De noite meu humor tinha melhorado consideravelmente, graças ao Guto, sair com ele, mesmo que fosse para discutir, era maravilhoso! No final ele ainda conseguiu virar meu jogo e perversamente me deixou com gostinho de quero mais. Agora em vez de fugir, passei o dia ansiosa para encontrá-lo de novo.
Tinha empurrado minha preocupação com a empresa para o cantinho da minha mente e tinha uma solução para o problema da minha amiga. Estava no shopping esperando Laura chegar, ela havia me enviado uma mensagem avisando que iria se atrasar, então sentei na praça de alimentação e avisei onde eu estava.
Minha mente começou a voar e quando percebi estava pensando no Guto, fiquei com raiva de mim mesma, tinha decidido que não haveriam distrações, que precisava me dedicar à empresa e à faculdade, mas lá estava eu de novo, imersa naqueles olhos castanhos. Definitivamente ele estava me distraindo e parte de mim gostava muito disso.
─ Que sorrisinho é esse? Seu dia não estava péssimo? ─ Levei um susto saltando da cadeira vendo Laura na minha frente.
─ Ai garota, quer me matar? ─ Coloquei a mão no peito enquanto ela sentava na minha frente. ─ Isso é jeito de chegar?
Laura abriu um sorriso de orelha a orelha, uma coisa eu podia afirmar sem sombra de dúvida, ela me conhecia melhor que ninguém.
─ Acho que alguém estava sonhando acordada! Posso chutar?! Guto! ─ Filha da mãe! Tentei disfarçar, uma missão quase impossível com Laura.
─ Nada a ver! Estou feliz porque tenho uma ótima notícia!
─ Tá, você até pode ter uma ótima notícia e tal, mas que você estava pensando no Guto, ahhh estava!
De que adiantava mentir?
─ Tá bom, você me pegou!
─ Como sempre!
Não adiantava tentar esconder nada de Laura, não porque ela fosse um detector de mentiras, mas éramos tão grudadas desde sempre, que uma conhecia a outra quase melhor do que a si mesma.
Conversamos um pouco sobre o dia, tive que contar o almoço todo, em detalhes, enquanto ela ria da minha cara, só faltou falar "eu te avisei!", mas ainda bem que não falou. Terminei de falar sobre o Guto e entrei no assunto que tanto queria falar com ela.
─ Amiga, preciso te contar uma coisa! Tive uma ideia, na verdade o Guto me inspirou a ter essa ideia.
Ela revirou os olhos rindo.
─ Uauu já está assim? O amor é lindo!
─ Para de palhaçada! É sério, vai ouvir ou não? ─ Ela acenou com a cabeça para eu ir em frente e fechou a boca com um zíper imaginário. ─ Na verdade é um convite, não sei como não tinha pensado nisso antes... você quer ir morar lá em casa se seus pais se mudarem?
Fiquei olhando para ela sem piscar, coração a mil, tanto pela possibilidade de manter minha amiga perto de mim, eu sei, é meio egoísta, quanto pelo medo da sua resposta. De início ela pareceu espantada, depois acho que conseguiu se ver morando lá em casa e aparentemente gostou do que viu. Ela abriu a boca bem grande antes de falar.
─ Sério? Sério mesmo? Helô, isso seria demais! Sua mãe concordou?
─ A minha sim, temos que ver com seus pais!
─ Nem acredito! Vou ter a chance de continuar com meus trabalhos, perto de você e do Ítalo. Ele vai enlouquecer quando souber.
Planejamos falar hoje mesmo com os pais de Laura, assim o tio Jorge poderia aceitar logo a promoção sem se preocupar em entristecer a filha. Acho que isso era o que mais estava pesando em sua decisão de ir. Claro que eles vão morrer de saudade, mas ela pode sempre visitar os dois.
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Recomeçar
RomansaHelô, no auge dos seus 21 anos, nunca se apaixonou e não acredita no amor, principalmente por ver o casamento falido de seus pais, além disso, ela tem traumas mais profundos, inseguranças das quais não tem a chave para a resposta. Como estudante de...