O despertador toca e acordo me sentindo mais cansada do que quando fui dormir, toda dolorida, rolo na cama e gemo de dor, depois que acordei do meu pesadelo devo ter tido só mais umas duas horas de sono.
Me levanto e me arrumo para o trabalho. Hoje tento me vestir melhor para o caso de alguma reunião surgir e não ser pega desprevenida. Ainda não tive tempo de ajeitar o guarda roupa, mas escolho um vestido preto básico que fica bem bonito, adiciono alguns acessórios e me sinto satisfeita.
Desço para tomar meu café e minha mãe já está na cozinha tomando o dela, faço um ovo mexido com cebola roxa e manteiga para colocar na torrada e bebo meu leite.
─ Mãe, sexta à noite você vai estar muito ocupada? Não vou ter aula e pensei em ir ao shopping comprar umas roupas para o trabalho.
─ Ô filha, essa sexta vai ficar ruim, os casamentos no sábado são longe um do outro então eu vou adiantar o que der na sexta. Chama a Laura, ela com certeza vai topar.
─ É, tá bom, eu te chamei porque queria passar mais tempo com você, depois que comecei a trabalhar temos tido menos tempo para conversar e ficar juntinhas como antes... mas deixa para próxima então.
─ Não seja por isso, que tal vermos um filminho no domingo à tarde? Eu já vou ter desmontado as festas e podemos ir ao cinema ou assistir em casa, você escolhe!
─ Tá bom, combinado, vê se não vai me dar bolo hein, dona Dona!
Termino de me arrumar e saio para o trabalho, passo na frente da casa da Laura e a espero descer e como sempre, desde que comecei a trabalhar, vamos caminhando juntas para o ponto. Reparo que ela está meio borocoxô3. Pego em seu braço enquanto andamos.
─ O que houve? Você está meio para baixo...
─ É, ontem meu pai comentou depois que saí da sua casa, que ele recebeu uma proposta no trabalho dele para se transferir e é uma proposta muito boa, vai subir de cargo e melhorar o salário. Ele ainda não aceitou, mas eu percebi que tanto ele, como a minha mãe, ficaram bem animados.
─ Nossa Laura, que chato! É para muito longe?
─ Pra outro Estado, eu teria que sair da orquestra e parar de dar aulas de violino na escola. Sem contar que namorar à distância nunca dá certo... Aaaii amiga e não consigo nem imaginar como seria morar longe de você! Nem com um bairro de distância, imagina em outro Estado?! ─ Ela dá uma fungada e como está de óculos escuros, tenho certeza que andou chorando. Laura sempre foi dramática e sempre se dá por vencida antes de tudo acabar.
─ Calma amiga, não se desespere ainda! Seu pai ainda nem deu a resposta, e por que você não tenta conversar com eles e colocar seu ponto de vista?
─ Ah Helô, também não acho justo eu impedir meu pai, cara, ele trabalhou a vida toda para melhorar de vida, essa é a chance dele e eu ainda estou em início de carreira, posso dar aulas em qualquer escola de música e com certeza há orquestras lá! O meu namoro com o Ítalo ficaria comprometido, eu sei... ─ Outra fungada. ─ ...mas a gente pode tentar... de qualquer forma, não posso atrapalhar meu pai nem colocar dúvida nele por caprichos meus.
─ Poxa amiga, nem sei mesmo o que te dizer... ─ Eu odeio não saber o que dizer às pessoas. Que espécie de psicóloga vou ser se não consigo ajudar?
Salva pelo gongo! Seu ônibus chega e ela vai para o trabalho. Antes lhe dou um abraço e prometo que a noite conversaremos mais e pensaremos em algo. Até lá tenho tempo para pensar em alguma coisa para ajudar minha amiga.
Chego no trabalho na hora de sempre e me dirijo ao elevador, já cumprimentando alguns rostos conhecidos. Jane tinha razão, aos poucos eu iria conhecer as pessoas, não tinha motivo para temer. Até que para uma semana e um dia já conheço bastante gente.
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Recomeçar
RomanceHelô, no auge dos seus 21 anos, nunca se apaixonou e não acredita no amor, principalmente por ver o casamento falido de seus pais, além disso, ela tem traumas mais profundos, inseguranças das quais não tem a chave para a resposta. Como estudante de...