Bem vindos

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Era um domingo, estava garoando em Londres, eu estava no cemitério sentada sob o túmulo do meu pai.
Eu adorava ficar lá, lendo, às vezes falando com ele, as vezes ele me respondia, eu ouvia a voz dele, ouvia dentro da minha cabeça. Me chame de louca se quiser, mas eu juro, ele me responde as vezes.
" Pai, hoje eu tive um dia ruim sabe, foi difícil na escola, vem sendo difícil a muito tempo." Mas dessa fez não ouvi a resposta, mas sim um trovão e então começou a chover mais forte e eu decidi ir para casa.
"Megan onde você estava?" Minha mãe me abraçou assim que entrei toda molhada. "estava preocupada." Ela sempre dizia isso.
"Eu fui ver o papai, mas ele não me respondeu hoje." disse magoada e minha mãe me abraçou.
" Ai Meg" ela disse soltando um suspiro longo "Já faz tanto tempo, você tem que aceitar que seu pai se foi queria. Isso tudo é coisa da sua cabeça, você está imaginando por que não consegue aceitar, tem que se deixar ter uma vida normal."  Depois desse comentário eu me soltei dela e corri para o meu quarto. Já não bastava as pessoas da escola tirando sarro de mim, agora minha mãe queria insinuar que eu não sou normal?
Tranquei a porta de meu quarto e de dentro da minha mochila tirei dela uma caixinha pequena que continha uma lâmina do meu apontador quebrado propositalmente. Fui ao banheiro do meu quarto, passei a lâmina sobre meus pulsos enquanto algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto.
As pessoas dizem que se cortar não resolve os problemas, e talvez não resolva mesmo, mas depois da morte do meu pai era a única coisa que aliviava minha dor, pelo menos momentaneamente.  Eu andava de blusa de frio o dia todo, mesmo se estivesse muito calor. Não me orgulhava disso, mas era a única maneira, eu sabia que era a única maneira.

Na manhã seguinte, coloquei o moletom da escola, uma calça jeans e um all star branco de canos alto. Fiz uma trança em meus cabelos violeta, que eu amava e tive muito trabalho pra convencer minha mãe a me deixar pintá-lo, e arrumei a mochila.
"Mãe já vou." Gritei enquanto descia as escadas e corria para a porta.
Fui andando até a escola, o portão ainda estava fechado. Eu chegava cedo, ficava esperando o diretor, entrava e pegava o material no armário e depois ia para a classe e me sentava na última carteira na fileira da janela.
"Bom dia Megan." disse o diretor "Que bom que você está aqui, quero que conheça uma pessoa." Ele disse sorrindo e depois gritou. "Aline !" Uma menina morena saiu do carro do diretor.
"Megan essa é a Aline, minha filha. Acho que vocês vão se dar bem, mostre a escola para ela, por favor." O diretor foi para dentro da escola.
Fui andando até o armário enquanto Aline tentava puxar algum assunto comigo.
"Você sempre estudou aqui?" Ela perguntou.
"Sim, e você, por que não estudava aqui?" Perguntei
"Eu achava estranho estudar em uma escola onde meu pai é o diretor, mas minha antiga escola fechou." Ela disse e deu de ombros
Quando estendi o braço para pegar uns livros no armário meu moletom escorregou um pouco, e eu vi Aline observar aquele pedaço a mostra do eu pulso, mas ela não comentou sobre o assunto, o que me deixou muito aliviada. 
"Deixa eu te mostrar a escola." Disse e sai andando com ela atrás de mim.
Depois de mostrar a escola a Aline nós fomos para nossa sala onde teríamos aula de ciências. Os alunos já tinham começado a chegar então abaixei minha cabeça enquanto passava pelo corredor. Por sorte meu lugar ainda estava vazio e não havia ninguém na sala.
Me sentei no mesmo lugar de sempre e Aline sentou-se na minha frente.
Eu não disse nada sobre não ter amigos, ela ia notar uma hora ou outra.
O sinal tocou e os alunos entraram na sala como uma manada de búfalos fugindo dos leões.
"Bom dia !" Disse Rosane, a professora de ciências, animada como sempre.
Se passaram duas aulas e o sino do intervalo bateu, enquanto ia até o armário para trocar meu material ouvi algumas pessoas pelo caminho rindo de mim. Eu sabia o que eles estavam falando.
Depois de trocar o material fui até o banheiro, comecei a chorar, me segurando para não pegar minha caixinha de novo, eu sabia que isso se tornava um vício e, como qualquer outro, não é nada saudável, mas as vezes não tinha como resistir.

"E aí louca? Saiu do hospício?" Olhei pelo espelho vendo o reflexo de Lare, ela já foi minha amiga, antes de meu pai morrer. O hospício que ela se referiu na verdade foi o hospital psiquiátrico Sant. Loius, onde passei a última semana. Nestes lugares, desde que você falasse as coisas certas e agisse da maneira certa, eles te liberaram como se estivessem curados. Lare saiu do banheiro rindo e enquanto eu chorava.

Sai do banheiro enquanto meus olhos ainda estavam vermelhos, mas tinha que chegar a sala de aula antes do sinal tocar. Passei por Lare e seu grupo de cadelas, que a seguiam para onde fosse sem nenhuma excitação, enquanto elas riam de mim.  

"Tragam a camisa de força, a doida escapou." Ouvi uma delas dizer. Segurei as lágrimas e segui em frente quando senti uma mão no meu ombro. Assustada e pronta para correr, olhei para trás para ver quem era dessa vez, mas era apenas Aline.

"Meg? O que houve? Quem era aquela?" Olhei para ela e limpei meu rosto forçando um sorriso.
"Nada, tá tudo bem, era só a Lare." suspirei "Aula de filosofia né ?" Ela assentiu e continuamos pelo corredor em silêncio.

O sino bateu e a aula de filosofia começou, a professora se organizou e depois parou na frente de sua mesa e disse.

 "Eu não sei se outro professor deu importância a isso, mas nós temos dois alunos novos, Aline  Nath" ela apontou para Aline "E Matheus Carson" e depois ela apontou para um garoto do outro lado da sala, que até então eu não tinha visto ali.
Depois de explicar sobre Durkheim ela se virou e escreveu na lousa "trabalho em grupo
: 1º grupo ... 2º grupo ... 3º grupo Megan Hatter, Aline Nath e Matheus Carson." Bom, Aline não é minha amiga, mas é melhor do que um grupo de pessoas que não conheço e que nem gostam de mim. 
A sala começou a arrastar carteiras para se juntarem, Aline virou a carteira dela para mim e vimos o menino vir do outro lado da sala puxando sua carteira. Ele olhou para mim e Aline.
"Você é a Megan?" Eu assenti "Estava andando com uns caras hoje quando você passou, eles te apontaram e disseram coisas sobre você."

"Coisas não muito boas, eu imagino." Ele forçou um sorriso, foi o melhor sorriso forçado que já vi, pareceu quase sincero. 
Quando a sala finalmente estava dividida em grupos e quieta a professora falou "Bom, agora em grupo vocês vão discutir sobre os três tipos de suicídios criados por Durkheim e fazer um texto explicando com suas palavras cada um deles. Isso vai valer como prova. O texto explicando sobre os três tipos de suicídios está na página 123".
Quando a professora de filosofia se sentou, Lare, que estava no 1º grupo, disse "Eu não sei quais são os três tipos de suicídio, mas tenho certeza que a Megan já tentou um deles." A sala toda riu e a professora olhou para Lare repreendendo-a.
Eu abaixei a cabeça ate professora me chamar. Me levantei e andei até a mesa dela.
"Megan, por que a Lare disse uma coisa dessas ?"
"Eu não sei. Ela não gosta de mim, não sei." Disse segurando o choro
"Eu vou falar com seus pais e com os pais dela, tudo bem?" Assenti e  voltei até minha mesa onde começamos o trabalho.

Quando a última aula do dia acabou eu e Aline passamos nos nossos armários para deixarmos o material que não era necessário. Me despedi dela na entrada e iria voltar caminhando para casa. Quando estava passando pelo estacionamento vi o carro da minha mãe, ela deveria estar com o diretor e com a professora de filosofia. Corri para casa, destranquei a porta e subi para meu quarto.

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Heslou gaaal, vcs devem estar se perguntando oq acontecendo né?
Gente, seguinte, pra quem não sabe eu comecei esse livro em 2014 e terminei ele no começo de 2016, ou seja eu demorei anos pra escrever e ao longo desses anos a minha escrita passou por uma evolução muito grande, como vcs podem notar lendo o primeiro e o último cap.
Acontece que os primeiros capítulos estão muito ruins e confusos, e história está confusa e cheia de furos e tals e eu decidi que está mais do que na hora de reescreve, então pra quem começando agr, o livro em revisão, então talvez um capítulo não faça sentido com o outro pq um está revisado e o outro não, mas eu vou tentar reescrever o mais rápido possível.
Bom espero que entendam que eu to fazendo isso pra deixar a história e o texto melhor, espero que de certo ❤️

Pelo sorriso de um fantasma -- A Garota Suicida [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora