Revanche

8.6K 496 156
                                    

Quando todos voltaram para a sala, antes do professor entrar Lare estava andando, com o nariz empinado como sempre, o cabelo molhado preso em um rabo de cavalo, ela foi a última a entrar e, provavelmente saiu correndo do vestiário sem se olhar no espelho. A turma toda tentava esconder as risadas e ela nem pareceu perceber que as risadinhas e cochichos eram sobre ela. 

Algumas pessoas, incluindo Aline, sacaram o celular e começaram a tirar fotos dela, alguns não tão discretamente. Suas amigas tentavam não rir enquanto se aproximavam dela, e quando o professor entrou a sala estava toda agitada.

Lare começou a repara que as risadas eram por causa dela, olhou para suas amigas com uma cara tão desesperada que dava pra quase sentir pena dela. 
"Meg você é um gênio!" Aline dizia entre as risadas.
"Por favor, não surta, acho que vai sair rápido..." Disse Sofy estendendo a câmera de seu celular para Lare. Depois disso ela gritou e saiu correndo com as duas amigas atrás, mas já era tarde de mais, a sala toda já havia visto e fotografado, logo se espalharia pela escola, a magia do Twitter. 

Então uma menina que não era estranha se aproximou de nós. Fany. Fany ou Esthefany, ela não chegava a ser tão popular como Lare, mas tinha muitos amigos, e tinha fama de ser um pouco fofoqueira, mas não chegava a ser uma pessoa ruim.
"Eu não sei que fez aquilo, mas essa pessoa ganhou meu respeito total!" Fany disse.
Eu lhe estendi a mão com um sorriso, e ela apertou, depois pegou seu material e veio se sentar perto de nós.

Quando cheguei em casa, eu estava morta de fome e minha mãe ainda não havia chegado. Subi para meu quarto e liguei a TV.
Alguns minutos depois o telefone tocou e eu desci as escadas correndo pra atender.
"Alo, residência dos Hatter, Megan aqui."
"Megan querida, sou eu a tia Diana." Ótimo tia Diana, irmã da minha mãe. Ela aparecia a cada dois anos nos trazendo problemas e esquecia que eu havia crescido, para ela eu parei nos cinco anos de idade.
"Oi tia. Como vai? Porque ligou?" Forcei uma voz amigável.
"Eu falei com sua mãe umas semanas atrás e queria saber se já está tudo pronto para seu primo, André, ir passar uns meses ai." Nesse momento eu congelei.
André e eu tínhamos a mesma idade, quando éramos crianças eu e André nós adorávamos e brincávamos sempre que minha tia vinha, aliás quando elas engravidaram juntas, essa era a ideia. Mas depois que ele começou a ficar popular, e eu comecei a ser isolada ele começou a me tratar mal. Isso já faz uns três anos.
"Olha tia, minha mãe não tá, mas quantos meses?"
"Meses? Desculpa, um... Um ano." Eu quase tive um infarto, mas me mantive calada. Ela se despediu e disse que ia ligar para a minha mãe. Minha mãe chegou apreçada, soltou sua bolsa no chão ao lado da porta e subiu correndo para seu quarto.
"Megan, vamos arrumar tudo para amanhã." Droga.
"Mãe eu não quero o André aqui. " disse enquanto corria atrás dela com sua bolsa
"Não é questão de querer, querida. Olha, sua tia está com problemas financeiros, André vai ficar aqui até isso se resolver." Suspirei e a ajudei a arrumar a casa.

Minha mãe me acordou no dia seguinte, era sábado, às 10 da manhã. Me arrumei colocando uma blusa de frio não tão quente preta e por cima uma camiseta branca do Mickey, coloquei uma calça legging e um tênis all star preto.
Desci as escadas correndo e sentei-me no sofá e liguei a televisão.
A campainha tocou cerca de meia hora depois. Minha mãe estava se trocando, então eu abri a porta.
Tia Diana me abraçou abraçou "Megan quanto tempo." Ela afastou-se e olhou meu cabelo assustada. "Mas o que você fez com seu cabelo? Ele está lilás." Eu dei de ombros e olhei para André que parecia distraído.
"Meg!" Ele disse sorrindo "Quanto tempo né?" Ele veio em minha direção, de braços abertos, parecia que ia me abraçar, mas antes disso  estendi minha mão e disse:
"É muito tempo, faz muito tempo que você não me trata mal né?" Ele parou e abaixou os braços, olho em meus olhos, abaixou a cabeça. Parecia estar procurando forças para dizer algo, ou então, parecia estar procurando palavras para dizer algo.
"Isso é passado. Eu mudei. Você vai ver." Ele olhou para mim novamente e forçou um sorriso triste, apertou minha mão e depois entrou arrastando suas malas.
Minha mãe desceu as escadas abraçando os dois.

Pelo sorriso de um fantasma -- A Garota Suicida [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora