"Eu não devia ter ido para aquele baile estúpido, mas é claro que você não me escuta!", Mike gritava em seu porão para a imagem de Will, que, embora parecesse tão real, era somente um fruto de seus pensamentos. "Eu te escuto!", exclama o Byers de imaginação, que encontrava-se sentado no braço do sofá. "Se você me escutasse eu nunca teria ido para este maldito baile!", Michael retruca, perdendo a paciência que já lhe era pouca. "Desculpa. Eu só achei que seria legal dançamos juntos, nos divertirmos...", e foi aí que Mike sentiu-se mal, quando a solidificação tão perfeita de Will culpou-se por tudo, a culpa lhe consumiu. Afinal, ele era quem havia chamado Mike para o baile, mas quem poderia prever que eles iriam beijar-se? E, principalmente, que isso deixaria Wheeler mais feliz do que ele gostaria? "Não, a culpa não é sua, nunca foi. Ela é minha. Por que eu sou assim? E ainda por cima deixei Will lá, sozinho, e vim para cá ver se uma bebida apagaria meus sentimentos. Eu sou um canalha. Sou um estúpido, burro, idiota...", disse ao chutar, frustrado, a parede, seu rosto molhado de suor, lágrimas e um pouco de bebida, que mais molhou sua roupa do que sua garganta, ele ainda estava quase sóbrio e mais do que incomodado consigo mesmo, em um estado em que só sentimentos e expressões mal-formuladas saíam de sua boca. Ele fechou os olhos, e após longos três minutos, abriu-os, e a imagem de Will sumiu, deixando-o com um único pensamento: "Ligue-o! Peça desculpa!", e assim ele fez. O corpo fraco jogou-se no chão, segurando o telefone, enroscando o mindinho no fio, com a voz chorosa soltando um grunhido manhoso, até que algum som saiu de lá. "Alô?", a voz angelical murmurou, e fez com que Mike soltasse um suspiro feliz. "Will, eu te amo. Desculpa por ter sido babaca contigo, me perdoa, eu quero te beijar de novo e tantas, tantas vezes mais...", e a voz falhou, "Eu sou todo seu, anjo, por favor, diga-se meu também. Queria você ao meu lado.", e finalizou seu desabafo apaixonado, desabando em lágrimas, assim como o pequeno do outro lado da linha, cuja voz sorria tanto quanto seus lábios. "Também te amo, Mike, e eu sou seu. Todo seu.", e dormiram ouvindo aos suspiros um do outro.