Capítulo 7 - Começo do Fim

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- Daryl -

~ Três anos mais tarde ~

Acordo suado e com a respiração pesada por conta de um pesadelo com meu pai. Isso acontece pouco, mas ainda ocorre. Fico repetindo na minha cabeça a mesma frase: "Você não tem mais oito anos, você cresceu e pode se defender." Até que vejo um pequeno furacãozinho loiro correr até a cama. Missy, a garotinha com rosto de anjo, mas que na verdade é uma força da natureza.

Como estou deitado finjo que durmo quero ver o que ela vai fazer para me acordar... Sinto que ela tenta subir na cama, sem sucesso, mas mesmo assim não desiste... Se segura no cobertor e começa a tentar escalar, depois da quarta tentativa ela consegue subir e se aconchega a mim. Pega meu rosto em suas mãos gordinhas e diz

- Acoda, papai, o sol já acodou. Ele já esclareceu - tem a voz de um anjinho. Um anjinho bagunceiro, mas um anjinho...

Eu a abraço e ela sorri me mostrando suas covinhas. Tem cabelos loiros cacheados, pele branquinha com grandes bochechas rosadas e olhos bem azuis. Parece tanto com Lauren, mas tem os olhos do Merle. Merle... Não vejo meu irmão há mais de dois anos, ele se mandou quando Missy tinha seis meses. Me deixando o contato de um advogado para oficializar a guarda da minha sobrinha.

Foi a melhor coisa que ele já fez, ele não queria a menina, ela precisava de mim e eu dela. Foi assim que passei a me tornar papai, ainda sinto a mesma sensação que tive quando ela me chamou assim pela primeira vez quando tinha onze meses. Uma mistura de medo, amor e preocupação. Eu sabia que faria e seria qualquer coisa por ela... Não sou o mesmo Daryl de três anos atrás, esse pequeno serzinho me mudou muito. Ainda sou fechado, tenho pesadelos e sou meio grosseiro, mas já não carrego dentro de mim tantas feridas abertas. Missy ajudou a cicatrizar esses machucados.

- Tá bom, sua pequena mandona, vamos lá tomar café - eu digo enquanto me levanto com ela no colo

A levo para seu quarto para escovar os dentes e tomar banho, nunca pensei que eu, Daryl Dixon, cuidaria de uma garotinha. O banho vira uma bagunça com espuma, risadas dela e eu tentando não deixá-la escorregar e cair. Virei um babaca superprotetor. Assim que o banho termina a enrola na toalha e vamos para o quarto, o mesmo quarto que era de Merle e virou o quarto dela. Acho que meu irmão teria uma síncope se visse o ambiente rosa cheio de laços, babados, bonecas e bichos de pelúcia. O pensamento de Merle dormindo naquele quarto me faz rir

Quando termino de vesti-la para a creche, ligo a televisão em um canal de desenhos e vou pro meu quarto tomar um banho rápido. Volto pra sala, vejo se está tudo bem com ela e vou para a cozinha providenciar nosso café da manhã... Cereal com leite, e frutas pra ela, café e panquecas pra mim.

Comemos rápido porque tenho que deixá-la na creche e depois ir para a oficina. Essa rotina me deixa tranquilo e me faz lembrar o quanto era difícil lidar com um bebê recém-nascido. Eu não sabia fazer nada. Literalmente nada. Não sabia trocar uma fralda, dar banho em uma coisinha que parecia que ia quebrar em minhas mãos e não sabia o que fazer quando ela chorava com cólicas no meio da madrugada e Merle não ajudava com nada... Foi uma época bastante difícil, mas vencemos isso... O pior já passou, estamos bem mais confiantes agora, eu sei o que ela precisa antes mesmo que abra a boca e ela tem em mim seu porto seguro...

Devaneios a parte, deixo ela na creche e falo para a responsável pela sala dela

- Bom dia, senhoria Gonzáles - eu cumprimento a senhora latina de meia idade - Qualquer coisa pode me ligar, meu telefone fica perto de mim o dia todo - eu digo e ela sorri

- Pode deixar, Daryl, mas eu sei que não vamos precisar - ela responde com seu costumeiro sorriso tranquilo

- Okay então, eu vou indo - me despeço dela e me viro para minha pequena

A era dos Mortos | Daryl Dixon  Onde histórias criam vida. Descubra agora