Capítulo XI - A Harpia

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Depois de curada a ciganinha nos chamou para conhecermos o seu acampamento.


Só quem conhecia bem o acampamento "Baldarachi" eram: Elessar Magno e Galeon. Minha irmã, Dseyvar,  e eu só conhecíamos a tenda de Soraya. Last conhecia tudo sobre a floresta. Enrico foi à frente orgulhoso como cicerone. Diante dos nossos olhos descortinou-se um novo e velho mundo, cheio de Tendas multe coloridas e Trailers. O bar local era um ônibus aberto de um lado, com cerca colorida, toldo e jardim florido... Os Ciganos: artistas de circo, músicos, artesãos, acrobatas, palhaços circulavam pelo local como uma grande família. Era uma bela paisagem exótica com aparente desordem, que revelava outra ordem das coisas. Dois cavalos puros-sangues "appaloosa" pastavam semi confinados em um cercado em meio às barracas; Belos cavalos treinados e cuidadosamente zelados pelas mãos do "Zurka", como era conhecido no acampamento. Era noite de Lua! E naquela noite regada a vinho, em meio a muita conversa e alegria. Um amontoado de surpresas se somaria no desvelar de nossos olhos. Estávamos todos sentados em um grande círculo, e "Zurka" no meio de pé e andando de um lado para o outro, nos contava sobre seu povo com amor e orgulho:

Narrativa do Cigano Zurka

♣ Posso garantir meus queridos visitantes que não somos ainda aceitos entre os Gadjés podem acreditar nesse "calon" que vos fala.

Dseyvar que cresceu entre os humanos perguntou a Zurka se ainda existia preconceito contra os ciganos? O "calon" respondeu com ar tristonho:

♣ Sim querido Elfo! O preconceito ainda existe, hoje um pouco menos... Antigamente era terrível meu amigo. Antigamente... Hummm , bem...  Vamos dizer assim: Se há cem anos, um cigano ficasse doente, nenhum médico tratava dele, podia ser até uma criança que não colocavam as mãos.

– Por Febeh! Mas por quê? – perguntou Dseyvar.

♣Simplesmente porque eramos ciganos... Por isso fomos obrigados a formar médicos dentro das tribos! (Naquele tempo existiam tribos) – O "Kaku" (que como voces sabem é o nosso curandeiro) era chamado para nos atender, porque médico não vinha. O meu  avô contava: que quando ele estava indo da Espanha para a França pela estrada de La Plata, a diversão dos camponeses era apedrejar as carroças dos ciganos pelas estradas.

A verdade de um cigano nunca teve valor nenhum, mas a mentira de um não cigano sempre teve toda honra e todo o valor. Então para responder sua pergunta: preconceito sempre existiu hoje mais amenizado. Tem pessoas até simpáticas aos ciganos, que gostam de nós, outras ainda não aceitam; Entretanto, existe muita gente que gosta dos ciganos apenas como folclore; Mas, não gostam que um de nós entre em sua casa... Tem esse medo de que. (Falou "cigano"... Disse "ladrão")... Ninguém pode dizer uma coisa dessas sobre um povo que não conhecem a fundo e sem comprovar, não é verdade?

Todos nós concordamos e ele continuou:

♣ As leis dos gadjés para nós tem um relativo valor. Deixe-me explicar melhor: Nós dizemos para os gadjés o que convém ser dito, ou o que sentimos que eles desejam ouvir. Porque a verdade de um homem não cigano é muito diferente da verdade cigana, Essas regras ou verdades são construídas pelo homem em determinado contexto e circunstância, então elas são sempre relativas... Para nós elas não têm significado por si mesmas. A verdade do cigano é comprovada! É fruto da natureza. Os ciganos seguem obedientes, as mensagens da Terra como uma mãe que nos guia e protege, A natureza nos instrui, alerta e guia se pudermos compreender os seus sinais. Faz parte das tarefas ciganas aprender a ler na natureza as suas leis. Porque a Lei construída pelos homens não ciganos é menos importante para nós, acatamos apenas o suficiente para que possamos permanecer nesse mundo que repartimos, para negociar e sobreviver...

SunaharaOnde histórias criam vida. Descubra agora