Algumas verdades - Sarah

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Voltei pra casa com alguns livros e vários textos do David, não fazia ideia de que ele escrevia tão bem. Se ele escrevesse um livro, eu compraria todos.

- Que bom que você chegou mocinha. Venha me ajudar a fazer o almoço.

Minha mãe insiste em me ensinar a cozinhar, "você vai ter que cozinhar para o seu marido", ela diz, coitada da minha mãezinha, nem sabe ela que não terá netos.

Após o almoço resolvi ir me arrumar, ainda não sei porque digo que me arrumo, na verdade eu só faço minha higiene e me visto, se minha mãe não me obrigasse nem penteava os cabelos.

Meu pai me levou até o colégio, me reclamando no caminho por algumas besteiras.

- Venho te buscar. Me espere mocinha!

- Ok. E ver se não fica dormindo, trabalhar as vezes faz bem.

Assim que meu pai saiu, as garotas se aproximaram, fomos juntas até a sala, e fiquei muito feliz quando um homem alto e forte entrou pedindo pra que todos se sentassem.

- Boa tarde alunos, hoje nossa aula será teórica, aprenderemos como funciona o nosso corpo durante as atividades físicas.

Ótimo! Nada melhor que uma aula de educação física teórica, pra dormir, é claro.

Acordei com o David me cutucando, um sorriso tão grande que me fez pensar em o que havia de errado comigo.

- Só pra avisar, sua cara está muito inchada, acho que tem uma baba aí, e já estamos indo pra casa.

- O quê?! Eu não posso ter dormido tanto assim.

- Calma garota! Você só dormiu duas aulas, nem viu que eu cheguei no horário. - Ele fez uma cara tristinha que me fez rir. - E os outros professores não vieram, vamos embora?

Peguei minha mochila e então fomos embora, no caminho liguei para o meu pai e avisei que quando chegasse já estaria em casa.

- Muito bem garota independente, já pode ir pra casa sozinha.

- Eu estou com você David, não estou sozinha.

- Então eu sou responsável pela sua segurança?

- Só me mantenha viva David.

Tomamos sorvete, e então decidimos ir na livraria, estava louca para ver outros textos do David, eles me fazem tão bem, até parece que foram feitos pra mim.

- Boa tarde pai do David!

- Boa tarde namorada do David! - Tenho a impressão de que ele faria tudo para ver seu filho namorando.

- Ela não é minha namorada pai, aceite o fato de que seu filho é um solteirão de 18 anos que mora com o pai chato.

Fiquei observando os dois, pareciam mais dois amigos do que pai e filho.

- Acho que você esqueceu de dizer que é gay, tem uma garota linda desse jeito do teu lado e você não namora ela, não herdou isso de mim.

Não pude me conter e cai na gargalhada, duas crianças implicantes, nada de pai e filho naqueles dois.

Chegaram alguns clientes e o David foi atendê-los, deixando eu e o seu pai a sós.

- Acho que você deveria namorar o meu filho, ele é um garoto legal.

- Exatamente, legal demais, eu não sou boa pra ele.

- Você não pode saber se é boa para alguém se não se der uma chance.

- Eu não faria o seu filho feliz, não é uma opção namorá-lo.

- Quem escolhe é o seu coração Sarah, e não você.

Fazia sentido o que ele falou, todas as vezes que me apaixonei foi tudo culpa do meu coração, eu só fazia esforço pra ir contra meus sentimentos. E jamais poderia ser boa pra alguém se não tentasse.

- Espero que o coração do seu filho não me escolha. Eu não gostaria de magoá-lo.

Então levantei e fui embora, talvez devesse esperar uma resposta, ou que o David voltasse, porém o que mais queria era sair dali, já tinha ouvido verdades demais por um dia.

SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora