Capítulo 10 - Sonhos E Promessas

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FERNANDO ALENCAR

Mesmo depois daquele momento tenso no carro, seu sorriso não se desfez, parecia que ela nem mesmo havia notado o que tinha acontecido, ela estava alheia a tudo, alegre, radiante, de certa forma isso me deixava aliviado, Ayla não esperava que eu respondesse

- Aqui - ajudei ela a sair do carro - Só segure minha mão, eu vou guia-la até a nossa mesa

- Tudo bem - ela disse com empolgação na voz

- Entramos - avisei, levei ela até a mesa mais próxima e a acomodei na cadeira azul - Prontinho - sorri e fui para o meu lugar, de frente para ela

- Como é aqui? - ela questionou

- Há cadeiras azuis - olhei em volta - As mesas são brancas, as paredes combinam as duas cores, as luzes são fortes - ri - Bem, não há muito o que dizer

- Eu acho que gosto... Eu não me lembro bem das cores, eu acho que sei, mas às vezes penso que eu posso estar confundindo, entende?

- Entendo sim - fiquei olhando o belo rosto dela, admirado e triste ao mesmo tempo, por tudo que ela tem que passar

- Posso ajudar? - uma moça parou ao lado da nossa mesa, olhei para ela e sorri simpático

- Claro, eu quero um sorvete de chocolate simples com calda de morango e raspas de chocolate amargo - olhei para a bela mulher a minha frente - E você, Ayla Ametista?

- Eu... Realmente não sei - ela riu

- Não sabe? - perguntei confuso

- Você disse simples e ao mesmo tempo disse um monte de coisa - ela balançou a cabeça - Eu não sei como fazer isso, Fernando

- Você é linda demais - ri e olhei para a garçonete - Traga algo especial para ela, tudo bem?

- Claro - ela sorriu - Temos o sorvete especial de hoje, pode ser?

- Sim! - Ayla respondeu - Eu vou amar

- Ótimo, eu já trago os pedidos - ela saiu

- Será que deve ser bom, Fernando? - Ayla me perguntou

- Com certeza, essa sorveteria é muito boa

- Você conhece ela?

- Sim, muito bem

- Vinha aqui quando era criança? - ela parecia pensativa

- Na verdade, eu nasci em Sorocaba - sorri

- Sério? - ela ficou interessada - Então você têm amigos em outra cidade?

Seria estranho se eu dissesse que fico triste por esse assunto ser tão empolgante para ela?

- É uma história engraçada - ri - Eu tenho dois melhores amigos, Lucca e Leonardo, nós somos amigos de infância, quando o pai do Léo decidiu vir para São Paulo, a mãe do Lucca, dona Katarina, quis vir também, porque ela não queria ficar para trás - fiz careta - Então Joice ficou triste por perder seus noivos e chorou por dias, meu pai decidiu comprar uma chácara aqui perto... Logo depois ele abriu um negócio na capital e todos voltamos a morar próximos, não tanto quanto antes, mas mesmo assim... - respirei fundo - Nós nunca nos separamos, parece que Deus decidiu desde o início que seríamos melhores amigos para sempre

- Isso é muito lindo - ela sorriu - Eu queria ter algo assim, eu quero muito, na verdade

- Eu serei seu melhor amigo, para sempre, Ayla

- Eu também - ela mordeu o lábio inferior - Fernando, quem é Joice? E por que ela têm dois noivos?

- Ah sim - ri - Joice é minha irmã, mas ela não têm dois noivos de verdade

- Como não? - ela parecia confusa

- Minha irmã gostava de brincar de casamento quando éramos crianças, Lucca e Léo eram seus noivos de mentirinha, às vezes eu era o padre

- Era uma encenação?

- Exatamente, em um dia ela casava com o Léo, no outro com Lucca, sempre de brincadeira

- Isso parecia divertido, eu gostaria de me casar um dia, como as grandes personagens dos livros de romance, um final feliz, sabe?

- Nossa! - mexi no cabelo - Normal né? - ri sem jeito - Todas as garotas tem esse sonho

Por que estou parecendo um idiota?

- Você não tem? - a pergunta me assustou, será que ela... Não, eu sou o melhor amigo dela e iludido agora, pelo amor de Deus

- Um dia, sim, eu gostaria muito disso

- Aqui está - a moça retornou com nossos sorvetes, ela os colocou na mesa e me surpreendi ao ver o tamanho da taça de Ayla Ametista, realmente era um especial bem completo

- Muito obrigada - sorri para ela

- De nada - ela piscou - Deseja mais alguma coisa?

- Não - fiquei sério - Só me deixe a sós com Ayla, por favor

- Tu... Tudo bem - a moça saiu rapidamente de perto

Algumas pessoas confundem a simpatia

- Está muito bom - Ayla sorriu com os dentes sujos de chocolate, o que me fez rir - O que foi? Por que está rindo, Fernando?

- Seus dentes estão sujos Ayla Ametista - ri - Cheios de chocolate

- Nossa - ela colocou a mão na boca - Eu preciso ir no banheiro - ela disse ainda escondendo seus belos lábios

- Não precisa - ri - Aqui na mesa tem uma jarra com água - peguei a mão dela e encostei na jarra, do lado têm dois copos, você pode usa-los

Ela não disse nada, soltei a mão dela e a garota colocou a água no copo cuidadosamente, não pensem que sou mal educado ou algo do tipo, Ayla odeia que tentem fazer as coisas por ela, eu descobri isso nesse período, a independência é importante e eu compreendo perfeitamente

- Obrigada - ela disse depois de beber um longo gole d'água

- De nada, Ayla Ametista

- Você é muito gentil, por isso têm tantos amigos - ela voltou ao seu assunto preferido

- Uma vez, eu ri muito do Léo, ele tinha caído no chão, acontece que naquele dia ele não estava bem e eu ganhei um bom soco - ri com a recordação - Nem sempre sou gentil

- As pessoas erram, é o que minha mãe sempre diz - ela deu de ombros - Mas o Léo não deveria ter batido em você, foi violento - ela fez careta

- Concordo plenamente - sorri - Mas agora Léo está domado, Raquel o conquistou e ele é um novo homem

- Minha mãe sempre diz que o amor muda as pessoas - ela sorriu

- Se você visse meus amigos, só confirmaria o que sua mãe diz - ri

- Eles parecem ser legais - ela repetiu aquela frase de novo, eu já estava achando estranho ela insistir tanto nessa teoria

- Eles são - respondi tranquilamente, mas fiquei a encarando em silencio, ela era muito intuitiva, mesmo sem poder ver, às vezes Ayla percebia as coisas ao redor antes de mim, eu sabia que ela acabaria por revelar o motivo por trás disso

- Eu sei que falo isso toda hora, Fernando - ela inclinou a cabeça - Eu posso te fazer um pedido?

Como eu imaginei, ela revelou

- Pode me pedir o que quiser, se estiver ao meu alcance, eu vou amar ajudar - sorri

- Bem - ela sorriu ansiosa - Eu queria conhecer essas pessoas, elas parecem muito legais pelo modo que fala delas

- Quer conhecer meus amigos? - aquilo me agradou e fez total sentido, ela deveria estar com vontade de me pedir isso há muito tempo, mas a coragem lhe faltava, fiquei muito feliz por ela confiar em mim agora, eu amaria apresenta-la para eles, eu tinha certeza que só faria bem, Ayla precisava disso, eu teria uma longa conversa com sua mãe se fosse preciso, mas eu iria conseguir esse feito

- Sim, eu quero muito isso - sua empolgação era quase palpável - E sua irmã também, Joice parece legal, quero definitivamente ser amiga dela

A Face Do Amor | Trilogia: Faces | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora