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"Hum, o que, Eduardo? - Olhei-o fixamente, enquanto ele mantia uma expressão de desgosto com uma mistura de ciúmes.

"Nada." - Ele falou friamente e saiu do sofá indo para seu quarto. Levantei-me do sofá também e fui atrás dele. Começou a pegar as suas coisas sem olhar no meu rosto, quando ia toca-lo, ele se desviava e volta a arrumar sua mochila.

"Vai ficar de ciúmes agora?" - Falei um pouco, fazendo ele me olhar com raiva e se aproximar de mim.

"Você quer que eu fale o que, Natan? Que eu estou de boa com você por estar saindo com um menino que nós dois sabemos que está afim de você? "Se quiser eu falo, não me importo."

"Ele não está afim de mim, isso é tudo coisa da sua cabeça." - Ele sorriu sarcasticamente.

"Não, imagina! Só quer te fuder mesmo, e você bobo vai deixar." - Olhei desacreditado para ele. Como ele pode achar isso de mim? Não falei nada e sai andando rapidamente do quarto. Ele veio atrás pedindo desculpas.

"Não vou desculpar agora Eduardo. Você só fala merda, sabia? Faz burrada e depois vem pedindo desculpas como se merecesse!" - Tirei as lágrimas que saiam do meu rosto. Elas não eram de tristeza e sim de raiva. "Vou embora, e nem tente me impedir... Se não... acabou qualquer chance de ficarmos juntos." - Voltei para o quarto em silencio e ele não me seguiu.

Arrumei minhas coisas tudo rápido e quando terminei, fui para a porta de entrada da casa. Olhei para o Eduardo, que estava no sofá assistindo televisão quieto e de cara fechada, e falei calmamente.

"Eu sei que você está certo em partes, mas me machucou o que você falou." - Ele nem me olhou no rosto, abaixei a cabeça com certo remorso, mas logo, levantei-a e sai pleno do apartamento.

Comecei a pensar no que eu ia voltar: Se eu fosse a pé, iam ser 25 minutos, se fosse de ônibus, uns 12 minutos no máximo. Peguei minha carteira e vi que não tinha dinheiro, então acabei optando por caminhar mesmo.

Chegando em casa, vejo o relógio, e eram 13:45, tinha tempo ainda. Comecei a tomar banho, e comecei a pensar nos problemas, nas dores e nos meus desafios que iria enfrentar. As gostas que saiam do chuveiro, caiam pelo meu corpo, me fazendo fechar os olhos para relaxar. Isso acabou me tirando da realidade e me levando para um mundo onde as coisas eram mais fáceis. Onde eu chorava de felicidade, não de tristeza, onde o mundo era composta de pessoas que tinham o respeito e o amor. Um lugar em que você podia ser quem você quisesse, sem ter medo. Mas acabei sendo trazido para meu corpo, quando escuto alguém batendo na porta.

"Oi?" - Grito normal, mas o eco faz com que o som aumente o tom.

"Tem u......." - Minha tia falou algo, mas não entendi, já que meu celular estava tocando música. Tenho esse costume.

"Tá, já estou saindo" - Respondi a minha frase (padrão), só para ela não ficar com raiva de ter que repetir.

Fechei o chuveiro, coloquei minha cabeça na parede pegando força para sair do box - Lembrando que estava um frio - e quando finalmente consegui, sai disparada para me embrulhar na toalha.

Fui pegar minha roupa para vertir e percebi que eu havia esquecido minha cueca e minha calça em cima da cama. Então coloquei a camisa e amarei minha toalha na cintura. Abri a porta do banheiro, respirei fundo e corri para meu quarto. Sabe aquele momento que você corre e fecha algo super-rápido, com medo de alguém te ver. Eu fiz isso e entrei no meu quarto batendo a porta.

"Oi? Tudo bem?" - Uma voz baixa fala, me fazendo me virar assustado para trás. Vi que era o Luan. Ele estava deitado na minha cama com o celular em sua mão, mas sua atenção estava em mim.

Querido Diário (RELATO GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora