Problema nº 1

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Eu tinha dois problemas: uma câimbra dolorida como um torcicolo, que me impedia de ensaiar, e um bandido, metido a valentão, na minha cola. Acontece que o torcicolo passaria em menos de uma semana, mas Park Jimin... estava bem no meu cangote. Literalmente.

— Bom dia, Boneca — ele diz, ao chegar ao refeitório, se aproximando, com seus capangas, da minha mesa com Taehyung, Namjoon e Jin. Eu vejo o maldito do Taehyung engolir em seco, enquanto encara o ruivo. Taehyung, você me paga... — Pessoal — cumprimenta os outros.

Eu me volto para o moreno que está bem à minha frente, esperando uma resposta e, como não dou nenhuma, o safado decide se sentar ao meu lado, bem perto de mim.

— O que está fazendo?

Paro minha refeição, o encarando.

— Esse é o refeitório, então tenho certeza de que não vim aqui tomar uma injeção, né? — respondo, afiado, colocando o livro, que estava na mesa, em meu colo.

Ele ri de lado, sem mostrar os dentes, se ajeitando no lugar, se escorando no encosto e cruzando as pernas, daquele jeito irritante.

— Não é nem meio-dia e você já está irritadinho assim, Boneca?

— O que você está fazendo aqui? — pergunto em um tom acusador, bebendo meu suco na garrafinha, enquanto tento não o encarar de volta, ao mesmo tempo que recebo os olhares questionadores dos outros. Com Taehyung, eu pareço um pouco mais ferrado, já que havia dado no pé ontem, sem me explicar, e não respondi suas mensagens. Mas vai que o celular dele está grampeado e Park Jimin consegue ver nossas conversas? Dele até o Diabo duvida, então...

Ou talvez eu só esteja com o orgulho ferido, por ele não ter me contado nadinha de nada, mas não importa tanto.

— Vim almoçar com vocês — responde, simplista, enquanto o esverdeado e o ruivo ocupam lugares na mesa também.

— Você veio o quê? Nessa mesa? — pergunto finalmente, o encarando, com a coluna me fazendo recuar, claro.

— Prefere ir pra nossa mesa, anjinho?

— Qual a cisma com apelidos?

— Você fica engraçado irritado. — Dá de ombros. Eu realmente tenho cara de palhaço, certeza. — Já que não quer nos dar a honra da sua presença, pode me dizer quando começamos os estudos?

— Estudos? — Namjoon parece parar de viajar na maionese. Sim, ele é como eu. E se pronuncia. O primeiro entre todos os outros, que parecem mais interessados em escutar nossa conversa, abismados. Exceto por Hoseok, que está ao lado de Taehyung e mais interessado em trocar olhares com ele.

— É. Jungkook aceitou ser meu tutor e me ajudar a passar — diz Park, com uma expressão confiante e satisfeita no rosto, passando o braço pelo meu ombro. — E então, quando? — pergunta novamente, insistindo.

— Podemos ir também? — é Namjoon quem pergunta.

— Eu não sei, Jungkook decide — Park é rápido em responder. Mas isso é ótimo. Se eu puder ficar perto dos meus amigos, ele nunca conseguirá fazer nada de ruim comigo. Isto é, se meus amigos me protegerem.

Dou um longo suspiro, dando dois tapinhas fracos na mão de Jimin, tentando o afastar do meu ombro.

— Por mim, tudo bem, desde que não tenha nenhuma baderna.

— Pode ser na biblioteca. Todos os dias, depois do almoço.

— Depois do almoço é a hora da minha soneca. — Taehyung parece acordar do transe em que aquele bruxo ruivo o havia colocado.

De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora