Você precisa conhecer

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Nós fomos para a ponte, olhar as luzes da cidade.

Eu estava rindo à toa, e ele também.

Ele estacionou a moto, e ficamos no canto vendo o rio correr, à medida que tudo escurecia.

O vento frio bagunçava nossos cabelos e acabamos ficando abraçados, sentindo aquele vento.

Foi diferente, mas eu gostei.

Fiquei confortável como sempre me sentia quando estávamos sozinhos, fora de momentos de... Provocação, digamos assim. Esse homem me faz bem, tenho que admitir.

Provavelmente por isso senti tanta falta dele.

— Vamos adivinhar a cor dos carros que vão passar — propõe.

— Mas já é noite, eu vou enxergar as cores como? — Rio, pegando sua mão, mexendo em seus anéis e me escorando na beirada.

— Ugh, eu odeio altura — ele diz, olhando para baixo por um instante, apertando os olhos depois.

— Percebi. Nem cresceu direito, né, Senhor Park? — falo, ironizando a palavra.

— Do que você me chamou? — Jimin pergunta, me dando um tapinha.

Na bunda.

Um tapa na bunda.

Arregalo os olhos e abro a boca para ele, surpreso.

— Desculpa... — ele diz, também parecendo notar o que fez, desviando o olhar para a ponte. Que cara é essa? — Jungkook, me desculpa, foi automático, eu...

— Automático? Então, você bate na bunda de todo mundo que te chama de senhor, Park?

— Quê?

— Você disse! — Vejo sua expressão de desespero, como se tivesse feito alguma coisa realmente muito grave. Não aguento, rindo na cara dele, segurando em seus ombros. — Você é muito besta, Jimin — falo, me virando para a rua.

— Besta? Eu? — Assinto. — Ótimo. Se vier um carro vermelho agora, você vai ter que pilotar a moto.

— Eu? Você enlouqueceu, Park? Prefiro viver — falo, tentando passar por ele para "ir embora", mas Jimin me segura, e acabamos rindo por nada de novo. — Pensei que você fosse todo correto, fora a bandidagem. Por que também está querendo ser fora da lei de trânsito agora? — questiono.

— Você pensa tantas coisas de mim, devo ocupar um espaço muito grande na sua mente.

Argh, ele sempre dá um jeito de virar tudo contra mim.

— Você é muito pretensioso.

— Jamais. Apenas constatei um fato. Se nos encontramos tanto em nossas vontades, é porque pensamos no mesmo ritmo.

Olho para seu rosto. É, agora que virou contra você, quero ver sair.

— Então, está falando que pensa muito em mim? — Sorrio, vitorioso, mas ele sorri também, respondendo rapidamente.

— Exatamente. — Sinto meus olhos se arregalarem quando ele responde diretamente, sem cerimônias. — Você conseguiu entrar na minha mente sem esforço — continua.

Meu sorriso desmancha, e desvio o olhar, mexendo para lá e para cá, sem jeito, enquanto puxo a gola da roupa, sentindo calor, por causa da temporada. Eu poderia deixar Jimin sem resposta, no vácuo, vazio, como sempre fiz, morrendo de medo de assumir as coisas, mas do nada...

— Você também — falo. Respiro fundo, olhando para os meus pés. É estranhamente libertador falar uma verdade pequenininha como essa. Ele é bom para mim.

De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora