— Aqui está bom — falo e, surpreendentemente, ele vai parando a moto, me obedecendo, para estacionar na esquina da minha casa. Quando desço, noto o quanto minhas pernas ardem, e quase cambaleio no lugar, mas ele me segura por um instante, retirando o capacete de mim em seguida, me olhando. — Está inteiro?
Quase sorri, segurando.
— Só falta minha alma, que desprendeu umas cinco vezes de lá até aqui — falo, colocando os óculos de volta no rosto. Pensando bem, o olhar dele parece realmente cansado, eu não devia ter gritado tanto no caminho.
Ele nega com a cabeça e volta a me encarar.
— Você tem celular?
— É claro que sim.
— Então, me mande uma mensagem amanhã, quando sair da aula — ele diz, já puxando do bolso do casaco uma caneta preta.
— O quê? Por quê?
— Pra eu te trazer de novo.
— Park? Você enlouqueceu, né?
— Claro que não — responde, tranquilo, segurando minha mão, pronto para escrever.
— Nem pense que isso vai ser um hábito. A gente já trocou favores o suficiente, não acha? — Olho ao redor, vendo as luzes acesas da minha casa, enquanto ele segura meu pulso com firmeza para escrever. Eu penso em puxar de volta, mas desisto.
— Não.
— Pois eu acho. Além do que, já que você não foi à detenção hoje, amanhã vai levar outra. Eu não ando com delinquentes.
Ele ri.
— Teremos outros dias pra te trazer, então. Ou... você pode ficar na detenção comigo.
— Nem pensar.
— Me esperar até acabar?
— Nos seus sonhos.
Ele ri de novo. Estava sempre rindo perto de mim.
— Tudo bem. De qualquer forma, não tenho tempo pra isso mesmo — é o que responde, e eu cruzo os braços, apertando minha mochila remendada, negando com a cabeça, enquanto ele observa cada detalhe. — Enfim, eu te levo — ele conclui, teimoso como uma mula.
— Não inventa, Park. Além disso, eu gosto de andar de ônibus. — Era a verdade, eu nem andava muito nos carros dos meus pais. Ele me encara novamente, sorrindo de leve. — O quê?
— Nada — fala, depois de respirar fundo e descer o visor do capacete. — Te vejo amanhã, Boneca. Me liga — é tudo o que fala, antes de arrancar e sumir de vista, me deixando parado na calçada.
— Por que não o chamou pra entrar? — Eu seguro firme o peito, sentindo o coração acelerado e ardendo, olho para trás e encontro a baixinha que eu chamo de mãe.
— Mãe, a senhora quer me matar cedo assim?
— Eu nunca te vi com alguém que não fosse Taehyung — é o que diz, me ignorando.
— Mãe, eu falo com o Namjoon e com o Jin também. E não é como se ter muitos amigos significasse muito hoje em dia.
Ela me olha, antes de ficar nas pontas dos pés para bagunçar meus cabelos, apertando minha bochecha.
— Ai... — resmungo enquanto entramos juntos em casa, quando ela finalmente me libera. — Espera... — Paro na porta, olhando ao redor. Nenhuma televisão ligada numa apresentação de grupo de música infantil, nenhuma bagunça nem a voz irritante de uma certa pessoa de um metro e meio. — Cadê a Hwasa? — questiono, olhando ao meu redor, enquanto deixo a mochila de lado no sofá.
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De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDA
Fanfiction[Concluída] Jeon Jungkook está no último ano do colégio e só quer levar uma vida de estudante normal. Ele é um dos primeiros da turma, inteligente, aplicado, apaixonado por aprender através dos livros e tem uma imaginação, digamos... bastante fértil...