalmente sua vida. Ele imagina que sua vida voltaria ao normal, mas não é isso o que acontece no reencontro tão esperado. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~...