Obra-prima da rejeição

1 0 0
                                    

De volta ao meu quarto, vou imediatamente para a janela. O pai já regressou do trabalho e passa-se qualquer coisa porque está zangado e a cada segundo que passa fica mais furioso. Tira o bolo caseiro das mãos da Kara e atira-o com toda a força ao Olly, mas o Olly move-se com muita rapidez, muita graciosidade. Inclina-se e o bolo cai no chão.
Incrivelmente, o bolo parece estar intacto, mas o prato parte ao bater no passeio. Isto faz com que o pai fique ainda mais furioso.
- Limpa isso. Limpa isso imediatamente.
Entra em casa batendo com a porta. A mãe segue-o. A Kara abana a cabeça olhando para o Olly e diz qualquer coisa que o faz encolher os ombros. O Olly deixa-se ficar ali uns minutos a olhar para o bolo. Vai para dentro de casa e volta com uma vassoura e uma pá. Demora o seu tempo, muito mais do que o necessário, a varrer um prato partido. Quando acaba, trepa para o telhado, levando consigo o bolo caseiro, e passa-se mais uma hora até que se pendura novamente e volta para o seu quarto.
Eu estou escondida no sítio habitual atrás da cortina e, de repenfe, já não me quero esconder. Acendo as luzes e volto para a janela. Nem me dou ao trabalho de respirar fundo. Isso não me vai ajudar. Abro a cortina e descubro que ele já lá está, na janela dele, mesmo à minha frente. Não sorri. Não acena. Em vez disso, levanta um dos braços e puxa a persiana para baixo.

Tudo, Tudo e NósOnde histórias criam vida. Descubra agora