Capítulo 4

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Fechei meus olhos fortemente com a esperança de quando abri-los encararia o teto branco de meu quarto

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Fechei meus olhos fortemente com a esperança de quando abri-los encararia o teto branco de meu quarto.

Mas não, tudo que vi foi a mesma paisagem de antes, o mesmo "conto de fadas". Era real, eu estava ali diante daquele homem loiro.

"Afinal, oque é isso?" perguntei cruzando meus braços, um gesto que não foi tão defensivo como pensei.

"Este é o lugar onde pertencemos. O verdadeiro Campo das Flores, aquela cidade que você acredita ser o seu lar é uma farsa construída em cima da nossa verdadeira casa." Ele explicava com um tom de voz novo aos meus ouvidos, era animado e desleixado.

" Tá certo" respondi tentando parecer sarcástica mas ele me olhou com os olhos brilhando de esperança, aquele brilho cinza que refletia em seus olhos já não estava mais lá. "E você? Quem é você de verdade? Qual o seu nome?"

Ele se sentou na grama verde, uma de suas mãos apoiava seu rosto que por sua vez, refletia uma expressão de pensamento.

"Já te disse, sou da mesma espécie de você. Minha missão é protege-la e guardar as chaves da cidade, e você pode me chamar de Dustin."

"Dustin? É um nome um tanto diferente." Respondi treinando a pronuncia mentalmente, soava alegre e divertido "E quanto a esse papo de me proteger obrigada, mas prefiro voltar pra casa sozinha" disse me virando para trás, mas obviamente não tinha como voltar pra casa, eu estava presa naquele sonho.

"Vai em frente e vire na primeira direita" seu tom de voz era debochado "Tudo que encontrará é a mesma paisagem de sempre, você não pode voltar pra lá, não sem mim" seus olhos desafiavam os meus, seus lábios estava completamente fechados mas eu sei que por dentro Dustin estava se divertido como nunca.

"Ok. Quer brincar de sequestro, então vamos brincar" falei encarando ainda mais seus olhos "Mas lembre, a qualquer momento vão sentir falta de mim e a policia começará a se envolver e quer saber do pior? O final não vai ser o melhor pra você" minha voz parecia mais segura do que pensei, uma coragem transportava de mim sem eu perceber. Ele por sua vez não parecia nem um pouco assustado, pelo contrário, ria como se tudo fosse um grande show de comédia.

"Como você é engraçada. Não se preocupe, tudo que quero é conversar ou melhor, algumas pessoas daqui querem conversar com você, então se você poder parar de fazer tanto drama e me acompanhar, isso facilitará meu trabalho e muito." Se levantando do chão ele veio em minha direção e eu desviei, seus lábios então formaram um sorriso e seus olhos lançaram um olhar de deboche para mim. Ele já estava se tornando irritante, seus movimentos eram mais leves do que pareciam, Dustin se ajoelhou no chão e pegou o livro de meu pai, depois se virando em menos de um segundo sua mão segurava a minha.

"Devolva meu livro!" tentei puxar de sua mão mas ele apenas ergueu o braço em uma altura que mesmo que eu pulasse não conseguiria pegar.

"Não é seu, é de seu pai. Ele pertence a Jasmim, não a você. Agora vamos"

A caminhada durou vinte torturáveis minutos, a mistura do canto de vários pássaros era o único som entre nós. Tentei diversas vezes soltar minha mão da sua mas todas as tentativas foram inúteis, Dustin parecia menos irritante deste modo, quando sua boca estava fechada era mais compreensível do que quando ele falava.

Chegamos na frente de um grande edifício, ele se parecia muito com aqueles prédios antigos da Inglaterra, grande e imponente. Dustin se aproximou da porta e bateu na madeira preta três vezes.

"Ignis meu amor, eu cheguei" no momento que ele falou pensei que essa Ignis seria sua namorada ou sei lá oque mas quando a porta abriu me deparei com uma menina vestida com jeans azuis e uma blusa branca, como uma criança qualquer. Seus cabelos era loiros puxado pro branco e a ponta de suas mechas eram azuis que combinavam com aqueles grandes e brilhantes olhos, esses olhos eram familiares.

"Dustin, Dustin" sua voz cantarolava o nome dele, diferente de minha voz que tornou essas palavras desafinadas.

"Ignis, está é a menina que falei. Chame Angeli, tenho que apresenta-la à ela" sua voz parecia alegre ao ver a menina e firme ao falar a palavra "Angeli".

"Minha irmãzinha é adorável, não é?" ele me pergunta dando de ombros orgulhoso. Ela não parecia de jeito algum com ele.

"Irmã? Coitada, não queria ter alguém como você sendo meu irmão mais velho" respondo sarcástica, ele me olha ferido por alguns segundos e desvia os olhos para a porta entrando dentro do prédio, o sigo.

"Quem é Angeli?" pergunto me esquivando das poucas pessoas que caminhavam apressadamente naquele lugar, ele era totalmente diferente do que imaginei, pensei que seria um lugar caindo aos pedaços, com algumas pinturas desbotadas e teias de aranha. Mas era totalmente diferente, tinha vários equipamentos tecnológicos espalhados pelas salas, as paredes eram brancas acinzentadas e as grandes portas eram marrons.

"É a minha chefinha, mas não se engane. Ela é linda e seu sorriso é mais belo ainda mas bem, ela tem um temperamento difícil" ele disse puxando meu pulso empurrando uma porta preta no fim do corredor. " Se comporte ou ela é capaz de arrancar sua língua". Ele disse com um tom firme e assustador, não tão assustador assim.

"Ora Ora, então esta é a filha de Raphael," sua voz transmitia tranquilidade e calma, seu leve riso nos fazia querer rir junto. Dustin se aproximou juntando as mãos e abaixou a cabeça, um tempo depois ela fez o mesmo. Angeli era realmente uma mulher linda, o cabelo comprido e negro, os olhos castanhos com um leve brilho vermelho mesmo com aquele vestido comprido e sem decote algum ela parecia feminina e bonita, diferente de mim que vestia um jeans preto e uma blusa rosa.

"Me desculpe, mas a senhora está errada. Meus pais se chamam Augusto e Marilia." Disse educadamente, Dustin e a tal de Angeli riram de minha resposta.

"Não venha com esse papo, eu sei que você é a filha daquele verme. Sei que o diário daquele lá escolheu você, apenas você pode lê-lo porque tem o sangue daquele maldito".

"Não chame meu pai assim, você não o conhecia! Eu só quero sair daqui, só isso!" gritei enfurecida com aquela mulher, tentei procurar pela porta da entrada mas toda sala estava fechada por paredes amareladas. Os olhos de Dustin sorriam tristemente para mim e sua voz invadiu minha mente "Acalme-se querida, eu não vou deixar ninguém machuca-la. Angeli só quer fazer algumas perguntas."

"O-oque foi isso? Como fez isso?" perguntei colocando minhas mãos na cabeça, senti uma leve tontura e parecia que iria desmaiar neste momento.

"Ah querida, você sabe menos do que eu pensei" ela disse se aproximando de mim e segundo depois segurava meu rosto em suas mãos, seu olhar era afiado igual ao daquela anja-caída. "Ou está se fazendo de desentendida." Seus dedos pressionaram ainda mais meu pescoço, meus pés estavam centímetros acima do chão.

"Angeli! Você prometeu que não a machucaria" Dustin a empurrou para o lado, colocando seu corpo na frente do meu para me proteger.

"E não vou, só quero respostas. Só quero que ela pare com esse teatrinho, você é como seu pai, Raphael adorava um teatrinho, não foi atoa que ele tenha sido mandado para o inferno" ela falou se levantando do chão, aquilo era tudo que eu precisava ouvir, eu não ficaria um minuto a mais naquele lugar.

"Eu quero sair! Me deixem sair!" minha voz ecoou pela sala, minha cabeça girava, sentia dor, cansaço e vontade de vomitar.





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