29.

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Saio do bar e sento-me na relva com as costas encostadas a um plátano.

A Saphira sai também do bar e procura algo com o olhar. Quando me vê, ela aproxima-se e senta-se ao meu lado. Respiro fundo e fecho os olhos.

- Parece que te ensinei bem - ela murmura. Eu abro os olhos e olho para ela, completamente confuso. - Os murros.

Percebo que ela me está a tentar animar e tento sorrir, sem muito sucesso.

- Deixa-me ver as tuas mãos. - ela pega na minha mão direita com cuidado e mexe. Eu ignoro a dor que sinto e olho para o bar. Ela pega na mão esquerda e vira-a com cuidado. - Parece que não está nada partido mas se calhar é melhor envolvê-las numa ligadura para as protegeres.

- Eu estou bem. - queria que a minha voz saísse calma e segura mas o que saiu foi apenas um murmúrio.

- Vai para casa. Amanhã continuamos. - ela diz e depois volta a entrar no bar, sem sequer olhar para trás.

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Chego cedo ao bar. Entro e vejo o Aiden ao lado da Saphira. Ele tinha o maxilar todo pisado, um olho negro e o seu nariz parecia-me mais torto. Ele avança na minha direção e os meus punhos cerram, quase por instinto.

-- Eu quero ajudar-te. Demasiadas pessoas inocentes morreram às minhas mãos por causa do James.

Arregalo os olhos e olho para ele. O seu olhar era sério. Vejo que ele brincava distraidamente com a minha Kunai. Olho para a Saphira que olhava para mim, esperançosa.

- Loirinho, podes não gostar do Aiden. Mas se queres aprender a usar a Kunai precisas da ajuda dele.

Resmungo algo que deve ter soado como um está bem e vejo o Aiden a olhar para mim, surpreendido. Reviro os olhos.

O Aiden levanta-se e dirige-se para a sala de treino em silêncio.

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Treinamos durante dias seguidos a minha pontaria, o combate corpo a corpo e a minha capacidade de sobrevivência. A Saphira é, sem dúvida nenhuma, a amiga mais leal que encontrei... a seguir ao Hunter. O Aiden tem-me ajudado bastante, mas isso não diminuiu a raiva que sinto por ele. O meu melhor amigo está morto por causa dele.

Finalmente consigo derrotar a Saphira depois de 1 mês e meio de treino. O treino com o Aiden acaba por ser bastante eficiente, já que focalizo a raiva que sinto na minha pontaria e força a atirar as kunai. Entretanto aprendi a disparar uma arma.
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Saio do bar relativamente cedo. O meu teste vai ser hoje de madrugada e, segundo a Saphira, todo o descanso é pouco.

Começo a caminhar em direção a casa. Ouço uma mota a ronronar ao meu lado e paro. Mesmo sem olhar, sem quem é a dona da mota.

— Skylar. — digo o nome dela da forma mais neutra possível.

— Precisas de boleia? — ela pergunta enquanto tira o seu capacete.

— Não.

— Austin...

— Não, Finnegan. — finalmente olho para ela e vejo-a a descer da mota. — Olha eu tenho mesmo de ir.

— Eu sei que queres destruir os Angels of Fire.

— Não, Skylar. Eu vou destruir-vos. E se tu realmente te preocupasses com alguém para além de ti, estavas a ajudar-me. Pelo Hunter. — sinto a raiva a tomar conta de mim.

— Austin eles são a minha família.

— O HUNTER ERA A MINHA FAMÍLIA. EU NÃO TINHA MAIS NINGUÉM. — vejo uma lágrima a escorrer pelo rosto da Skylar. — Eu vou fazer isto. Com ou sem a tua ajuda.

Viro costas e recomeço a caminhar.

— Espera. Austin, espera, por favor.  — paro. — Eu ajudo-te a mandar o meu pai para a prisão. Com a condição que os outros ficam em segurança. Arranjamos provas para o culpar pelo assassinato do Hunter mas nada de Angels of Fire. Tudo de mau que nós fizemos foi por culpa do meu pai.

— Skylar...

— A Saphira e o Aiden são boas pessoas que se meteram em sítios errados. E tu sabes disso. Eles são teus amigos. — olho para trás, e sobressalto-me com a proximidade. Olho para ela e reparo nos seus olhos húmidos e nas suas olheiras profundas. A minha vontade era a de a abraçar e dizer que tudo ia correr bem. Mas algo não me deixava. — Eu sou tua amiga...

— Sky...

— Por favor, Austin... O Hunter morreu às mãos do meu pai. Não dos Angels of Fire.

— Skylar... eu não tencionava mandar o teu pai para a prisão.

O seu rosto empalidece.

— Eu... hmm... eu quero ajudar — ela diz algo a medo

— Ajudas-me a matar o teu pai? — pergunto incrédulo

— Deixou de ser meu pai quando matou um dos meus melhores amigos. Austin... O meu pai matou tanta gente... — ela suspira e uma lágrima escorre pelo seu rosto.

Desvio o olhar enquanto penso.

— Okay. Mas fica a saber que não o estou a fazer por ti. Estou a fazê-lo pela Saphira. — Passo por ela e subo para a mota. Respiro fundo — Queres boleia? — Desta vez é a minha vez de lhe perguntar. O seu queixo cai com o espanto.

— Tu ao menos sabes conduzir?

— Ora, uma mota a energia demoníaca? Posso-me chamar Austin, mas todos sabem que sou a encarnação do Jace. — os seus olhos arregalam e eu percebo que é a primeira vez desde a morte do Hunter que faço uma piada. Ela sobe para a mota e agarra-se algo a medo à minha cintura.

Eu acelero e sinto os seus pequenos braços a rodear a minha cintura e a sua cabeça a encostar nas minhas costas. Chegamos a casa dela e eu paro sem dizer uma palavra.

— Obrigada... Jace — ela diz com um sorriso nervoso. — Se não nos virmos amanhã... Tem cuidado. O meu pai luta sujo. Tens de estar preparado para tudo. — Dou um pequeno aceno com a cabeça. Ela começa a andar em direção à sua casa quando para e volta a correr e me dá um beijo na cara. — Não morras, por favor...

— Vou tentar. — ela sorri e entra em casa. Eu arranco e vou para casa.

Tomo um banho e deito-me. Meto o despertador para as 23h e vejo que ia conseguir descansar 7 horas. 7 horas até começar a minha vingança. 

Something BadOnde histórias criam vida. Descubra agora