25.

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P.O.V. Austin

Levanto-me cedo e decido tentar ligar, mais uma vez, à Sky mas, mais uma vez, a chamada acaba no voice mail. Bufo e entro na casa de banho. Cheiro as minhas axilas e logo de seguida aperto o nariz. Há quanto tempo é que eu não tomo banho mesmo?

Entro na banheira e tomo um banho que durou umas 6 músicas e pouco. Saio, passo as mãos pelos meus cabelos loiros agora demasiado compridos e vejo que a minha cara, apesar de ainda estar marcada por olheiras profundas e pelos meus olhos inchados, está com um ar mais apresentável.

Visto uma camisa branca e umas calças pretas, calço as minhas New Balance e pego no meu skate. Quando dou por mim estou em frente à casa da morena que não sai dos meus pensamentos.

Pego no skate, tiro o cabelo da frente dos olhos e toco à campainha. Sou recebida não pela Sky mas pela sua mãe que se parece incrivelmente com ela.

- Senhora Finnegan - a minha voz sai esganiçada deixando transparecer o meu nervosismo.

- Eu conheço-te... - os seus olhos observam-me enquanto franze a sobrancelha - Ah, tu és o menino que estava em coma também. Austin não é? Austin Kane?

Aceno ligeiramente com a cabeça.

- Desculpe estar a incomodar mas eu precisava de falar com a sua filha. Ela está em casa? - o seu olhar entristece

- Não, Austin, ela tem passado os seus dias fora de casa, só cá vem dormir e às vezes nem isso.

Agradeço e preparo-me para sair mas ela pede-me para ficar e tomar um café com ela.

Sento-me no sofá e ela logo aparece com dois cafés e um álbum de fotografias que ela abre à minha frente. Distingo os olhos e o sorriso da Sky logo na primeira foto. Folheio o álbum enquanto bebo o meu café enquanto vejo as fotos. Sky a ler, Sky com o capacete de uma mota demasiado grande para ela, Sky a rir abraçada à mãe...

- A Sky de tutu?

- Ela não te disse que andou no ballet? - abano com a cabeça e continuo a folhear o álbum. Agradeço por tudo e despeço-me da mãe dela com um abraço.

A última foto da Sky brilhava como néons na minha cabeça. Ela a vestir o casaco dos Angels of Fire.

Ponho o skate no chão, os fones nos ouvidos com Anybody Listening dos Queensryche no máximo e dou impulso em direção à floresta. O vento forte faz com que a minha franja demasiado comprida esvoace para trás e os meus olhos se encham de lágrimas por causa da força com que o ar embate na minha cara.

Quando dou por mim já estou na árvore onde deixei o carro do Hunter na noite em que tinha seguido a Sky.

Começo a fazer o caminho a pé e, em pouco tempo, avisto o bar. Entro e procuro a morena com o olhar mas não a vejo. Decido sentar-me num dos bancos e peço uma cola já que não bebo. O barman olha para mim de sobrolho franzido mas serve-me.

Vejo alguém sentar-se num dos bancos ao meu lado pelo canto do olho e sinto os meus músculos a contraírem, tensos.

— Acho que estás no sítio errado, loirinho. — Viro a cara e encontro o olhar frio da pessoa que me tinha apontado a arma a primeira vez que cá tinha estado.

— Aiden certo? Isto é um bar e eu vim cá beber, por isso creio que estou num sítio tão bom como qualquer outro bar.

— Tu sabes muito bem que isto não é um simples bar por isso desaparece antes que eu te faça desaparecer — Ele ameaça afastando o casado e mostrando a arma.

— Eu não quero confusão, só vim matar a sede. — digo, cerrando os punhos de forma discreta.

— Hey Kyle! Serve-me aqui duas doses de absinto! — Diz ele ao barman — Vamos matar essa tua sede.

O tal Kyle aproxima-se de nós e serve-nos.

— Ouvi dizer que completaste um serviço com uma única bala. — ele diz para o Aiden que logo dá um sorrisinho de lado

— Tu conheces a minha pontaria, Kyle. Eu nunca falho. — o barman solta uma gargalhada e o Aiden vira-se para mim. — Bebe.

— Já bebo, tenho de ir à casa de banho primeiro.

— Não sais daqui enquanto não beberes. — ele diz ameaçador e encosta a arma discretamente à minha costela.

Pego no copo, sustenho a respiração e bebo tudo. O Aiden faz uma cara satisfeita quando eu pouso o copo e afasta a arma.

— Muito bem, loirinho. — Levanto-me rapidamente e dirijo-me para a casa de banho mas, de repente, vejo a Sky ao fundo da sala. Caminho na sua direção enquanto o meu estômago dá cambalhotas. A vontade de vomitar vem subitamente e eu não tenho tempo nem de pensar em correr para a casa de banho então acabo por vomitar em cima de um dos membros do gangue.

Olho para cima, já que ele é bastante maior do que eu e vejo os olhos dele a arder de raiva. Recebo um soco na cara que faz com que eu, ao mesmo tempo, acorde e fique mais atordoado.

Ele dá-me mais um soco e, quando dou por mim, estou a partir para cima dele. Vejo pessoas a aproximarem-se para perceberem o que se passa e ouço uma voz que me congela.

— PAREM! GABE! AUSTIN! PAREM JÁ!

O tal de Gabe afasta-se e eu sinto-me sem forças.

— Austin sai daqui, isto é perigoso. — olho para ela meio atordoado

Ela arrasta-me para fora do bar. O ar fresco faz com que a minha mente fique mais clara.

— Vai-te embora, Austin. Tu não pertences aqui.

— Sky, eu vim à tua procura. Eu preciso de saber porque me afastaste e tu não me atendes nem respondes e...

— Austin, vai.

— Sky eu preciso de... — ela vira-me costas e entra no bar novamente. Fico um tempo especado lá fora sem saber o que fazer até que decido entrar. Assim que entro o olhar da Sky para em mim e vejo-a mexer no casaco.

Aproximo-me dela mas logo bloqueio quando vejo que o que ela está a tentar tirar é uma arma. Ela aponta-a para o meu peito, os olhos em água e as mãos a tremer.

— Skylar... — sussurro, sem saber o que fazer.

— Austin vai. Eu não quero fazer isto mas não tenho outra escolha a não ser que queiras acabar como o Hunter. Vai.

Saio do bar a cambalear, as lágrimas a escorrerem-me pela cara e desato a correr até ao sítio onde tinha deixado o skate. Procuro-o por todo o lado e não o encontro.

— MERDA. — provavelmente alguém o roubou. Dou um pontapé numa árvore e meto os fones. Decido ir a pé ao som do metal mais forte que tenho para abafar as minhas emoções.

Something BadOnde histórias criam vida. Descubra agora