Um sorriso. Um mísero sorriso foi o que ele deixou para Will. Ah, se ele ao menos soubesse que o garoto sabe o real valor de um sorriso, não se martirizaria tanto. Saiu da casa do mais novo com as mãos na cabeça, envergonhado, mal sabia que, por detrás da porta de madeira, via-se um garoto nela encostado, vermelho como nunca, com um sorriso bobo, sem coragem de voltar ao quarto para fazer exatamente o mesmo que fazia alí, sentado, no chão da sala: pensar em Mike. Simultaneamente, o maior pensava somente em inventar absolutamente qualquer - qualquer mesmo - motivo para ver Will. As mãos vermelhas de frio passavam incansavelmente pela nuca arrepiada que teimava, já dias depois, em carregar uma cabeça que implorava para chamá-lo. Os pensamentos agitados levaram os olhos castanhos à janela, e o que antes era agitação, virou calmaria. O pôr do Sol era belo, e causava algo que nem mesmo o garoto explicaria perfeitamente. A poucos quilômetros de distância, Will observava o mesmo Sol, e a mesma sensação foi causada. Um misto de coragem e paixão atacou-os. Ambos os garotos saíram de casa e correram como nunca antes. Não esperavam se encontrar no meio do caminho. As mãos quentes de Will seguraram o rosto de Mike, puxando-o para um beijo em que os pés do menor ficavam quase suspensos e Mike segurava seu corpo como se o garotinho fosse a coisa mais importante e preciosa no mundo. E para ele, era. Soltaram uma risada sincronizada, os rostos a centímetros, até que um sussurro de "acho que gosto de você" saiu da boca do mais velho. Will deu-lhe outro beijo, e assim ficaram, assistindo o pôr do Sol juntos, inconsequentes, sabendo que nunca ficariam entediados com aquilo.
Inspirado na música "are you bored yet?".