A Face Do Amor | Trilogia: Faces | Livro III

Capítulo 18 - Guardada Na Memória E No Coração

FERNANDO ALENCAR

Eu estava sentado naquela cadeira, esperando Ayla ser chamada, ao meu lado, a garota tinha um papo tranquilo com Raquel, faziam anos que eu não faltava ao trabalho, isso me lembra que minha irmã dizia que eu trabalhava demais e não aproveitava a vida

"A empresa é nossa, não precisa dar o sangue por ela sozinho"

Uma coisa levou a outra e olhando aquelas paredes brancas, comecei a imaginar como Joice se sentiu ao vir fazer seus exames, sozinha, como deve ter sido quando ela veio buscar os resultados, ela passou por tudo isso, sem ninguém ao seu lado, às vezes eu penso que deveria ter notado que ela estava estranha, por mais que ela tivesse escondendo, como não notei? Por que não percebi?

- Ayla Ametista Braga Santana - uma moça disse logo a frente

Nós três levantamos e acompanhamos a mulher, Ayla entrou na sala com a ajuda de Raquel, logo a enfermeira estava tirando o sangue dela, eu estava observando tudo, em silêncio, depois fizemos uma pequena caminhada até o local onde tiraram o raio-x da cabeça dela, Raquel estava a ajudando, eu estava olhando sem dizer uma única palavra

Eu poderia me lembrar de quando viemos ver Isa pela primeira vez, foi tão bom, ela era uma bebê lindíssima e eu me senti ótimo entrando no hospital, então por que hoje eu estava me sentindo... Assim?

- Fernando, vamos - escutei Raquel dizer

- Sim - assenti - Desculpe

A enfermeira me encarou de modo estranho e eu simplesmente segui Raquel. Então, Ayla estava na ressonância magnética, ela parecia tranquila, ansiosa até, ela era um quebra-cabeça que eu não sei se poderia decifrar

- Ainda bem que eu vim - Raquel falou ao meu lado - Você está estranho, o que houve?

- Nada demais - não desviei meus olhos de Ayla

- Há algo bem errado com você, Fernando - Raquel continuou - O que foi? Diga

- Eu não sei - olhei para ela - Me sinto... Incomodado com o local

- Em que sentido? - ela arqueou uma sobrancelha

- De repente, lembranças da minha irmã começaram a surgir na minha mente, eu penso como foi para ela, fazer os exames, com medo de que algo estivesse errado, sozinha, depois... Os resultados, mas uma vez, sozinha

- Ela escolheu isso - ela disse - Eu não quero culpa-la, nem nada, só acho que sua irmã poderia ter chamado alguém para ir com ela, uma vez, o Leonardo me contou, que sua irmã disse a ele que se arrependia de ter escondido a história por um período de tempo, mesmo que tivesse sido pouco

- Ela disse isso a ele? - senti meu coração apertar

- Sim, Fernando - ela olhou para a Ayla - A situação é oposta aqui, as esperanças dela estão sendo alimentadas, essa menina está fazendo esses exames em busca de algo melhor, sabe? Você a trouxe aqui, então fique do lado dela, se as coisas não saírem como esperamos, precisamos dar todo o apoio para a Ayla

- Sim, você tem razão, Raquel - olhei para Ayla - Eu a coloquei nessa situação

- Não se culpe, não foi exatamente isso que eu disse, ela quis estar aqui, aliás, ela merece tentar, mas nem toda tentativa resulta em sucesso, devemos estar preparados para o melhor e também para o pior

- Você é sábia - sorri

- Obrigada, eu dou o meu melhor - Raquel respondeu

O exame de Ayla terminou, a enfermeira prontamente a conduziu até nós, ela tinha um enorme sorriso no rosto, o que me motivou a se concentrar nela