Sentia como se meus pés fossem derreter, como se o resto que sobrava da minha alma, – que talvez nem sequer tivesse existido – flutuasse. Era como um cogumelo gigante refletindo em meus olhos. Não sabia de que maneira eu me mantive até aqui. Eu estava no meio da multidão parada. Com todos correndo e gritando ao meu redor, eu sabia que seria o fim, eu gostaria de dizer que cheguei aqui com a felicidade no coração, porém ele só sabia sofrer e querer imitar as pessoas que estavam ao meu redor.
Olhando para o lado há uma tv ligada, com a imagem de um repórter cometendo suicídio ao vivo. A corda feita com os fios que sobravam da instalação elétrica apertando cada vez mais seu pescoço, de alguma forma aquilo não parecia doloroso, parecia mais um alívio. Sou interrompida por um jovem que começa a quebrar a tv.
O brilho ficava cada vez mais forte, quase sentia minha pele queimar, dando lugar às frestas luminosas. E no horizonte eu podia ver ele andando de maneira calma. Assim como eu, sua pele queimava aos poucos. Não éramos feitos de trevas como tantos outros falavam, agora eu sabia do que éramos feitos.
E a cada passo que ele dava, era como se ele virasse uma criança, e foi o que aconteceu, ele agora era meu garotinho vindo em minha direção. Conseguimos encontrar um ao outro. Eu segurava sua mão, não importava se aquilo era um devaneio, mas ter ele como a minha última visão de mundo era tudo que eu precisava.
O mundo não iria acabar por uma força divina, por concluir seu dever, mas por uma força mundana inundada pelo ódio.
— Vamos para casa.

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The Little Dark Age
Historical FictionNa obscuridade do reino de Vênus, uma jovem rainha ascende ao trono sem estar preparada para os segredos sombrios que envolvem seu legado. Trea Shackleford enfrenta um dilema devastador: governar seu povo ou lutar pela própria sobrevivência. Quand...