Pedro para o carro diante da fachada envidraçada do Staples Center. Eu já estive aqui uma vez, com Thomas, talvez dois anos atrás. Assistimos a um jogo da NBA. Lembro que as calçadas estavam lotadas de fãs de esporte com camisetas dos Lakers, e as vagas do estacionamento, disputadíssimas. Agora a arena parece vazia e silenciosa.
As portas da Lamborghini se elevam sozinhas. Pedro desce primeiro, parecendo se divertir com a minha expressão confusa, de quem não faz a menor ideia do que estamos fazendo aqui.
— Acho que está fechado — comento.
— Não pra gente. — Ele ri e enlaça a minha cintura, me puxando para perto.
De fato, quando nos aproximamos da porta de vidro, um segurança abre imediatamente, como se já esperasse pela nossa chegada. Eu murmuro "obrigada" e sigo sendo guiada por Pedro para dentro da arena.
Nossos passos ecoam pelo amplo espaço vazio. As escadas rolantes estão desligadas, os quiosques de comida estão fechados, e as únicas pessoas que vejo são os funcionários da limpeza, lustrando o chão de porcelanato branco. O rangido de uma porta se abrindo ao longe faz a coisa toda parecer um cenário de filme de terror, mas não comento nada, apenas presto atenção no momento.
— No que tá pensando? — Pedro quer saber.
Ele tem esse superpoder irritante de saber quando eu estou ficando ansiosa com alguma coisa. "Pensando muito", como costuma dizer.
— Esse lugar fica diferente quando tá vazio — admito.
— Já veio aqui outras vezes? — Ele me encara com genuíno interesse.
Eu assinto.
— Vi um jogo dos Lakers uma vez — resumo, sem citar o nome do meu ex-namorado. — Mas desde quando você curte basquete?
— Não curto.
Então ele empurra a porta de aço que dá para dentro da arena, saindo por baixo das arquibancadas. Tem um palco montado na extremidade oposta, onde normalmente fica uma das cestas. É um palco espaçoso, com um microfone solitário no meio, para onde todos os focos de luz estão apontados.
— Pode escolher seu lugar favorito — ele diz. — O show já vai começar.
Abro a boca para perguntar "que show?", mas Pedro já se afastou em direção ao palco. Claro que o show é dele, e eu sorrio com a constatação de que essa é a coisa mais romântica que alguém já fez por mim: organizar um show particular numa arena fechada.
Pego o celular rapidamente para mandar uma mensagem para Sarah.
vc errou!!n é sexo
é um pocket show só pra mim
NO STAPLES CENTER!!!!
Então enfio o celular de volta no bolso, contendo a minha animação num sorriso bobo.
Eu sempre fui o tipo de pessoa que se espreme na grade, mas só dessa vez escolho sentar na parte mais alta da arquibancada, de onde tenho uma visão privilegiada do espetáculo — Pedro e seu rosto cruelmente bonito sendo exibido em detalhes no telão gigantesco.
— Boa noite Los Angeles! — Ele grita no microfone, como faria se houvesse uma plateia de 20 mil pessoas, mas sou apenas eu, e ele me procura rapidamente com os olhos, lançando um sorriso ao encontrar. Meu coração dá uma pequena pirueta no peito quando devolvo o sorriso e solto um grito alto de apoio. — Acho que eu não fico tão nervoso pra fazer um show desde... sei lá. Plateias pequenas me deixam mais ansioso. Porra... — Ele ri nervoso e pega o violão. — Eu tenho um álbum novo vindo aí, chamado "Fora de Órbita", e eu queria tocar em primeira mão pra pessoa que me inspirou. Essa chama Spaceship, e, caso fique em dúvida, todas minhas músicas são pra você.
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Ninguém mais, para sempre
Chick-LitNinguém disse que o amor seria fácil. Com certeza não para a Julie e Pedro. Com um relacionamento marcado por desentendimentos e desencontros, o casal reunido tenta fazer o namoro funcionar uma segunda vez, mas as personalidades conflitantes e a pre...