Capítulo VIII

30 5 47
                                    


Investigar tornara-se uma ação odiada para a jovem alienígena. Para ela, investigar algo inexistente era completamente desnecessário. Agachada e recostada ao alto muro de tonalidade bege, Peregrina tomou impulso ao levantar-se e posicionar suas mãos sobre superfície rochosa no qual a mesma imediatamente pulou. Seu corpo caíra sobre os arbustos bem aparados e verdes que decoravam as laterais interiores do muro, o que resultou em um resmungo de sua parte devido aos finos gravetos que arranharam sua pele. Pelo menos tinha algo para amortecer minha queda. 

— A delegacia fica aberta vinte e quatro horas por dia. Temos que entrar sem que os policiais notem. — sussurrou Evan enquanto mantinha-se camuflado em meio aos arbustos. — Se encontrarem uma entrada oculta, digam logo. 

Os olhos azuis vasculhavam a região em busca do que fora pedido. Algumas vezes, seu aparelho implantado conseguia lhe fornecer as devidas informações sobre o recinto público e movimentado da rua Williston Rd. Todavia, as constantes falhas provocavam o desaparecimento de informações importantes, como a visualização holográfica do cronograma no qual revelava o abandono da ronda diária de cada policial do estabelecimento. Eu te considero muito por me ajudar em várias ocasiões, Sr. Peete. Mas agora você está sendo um completo inútil. 

Desistindo de sua busca por informações, Peregrina bufou e remexeu-se desconfortável em seu esconderijo natural. Pietro por fim movimentou-se alarmado ao agarrar o braço de Brianna, sussurrando algo no ouvido direito da jovem loira. A Lovegood arregalou os globos azuis ao ouvir o que o rapaz teria dito. A troca de palavras entre a dupla causava-lhe ondas de curiosidade. 

— Os policiais entraram na delegacia com a Cora e Nolan. — sussurrou a garota trêmula. Seus dedos agarraram os fios dourados de seu couro cabeludo em um ato de nervosismo. — Droga. No que eles se meteram?

Lucca gemeu desconfortável em seu esconderijo. Não desejava ser abordado pela lei. Imaginava o sermão que levaria de seus pais caso estes descobrissem. Mas se o Spencer descobrir, com certeza ele vai querer me escravizar como preço de seu silêncio. 

— Não tem outro jeito. Teremos de ajudá-los. — concluiu a asiática em uma entoação calma. — Mas precisamos despistar os policiais de guarda. 

{...}

Os fios rubros esvoaçaram-se com a ventania gerada pelo aparelho elétrico anexado à parede de tonalidade neutra. Algumas vezes, as madeixas vermelhas ocultavam sua visão do corredor movimentado do recinto público. Peregrina permaneceu em silêncio enquanto Pietro comunicava-se com os policiais locais em relação à vinda do grupo no recinto público.

— Soubemos que nossos amigos foram abordados, e eles nos chamaram aqui por algum motivo. — o loiro mentiu enquanto massageava seus cabelos nervosamente. O policial semicerrou os olhos, desconfiado. — Podemos pelo menos visitá-los? 

— Eles estão em um interrogatório. Não poderão receber visitas até que suas acusadoras sejam interrogadas. 

Suas acusadoras? Peregrina franziu o cenho ao ouvir as palavras do homem ─ que bebericava seu mediano copo de café e devorava uma porção de donuts caramelados. ─ pelo pouco que conhecia Nolan e principalmente Cora, sabia que ambos não seriam capazes de cometer atos criminosos. Seja estes leves ou graves. Todavia, perguntava-se quem seriam suas supostas acusadoras. A alienígena analisava desinteressadamente o azulejo neutro abaixo de seis pés assim que Pietro retornara com uma expressão frustrada estampada em sua face. 

— Eles só vão ser liberados daqui a uma hora. — comentou o loiro antes de retirar seu smartphone de seu bolso, desbloqueando-o. 

— Mas o policial falou o que eles fizeram? 

Peregrina [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora