Capítulo III

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Andar em meio a multidão e os odores mesclados à cigarro e álcool era uma verdadeira agonia ao loiro. Não era acostumado a frequentar tais festas, principalmente quando você nem é convidado e está dando o máximo de si para não ser avistado por seu inimigo. A mão masculina cobriu as narinas desprotegidas com o intuito de bloquear a passagem da fumaça ou outros odores desagradáveis. Tentativa falha.

Perguntava-se onde seus amigos poderiam estar em meio ao mar humano que instalava-se no salão principal. Torcia para que eles não tenham sido pegos pelo Lachowski ─ que poderia espancá-los caso os pegasse no flagra. ─ assim como estaria fugindo a todo custo do valentão e seus capachos. Aparentemente, não teria sido notado por nenhum jovem que aproveitavam a festa, novidade. Mas não duvidava de que em pouco tempo teria um valentão enraivecido em sua cola durante toda a festa. Tudo que Pietro mais queria era encontrar a asiática, conseguir o que procurava e assim ir embora do recinto antes que fosse pego.

Avançava cautelosamente em meio à multidão de pessoas embriagadas, esquivando-se e pedindo desculpas por inúmeros esbarrões ─ mesmo sabendo que eles não iriam lhe responder e caso respondesse, seria uma resposta seca e grosseira. ─ Desde que separou-se de seus amigos, Pietro vagava sem rumo pelo âmbito barulhento e movimentado. Não sabia para onde estava indo por cerca de uma hora. Parecia que a asiática teria evaporado do núcleo, já que a mesma disponibilizou-se à ajudá-los para pagar uma dívida que tinha com eles. Graças à Pietro e Nolan, a oriental livrou-se de uma grande dívida existente com o futuro herdeiro dos Lachowski e que a dívida no qual obtinha, agora era com a dupla. Eu não queria ter de pedir um favor desses à Mei.

Os globos azuis pairavam sobre o âmbito em busca da Nakamura e de seus amigos ─ e sua não-amiga, Peregrina. Ou Lorena. ─ Cogitava a ideia de vociferar em público. Talvez assim poderia encontrar a asiática e seus companheiros. Todavia, tinha receio de atrair a atenção de quem menos desejava encontrar no momento: Spencer. Gritar não seria uma boa ideia, mas sim uma péssima ideia.

— Tsc. Cadê eles?! — murmurou Pietro visivelmente preocupado enquanto vagava entre inúmeros grupos presentes no âmbito.

Sua mão destra apanhou uma quantidade de fios dourados, amaciando-os conforme andava sem rumo. Entretanto, sua caminhada encerrou-se com o encontro corporal que tivera, levando-o ao chão imediatamente. Não se importaria caso tivesse esbarrado-se com outro garoto. Todavia, a sorte não lhe favorecia naquela noite agitada de sexta-feira. Posicionando suas mãos no carpete de tons bege ─ no qual era impossível de se notar sua tonalidade original. ─ Pietro impulsionou seu corpo minimamente, que fora agarrado pelo indivíduo em que esbarrara há segundos atrás. Droga, por que justamente ele?

— Campbell? É uma surpresa ver você aqui e saber que você invadiu minha casa. — comentou uma voz rouca e grave. Spencer. — Está afim de beber um pouco antes que eu te dê uma surra por esta invasão?

O timbre trêmulo denunciava a fúria existente no maior. Spencer não esperava por sua aparição em sua casa. E saber que ele desejava o agredir, fazia com que sua preocupação juntamente ao medo se proliferar. Pietro negou com a cabeça em silêncio, fazendo o valentão franzir o cenho no mesmo instante. Era surpreendente como o loiro era tão certinho que preferia apanhar ao ter de ingerir álcool. Como esse garoto me irrita!

Um sorriso maldoso se estendeu nos lábios do Lachowski, que jogou o corpo do mais novo contra o chão sem medir sua força. Pietro gemeu.

— Vamos. Não será tão ruim assim. — insistiu Spencer antes de dar as costas ao loiro, empurrando qualquer indivíduo em seu caminho. — Você só sairá daqui assim que fizer tudo que eu mandar. E depois de apanhar muito.

Peregrina [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora