Capítulo 3

624 91 56
                                    


Capítulo 3

Alice acordou assustada, tinha sonhado com alguém se transformando em lobo e... respirou fundo e fechou os olhos com força. Abriu os olhos e percebeu que estava deitada em seu sofá, o teto era da sua sala, com certeza chegou exausta e dormiu ali mesmo, tendo um sonho absurdo com...

— Adrien. — sentou no sofá rapidamente, vendo que ele estava sentado na poltrona ao canto, que antes estava atolada de livros que ela não guardou, pois a prateleira ainda não estava montada. Achou os livros no chão ao lado dele, empilhados e organizados por tamanho.

— Finalmente acordou. — Adrien disse colocando a revista que estava folheando pela quarta vez de lado e olhando Alice nos olhos, vendo-a fitá-lo séria.

— Você... — Alice engoliu em seco. Lembrou de tudo que aconteceu quando estava acordada, chegando em casa e... — Como você fez aquilo?

Perguntou se levantando e se afastando dele, dando a volta no sofá. Lógico que tudo não passava de um truque de mágico, uma ilusão bem montada. Talvez alguns de seus companheiros de trabalho estivessem com Adrien para lhe pregar uma peça de boas-vindas.

— Já lhe disse o que sou. — Adrien respondeu levantando e achando graça nela estar do outro lado do sofá, como se o móvel fosse defendê-la de alguma coisa. — Não entendo muito de genética ou anatomia... mas sei que dói, muito, me transformar.

— Isso é impossível.

Alice viu Adrien dar de ombros e olhar ao redor. Sabia que sua casa estava uma bagunça, ainda não conseguira tirar metade das coisas das caixas, e grande parte das que conseguiu, estavam espalhadas, sem local de destino ainda. Apertou o casaco no corpo, vendo que sua bolsa, jaleco e chaves não estavam com ela.

— O que fez com as minhas coisas?

Ele apontou distraído para a mesa de centro atulhada de coisas, e Alice viu que tudo estava ali. Respirou fundo. Seu telefone estava longe, seria realmente difícil pegá-lo e chamar alguém para lhe ajudar. Com toda certeza Adrien tinha um problema mental grave e precisaria passar por uma bateria de exames para poder descobrir qual anomalia ele tinha nos olhos e...

— Alguém já te disse que você tem um rosto bem expressivo? — Adrien comentou enquanto andava pela sala.

Sabia muito bem que ela estaria pensando que ele era um louco com alguma doença mental, era de se esperar isso. Ela era uma médica, afinal, seu cérebro trabalhava de outro jeito. Sorriu enquanto se aproximava. Deixou a jaqueta aberta de propósito, vendo que os olhos dela desciam devagar até lá, mas que se moviam para outro lugar rapidamente quando percebia o que estava fazendo.

— Adrien... — a viu engolir em seco, como se precisasse de coragem para falar o que falaria. — Você precisa de ajuda.

— Nisso, concordamos. — Adrien disse. E claro que sabia que eles não estavam falando da mesma coisa. Ele sabia muito bem que ela queria interná-lo em uma clínica e pesquisá-lo, cutucá-lo e furá-lo até as últimas consequências, e ele queria... se aliviar.

— Que ótimo. — Alice se sentiu melhor ao vê-lo concordar, mas o rapaz não parou de sorrir e de se aproximar devagar, chegando bem próximo. — O que está fazendo?

— O que será necessário que eu faça para que você acredite em mim? Acredite no que viu?

Alice mordeu o lábio e Adrien rosnou. Um rosnado baixo, quase imperceptível, se não ela não estivesse tão perto. Arregalou os olhos e afastou-se um passo dele, vendo-o sorrir pelo canto da boca. Seu cérebro queria lembrar do que havia acontecido, se havia um modo dele ter feito algum truque, mas... não parecia. Como, em sua mente racional, poderia considerar aquilo totalmente verdadeiro?

Meu Lobo - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora