Você de novo.

131 11 17
                                    

Ana Clara Caetano.

Era aquela garota que me salvou. A mesma juba da qual saiu desesperada.

Olho para o seu corpo e vejo a sua barriga sangrando. Me aproximo dela e me agacho.

- Hey? O que houve?

Sua cara era de dor. Passo minha mão na sua barriga e vejo sangue. Levanto um pouco a sua blusa e vejo um corte fundo.

- Ele fez isso com você?

Ela concorda. Doeu em pensar que ela poderia ter morrido.

- Vem, vou te levar para o meu esconderijo. Não sei como, mas vou cuidar de tu.

- Ta doendo muito. Me mate logo. Será menos doloroso. Não irei escapar.

Ela segura a minha mão. Sinto um arrepio ao ouvir a sua voz rouca, era como melodia.

- Nunca! Você me ajudou, agora é minha vez de retribuir.

Me levanto e passo a mão atrás de seus joelhos e de suas costas.

Eu tentei uma, duas, três vezes. Mas não consigo levanta-la. Ela era pesada de mais. E muito mais alta que eu.

- Okay mudança de plano... Vem cá!

Seguro seus braços e começo a arrasta-la. Foi um sacrifício levar ela para o esconderijo.

Retiro minha blusa de frio e rasgo um pedaço de pano. Preciso estancar esse sangue.

- Calma aí!

Me levanto e pego a garrafa térmica indo até a cachoeira buscar água fresca.

- Vou fazer um curativo aqui pra estancar o sangue. Pode tirar sua camisa?

Ela retira a sua camiseta e eu vejo claramente o estrago. Era um pouco fundo. Poderia se infeccionar.

Jogo um pouco de água para lavar e depois passo o pano ao redor como uma faixa.

Olho para ela e dou um sorriso.

- Vai ficar tudo bem. Eu só preciso procurar umas folhas pra fazer um remédio.

Ela coloca sua mão em meu rosto e faz um carinho de leve. Agora fitando-a consigo perceber o quão lindo são seus olhos. São de outro planeta. Tem um incrível degradê de verde e amarelo. Um mel esverdeado. E não era só o seus olhos que eram lindos. Ela em si tinha uma beleza única.

- Por que você me ajudou? Ao invés de me matar?

Dou um sorriso de canto.

- Por estar lhe devendo um grande favor. Afinal, não pude te dizer obrigada aquele dia, mas hoje eu digo, obrigada por me salvar aquele dia.

Seguro a sua mão e vejo alguns anéis.

- Namora alguém?

- Apenas gosto de usar anéis. A garota que eu amo deve ser hetero.

Dou uma risada.

- Tu gosta de garotas?

Ela balança concordando.

- Você não? Não gosta de pessoas homossexuais?

Dou uma risada escandalosa.

- Eu sou lésbica também menina.

Vejo seus olhos se arregalarem e sua boca abri e fechar várias vezes.

- Pois bem, vou sair pra caçar, e procurar um remédio pra você.

Corto aquela conversa.

- Hey?

Ela segura a minha mão.

- Toma cuidado. Não quero que tu morra por minha causa.

Entrelaço os nossos dedos e dou um sorriso.

- Não se preocupe...

Já ia saindo mas a garota me puxa novamente. Olho pra ela sem entender.

- Esqueci de dizer, qual é o seu nome?

Dou uma risada e certeza fiquei corada.

- Ana Clara, Ana Clara Caetano!

- Ana Clara.

Ela fala saboreando o meu nome em sua boca.

- Sou Vitória, Vitória Falcão!

Aceno com a cabeça e finalmente eu saio.

Se bem que lembrar de meu nome saindo de sua boca mexeu com o meu psicológico. É bom ver ela novamente.

Jogos MortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora