Um novo começo - parte 1

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André chegou em casa pelas 18:00 horas. Ele abriu a porta e sorriu ao me ver, e eu sorri de volta, mas meu sorriso sumiu assim que Lare entrou atras dele.
"André! Por que você trouxe essa menina pra casa? Ou melhor para a minha casa!"
"Megan, eu e a Lare estamos saindo." Olhei para ele sem reação.
"Pois saiba que sua "namoradinha" me trata muito mal. Eu apanhei hoje, sabia? Apanhei por causa dela!"
André deu de ombros, e Lare, que estava atras dele, estava sorrindo.
"Olha você não pode traze-la aqui! NÃO PODE!"
"Claro que posso, eu moro aqui!"
"Não mora não! Esta é minha casa!" gritei quase chorando "Você só esta aqui por que seus pais não tem dinheiro!"
"O que houve?" Disse minha mãe que havia acabado de estacionar o carro e correu para dentro de casa.
"A Megan não aceita que eu posso fazer o que quiser com a minha vida." minha mãe olhou para Lare. "Mas sabe de uma coisa? O mundo não gira em torno de você Megan!" André gritou furioso.
Senti uma lagrima escorrer pelo meu rosto e subi correndo para meu quarto.
"Olha, eu acho bom você ir embora. Já causou danos de mais por hoje, Larissa, sabe que não é bem-vinda aqui." Lare saiu sem se despedir de André "E nós vamos conversar. Tem muita coisa que você não sabe."

Após um tempo ouvi alguém bater na minha porta, abri esperando que fosse minha mãe.
"Megan... Deixa eu falar com você." André parecia mesmo estar se sentindo culpado.
"Não!" Fechei a porta em sua cara. Eu estava em uma situação deplorável. Meu rosto estava vermelho e inchado de chorar, meu nariz entupido e meus pulsos sujos de sangue.
"Megan me deixa entrar." ele tentou abrir a porta "Meg... por favor... eu, eu não sabia..."
Limpei toda minha sujeira e lavei meu rosto. Peguei a caixa de pizza embaixo da cama.
Abri a porta. André entrou fechou a porta atras de si. Ele se sentou do meu lado, no chão.
"Desculpa." Ele disse de cabeça baixa.
"Minha mãe te contou, não foi?"
Ele assentiu. "Eu ja liguei para ela. Disse que não queria mais vê-la. acabou tudo, Meg, eu juro."
André passou o braço pela minha cintura.
"Desculpa, você sabe que é minha prima favorita, né ?"
"Sou sua única prima, André." Disse sorrindo. "Desculpa ter falado aquilo sobre seus pais."

Terça feira. Começou tudo de novo. Acordei, me troquei, desci as escadas.
Caminhei até a escola. O dia ocorreu normal.
"Oi Megan. Quer ir ao cinema comigo e com a Fany ?" Me perguntou Matheus.
"Você já sabe minha resposta." Virei a cara.
"Por favor, só hoje vai..." Ele implorou.
"Ok..." Matheus abriu um sorriso.

Depois da escola eu, Matheus e Fany fomos para o cinema. Assistimos um filme de comédia. Rimos muito, foi bem divertido, mas mesmo assim, eu senti que estava atrapalhando.
Quando o filme acabou me despedi deles e fui andando até o cemitério,
"Oi pai. Hoje eu fui ao cinema com uns colegas da escola. E eu estou me dando melhor com o André."
Eu não ouvi resposta, esperei um tempo, mas não houve nada.
Olhei no relógio, eram 16:00 horas, eu tinha meia hora para chegar no consultório da Dra. Fabiana.

Chegando lá me sentei esperando a recepcionista me mandar entrar.
Cinco minutos depois eu estava contando meus últimos dias para Fabiana enquanto ela anotava coisas em seu caderno.
"Meg, lembra de quando eu falei com a sua mae?" Assenti. "Ela me disse que em algumas tardes você vai para o cemitério conversar com seu pai, pode me contar mais sobre isso?"
Eu assenti, e meio insegura, eu comecei a contar para ela sobre minhas conversas com meu pai enquanto ela anotava e fazia perguntas.

Entrei em casa as 18:15, o carro da minha mãe ja estava estacionado e a porta de casa destrancada. Ela estava no sofá com um copo de vinho na mão.
"Meg!"Olhei para ela "Que bom que está aqui. Eu queria te contar algo..."
"Fala mãe." Disse me sentando no sofá.
"Eu devia ter te contado isso antes, mas nós... nós fomos enrolando, estávamos esperando a hora perfeita para contar, mas a hora perfeita passou e agora é tarde... me desculpa, eu devia ter contado antes, me desculpa..."
"Nós quem, mãe?"
"Meg, eu estou noiva, estou noiva de um homem maravilhoso, e eu devia ter contado antes mas eu não sabia como..."
"Mãe, e o papai? Você vai deixar ele?"
"Não, Megan seu pai... Filha, se ele estivesse vivo, eu ainda estaria casada com ele... Mas... Ele morreu. Eu preciso seguir com a minha vida. Meu noivo, ele me faz feliz."
"Você não vai esquecer ele né?"
"Não, é claro que não, seu pai sempre vai ter um lugar no meu coração, mas seu futuro padrasto é uma pessoa boa."
"Como ele chama? Tem filhos? Quantos anos?"
"Ele se chama Arthur, tem um filho da sua idade. Mas eu não sei o nome dele. Amanhã vamos jantar com eles em um restaurante. O filho dele também não sabia."
Subo as escadas rápido e bato na porta do quarto de André.
"Meeeeeeeeg!"
"Até você André ?"
Volto para o meu quarto e tranco a porta trás de mim.
Eu estou triste, e feliz. Triste por que minha mãe está finalmente deixando meu pai ir, mas feliz por que ela está fazendo isso por um motivo bom.

Pelo sorriso de um fantasma -- A Garota Suicida [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora