Paixão - David

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Acordei atrasado, quando cheguei na livraria meu pai me olhou de cara feia. Até parecia que eu tinha feito algo grave.

- Continue assim, um dia você se atrasa e perde todos os seus sonhos. Eles não esperam por você David.

- É só alguns minutinhos pai. Meus sonhos não vão fugir por isso.

- Na verdade, eles fogem quando você menos espera. Em um segundo eles estão lá, e no outro, não mais.

Ela estava lá, tão linda, seu cabelo jogado de lado caia no seu ombro, me fazendo ter vontade de tirá-los dali, desejando poder tocar aqueles ombros claros, tão claros quanto as nuvens.

- O que faz aqui garota?

- Bom, você falou que a livraria era do seu pai, então pensei em vim dar uma olhada. Fiz mal?

- Não mesmo! Vou te levar pra conhecer tudo.

Antes mesmo que ela pudesse dizer algo, eu a puxei pelo braço em direção a seção de livros poéticos, não sei ao certo se era a vontade de ficar sozinho com ela, ou se era apenas pra fugir do olhar curioso do meu pai.

- Aí! - Ela parou de repente. Parecia cansada, apesar de termos dado apenas uns 20 passos. - Minha perna, ainda dói um pouco.

- Ah é, desculpe, eu tinha me esquecido. - Tão idiota, agora ela devia estar pensando que não me importo com ela.

- Não tem problema. Eu também não lembrava, pelo menos, não até agora.

Sentamos um pouco para que ela pudesse descansar e esticar a perna machucada. Enquanto ela colocava as pernas no sofá, não pude resistir a tentação de olhá-las, pareciam tão macias.

- Seja mais discreto David. Não se encara as pernas de uma garota assim.

- Eu não... É... - Pronto, além de não disfarçar eu ainda tinha que gaguejar. Me entregando de vez. - Você quer beber alguma coisa? Acho que vou pegar um suco pra mim.

- Não obrigada. Só quero que você pare de olhar para as minhas pernas.

Levantei e fui até a lanchonete da livraria, peguei um suco de laranja pra mim, e um chocolate pra Sarah.

Quando voltei ela estava com alguns papéis na mão, parecia interessada na leitura, então percebi o que ela estava lendo. Meu pai me pagaria caro por isso.

- "Afinal, nem todo mundo é capaz de encontrar a sua felicidade, mesmo que tenhamos nascido para isso."

Ela estava tão meiga me olhando, havia uma interrogação em sua testa, como se esperasse uma resposta, ou ao menos que eu dissesse algo.

- Você não deveria estar lendo isso.

- Deveria sim! Seus textos são ótimos, acho que já me apaixonei por todos que li.

E eu me apaixonei por você Sarah, desde o primeiro momento que te vi. Desde que você olhou pra mim com um sorriso em seus lábios. Eu me apaixonei até pelo seu coração que não acredita no amor, me apaixonei pelos seus defeitos que eu ainda não conhecia.

- Planeta terra chamando. David! David! David!!!

- Oi! Não precisa gritar, eu estou na sua frente.

- Seu corpo sim, mas sua mente estava bem longe daqui.

- Trouxe chocolate para você, espero que goste.

- Ótimo! Vou ler seus textos enquanto devoro uma barra de chocolate sozinha.

Pensei em pedir que ela não lesse, não sabia ao certo quais textos ela tinha em mãos, e também, nunca achei que meus textos fossem bons o suficiente para alguém ler. Mas o seu sorriso tão perfeito, e a sua carinha mimada não me deram outra alternativa. Apenas concordei, e sentei ao seu lado. Ao lado da garota por quem estava apaixonado.

SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora