q u a r e n t a e s e t e

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~ Letícia Narrando ~

Caminho sentindo o sol quente bater em minhas costas.

Tudo o que está acontecendo com a minha família é devastador.

Bato na porta da única pessoa que consegue me trazer paz no momento.

Ítalo.

E eu nem me importo de como estou.

Com um rabo de cavalo mal feito, olhos inchados de tanto chorar e olheiras mais fundas do que qualquer poço artesiano.

Ele abre a porta de sua casa já com os braços abertos.

Ando em sua direção e não nego o abraço, mas ele me pega no colo e eu entrelaço meus braços ao redor do seu pescoço.

Descanso minha cabeça em seu ombro e ele com uma das maos me segura e com a outra faz carinho.

Fecha a porta com um dos pés, e anda em direção a escada.

Passamos pela sala e a tia Daiane está deitada com um pote de sorvete de pistache nas maos.

Ue, mas ela odeia pistache.

Daiane: Tão lindinhos juntos. - fala e me leva a um sorriso fraco.

Ele continua me segurando em seu colo e vai pro seu quarto.

Me deita na sua cama e fecha a porta.

Ele se deita ao meu lado e faz carinho no meu rosto.

Ítalo: desabafa. - sussurra no meu ouvido e é o suficiente pra eu chorar.

Letícia: eu quero o meu pai. - choro e me agarro no seu corpo.

Ítalo: ahhh, minha princesa. - faz carinho nos meus cabelos.

Letícia: ele saberia como resolver tudo isso. - ele me faz um carinho profundo e a paz me atinge, me fazendo cessar o choro.

Minhas pálpebras vão ficando pesadas, o sono me atinge.

E pela primeira vez depois de longos dias sem pregar o olho direito, consigo dormir em paz.

~ Italo narrando ~

Acomodo a Letícia direito na cama, quando eu abri a porta eu ja sabia que era ela.

Ao olhar pra ela, eu sabia que ela so precisava de uma coisa.

Dormir.

Fazia semanas que ela não pregava os olhos direito e quando tentava ela acordava assustada.

E como sei disso? Ela me ligava de madrugada e eu ficava conversando com ela ate amanhecer.

Que era a hora de ir pra aula.

Ligo o ar e tampo ela com uma coberta.

Fecho as cortinas e persianas e abro a porta do meu quarto, dou uma última olhada nela e saio do quarto.

Desço as escadas e minha mãe ainda se delícia com seu pote de sorvete, ao qual ela detesta.

Ítalo: mãe? Você não odeia pistache? - ela nega e ri. - eu juro que até ontem você odiava.

Daiane: pega o pó de café pra mim lá. - eu arregalo os olhos. - Que foi? O leite ninho acabou.

Ítalo: Não quero acred....- ela me interrompe.

Daiane: Se você nao for pegar, eu vou te comer assado Ítalo! - brada e eu nao duvido.

Corro na cozinha e pego o po de cafe, entrego em suas maos considerando uma distancia a qual ela nao consiga me matar.

Daiane: Te amo filho. - me sento no outro sofá enquanto vejo ela derramar o pó de café no sorvete.

Meu pai chega e olha a cena com o mesmo nojo que eu.

Ele bate no meu ombro e sussurra só pra mim escutar.

Sombra: Se acostuma. - e sai.

Maktub 3. - O FIM. Onde histórias criam vida. Descubra agora