Capítulo 21

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Um homem tocava meu rosto, ele era alto e de pele clara, tinha um semblante de preocupação estampado em sua face, os mesmos olhos castanhos que herdei

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Um homem tocava meu rosto, ele era alto e de pele clara, tinha um semblante de preocupação estampado em sua face, os mesmos olhos castanhos que herdei. Papai sussurrei quase sem voz, era estranho vê-lo novamente.

"Jasmim." Sua voz continuava forte e calorosa depois de tantos anos, ele havia me colocado em seu colo e seus dedos alisavam meu cabelo preguiçosamente. "Minha filha, eu jamais deixarei você sozinha, nunca mais."

Foi assim que descobri que Augusto Morais, ou melhor, Raphael Landuph estava vivo.

A batalha travada por Priam chegou ao fim na madrugada do outro dia, oque me surpreendeu pois acreditava que tudo aquilo duraria dias, talvez semanas.

Já havia tomado banho e curado meus machucados, meu pai não saiu de perto de mim por um segundo que fosse e sempre estava a me perguntar se tudo estava okay. Ele continuava a mesma pessoa de sempre, preocupado mas alegre.

Agora estávamos sozinhos no escritório de Angeli, ele me explicava oque aconteceria com os outros.

"A Rainha Seelie tentou fugir, porém Núbia e Mergust conseguiram captura-la e hoje mesmo ela irá a julgamento. A Rainha Cybel havia fugido antes da batalha e ninguém tem alguma pista de onde ela possa estar. Priam será cremado e suas cinzas ficaram presas na Ilha dos Corvos, como manda a lei para criminosos fugitivos."

"Mas porque eu desmaiei?"

"Você não se lembra? Jasmim, você salvou Dustin." Ele falou orgulhoso, fitei o chão confusa tentando capturar qualquer lembrança que me viesse à mente. Nada. "Dustin golpeou fatalmente Priam no mesmo momento em que ele acertou o peito de Dustin, se não fosse por você, Dustin estaria sendo enterrado neste mesmo momento. Jasmim, a profecia se fez real." Ele segurava minha mão sorrindo para mim.

A profecia se fez real, era tudo verdade oque Núbia havia me contado, eu era a ''Filha do Anjo'' e nada poderá mudar isso.

"E mamãe? Como ela está? Ela sabia de tudo isso?" disparei cada pergunta nervosa, ele se endireitou fincando as unhas na pele, ele sempre fazia isso quando estava apreensivo.

"Sua mãe está bem. E não, ela não sabe de nada disso. Marilia é apenas uma humana como qualquer outra."

"Eu quero voltar pra casa, eu adoro este lugar mas quero minha vida de volta. Quero mamãe e você perto de mim, quero viver minha infância de novo." Falei cuidando cada palavra, não queria chorar na sua frente pois sabia que ele não aguentaria e também começaria a chorar.

"Sua mãe não se lembra mais de mim, ela sabe que seu marido morreu mas não sabe que Paulo sou eu. Por um lado estou feliz de saber disso, não quero machuca-la mais do que já machuquei." Ele olhava para cima, longe dos meus olhos tentando controlar as lágrimas.

"Jasmim, não podemos voltar agora, temos tantas coisas pra fazer aqui. Imagine oque o seu poder pode fazer, você pode salvar o mundo."

"Salvar o mundo? Pai, eu sou uma péssima nephilin e uma porcaria como humana. Você acha mesmo que uma criança tola como eu consegue salvar o mundo? Eu só quero voltar a ser como eu era." Peço cuidando cada olhar e cada palavra.

"Não peça o impossível Jasmim. Você pode fazer tudo oque quiser, mas você nunca conseguirá fugir de quem você é agora. Fique comigo aqui, por favor." Ele segurava minha mão de maneira forte mas sem machucar, eu não podia continuar aqui, eu não podia optar em ficar aqui com ele mas sem a mamãe.

" Não é justo para a mamãe."

"Não foi justo para mim também, eu fiquei sete anos longe da minha menininha, sete anos sem ver o seu sorriso, sem saber como você estava e sem poder abraça-la. Você acha que foi justo para mim? Eu não sumi por que quis, era a única maneira de lhe proteger, de proteger o seu poder."

"Me proteger do quê? Você poderia me proteger junto a mamãe. Ela deve estar preocupada comigo, mesmo que o tempo passe diferente aqui sei que já faz muito tempo que ela não me vê, ela..."

"Jasmim, você era tão esperta quando criança, como emburreceu do nada? Sua mãe não sente sua falta porque há outra Jasmim do lado dela, uma Jasmim idêntica a você." Ele soltou um riso fraco, sarcasmo nos olhos castanhos, seus dedos batendo na madeira polida. "Eu sabia de sua vinda para cá desde os preparativos. Mesmo que eu não pudesse participar da Academia Alpha, eu sempre tenho informantes valiosos perto de mim e por isso consegui fazer com que alguém ficasse lá com sua mãe. Ilussis Belicus, significa Beleza Ilustrada, eu criei uma cópia totalmente igual a minha filha, neste momento ela deve estar passeando pelo parque com a mamãe." Seus dedos pararam de bater e ,sem som, silabou xeque-mate.

"Isso não significa nada, eu posso voltar até lá e dar um jeito na sua criatura. Eu sou mais forte do que pareço."

"Hahaha, há minutos atrás você estava se fazendo de vítima, dizendo que era uma merda de nephilin e humana, então, como conseguiria parar minha criatura? E mesmo que consiga, sua mãe nunca irá reconhece-la, Marilia não te reconhece mais e sabe porquê? Porque seu papai pode fazer isso também, eu posso controlar o tempo."

"Em que momento você se tornou assim? Em que momento deixou de ser o homem doce e sensível que você um dia foi? Em que momento deixou de ser meu pai? Foi no momento em que sumiu do meu mundo?"

"Eu só lhe mostrava oque eu queria que você soubesse. Eu sempre soube do seu poder, sempre fui assim e aquele seu doce pai era apenas uma máscara. Bem vinda ao meu teatro, Jasmim." 

Campum FlorumOnde histórias criam vida. Descubra agora