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Acordo com o rosto imerso no peito do Pedro. Estamos ambos tortos no sofá e sem roupas. Seus dedos macios percorrem meus fios de cabelo, e eu sinto o cheiro da fumaça invadir meu sistema respiratório como uma droga inebriante.

— Você tá fumando? — Solto num grunhido fraco e sonolento, sem abrir os olhos.

— Desculpa, amor, não quis te acordar.

Amor. Ele disse "amor" de novo, e boa parte de mim se pergunta se tudo isso não passa de um sonho delirante.

—Tudo bem. Quero um trago. — Ergo a cabeça em sua direção.

Pedro encaixa o cigarro na minha boca e me deixa puxar um trago, depois afasta, apoiando o braço no encosto do sofá. A outra mão desce num carinho pela lateral do meu corpo.

— Eu ia fazer café, mas você parecia confortável demais pra eu ter coragem de me mexer.

Sorrio e deposito um beijo sobre a tatuagem no seu peito.

— Deixa comigo. — Levanto, pegando a camiseta masculina no chão para encobrir o corpo.

Sinto os olhos de Pedro em mim enquanto pego o pó no armário alto. Enquanto encho a jarra de água. Enquanto aperto o botão de ligar a cafeteira. Ainda estão em mim quando volto com duas canecas de café quase cheias. Eu lhe entrego uma e fico com a outra. Dobro as pernas ao redor das suas coxas para me sentar no colo. Sua boca procura a minha em um beijo curto.

— Minhas três coisas favoritas no café da manhã: cigarro, café e você.

Eu sorrio e o beijo de novo, dessa vez deixando as línguas se entrelaçarem. Sua mão pousa na minha nuca, me comprimindo contra os próprios lábios.

— É melhor eu mandar uma mensagem pra Sarah. — Me afasto, esticando o braço para deixar o café na mesinha e pegar o celular. — Não quero que ela chegue e pegue a gente sem roupa.

Ele não fala nada, apenas vira a caneca na boca enquanto eu digito a mensagem.

em casa com P. bate na porta qd chegar

Vejo de relance as notificações do Twitter. Aparentemente as declarações de Pedro sobre o Bertrand já se espalharam, e a internet tem muito a dizer. Sarah responde.

Passei a noite na Bê
volto p casa em 30 min
faça o q tiver q fazer
e então vista as roupas
ou não vista... vc quem sabe

— Desculpa — peço, enquanto dedilho o aparelho. — Notificações.

— Sem pressa, amor. Não ligo de ficar só te olhando.

Amor.

A palavra que sai agora com tanta facilidade dos seus lábios, mas continua a me atingir como um golpe inesperado toda vez. Apago a tela e coloco o celular de lado.

— A Sarah nos deu trinta minutos.

— Nesse caso é melhor a gente se apressar. — Pedro ri e procura minha boca outra vez, num beijo com sabor de café.

Ele me empurra um pouco, esticando-se para deixar a caneca na mesinha e então me puxa de volta. Nossos quadris se encaixam. A mão, agora livre, percorre minha coxa, escorregando para subir a camiseta.

Os lábios úmidos deslizam pelo meu rosto, descendo até o pescoço em pequenas mordiscadas. É por instinto que eu finco as unhas na lateral do seu corpo.

— Porra, você é que nem uma gata, marcando território com essas garras.

— Foi mal. — Rio baixo. — Machuquei você?

Ninguém mais, para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora