Capítulo XIX - Infectada

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A Voz de Adriem me mandando correr foi apavorante! Ele sabia que algo muito ruim estava por vir:

Aquele pedido dele reverberou em meu cérebro como uma ordem e eu corri. Corri como nunca para chegar rápido ao meu ponto de encontro, quem sabe meus amigos já estariam me esperando com a Ciganinha.
Por mais que eu corresse não conseguia chegar ao nosso ponto de encontro e eu tinha certeza que estava perto, dado, aos lugares que já havíamos passado e que eu reconheci. Continuei a correr. Aqueles ruídos apareceram novamente, só que agora dentro da noite fechada.
E continuaram cada vez mais forte quebrando galhos. Os tropéis pareciam que me alcançariam mesmo que eu corresse sem parar. Mesmo eu sendo um elfo...
Algumas nuvens pesadas se afastaram dando lugar a tímida lua fraquinha. Me ajudando com a escuridão da noite que eu só podia enxergar devido aos meus sentidos Elfos apurados. Nesse momento os tropéis estavam bem perto acompanhados por uma espécie de latido longo como os coiotes. Eu pensei:

- É uma matilha de lobos famintos e não vão me ouvir se eu tentar dissuadi-los a não me atacar. Então preciso arrumar um local seguro!
E desobedecendo as ordens expressas de Elessar eu comecei a subir em uma árvore...  Entretanto, antes que eu conseguisse chegar ao primeiro galho para me segurar levei uma pancada tão forte nas costas que me arremessou de encontro ao tronco da árvore que eu subia, em seguida eu despenquei caindo de costas. Abri os olhos ainda tonta sentindo muita dor e diante de mim, me olhando deitada ali no chão estava a fera que eu tinha visto na noite anterior. Rosnando e babando como um lobo gigante e faminto. Pensei  em usar meus poderes de persuasão, mas estaria usando magia élfica , então, fechei os olhos... E esperei ser devorada...

Senti meu corpo ser arrastado pela floresta , mas continuei com os olhos fechados. De repente ele parou de me arrastar.
Esperei uns segundos sentir a dor lancinante das garras dele dilacerando meu corpo. Mas houve apenas silêncio. Quando abri os olhos estava diante de meus amigos. Todos eles. Fechei os olhos de novo, só poderia ser miragem, sonho, sei lá o que.
Mas graças a Febeh! Eram mesmo eles em companhia do cigano Mat e com a Ciganinha. Elessar se abaixou sobre meu corpo e me examinou para ver se tinha algo quebrado antes de me pegar do chão. Meus ossos estavam perfeitos, eu tinha apenas um arranhão profundo nas costas feitos pelas garras da fera, que sangrava muito. O cigano Mat pegou umas ervas amassou entre as mãos e deu a Elessar que colocou em cima da ferida para estancar o sangramento. Ardeu muito... Mas parou de sangrar.
Elessar me perguntou por que eu não tinha cumprido o acordo entre  os amigos que foram em busca da Cigana? Porque eu não tinha ido  para a árvore marcada? Contei a ele que essa era a segunda vez que eu estava indo até a árvore, mas que não conseguia chegar por mais que eu corresse. Que na noite anterior eu havia passado toda ela andando em círculos. Contei também sobre o Lenhador. E sobre ele me mandar correr. Mat olhou assustado para Elessar e ficou  pálido. O cigano Mat examinou o arranhão que não tinha visto ainda só sabia dele pelo sangue que jorrava e falou:

- Esse arranhão foi feito pelas garras da besta!! Então, precisamos leva-la até meu Kaku para curá-la com certeza voce não poderá fazer Elendil a Besta é feita de Magia. Não é um Lycan comum

Eu perguntei o que teria de tão especial nessas garras que só um mago pudesse curá-las. Elessar e Mat olharam-se e o cigano disse:

- Querida! Nós não sabemos o que pode acontecer a voce se não for curada rápido. Vamos até a tenda de Dory.

Elessar me pegou nos braços e rumaram para a tenda do Kaku de Mat. Mah chorava sem parar se achando culpada por isso, não adiantava dizer que ela não tivesse culpa. Chegamos a tenda do Kaku: Era um cigano de meia idade que nos encantava com as forças que emanava de seus olhos. A tenda dele era cheia de coisas estranhas como: animais empalhados, vários potes de vidro com coisas estranhas neles; como olhos, cobras, dentes e outras coisas indecifráveis.
Quando ele me examinou e viu o arranhão falou apreensivo:

- Hummmm. Não é bom! Isso não é nada bom! Preciso te contar uma coisa doce Elfa. Não poderei te ajudar. Voce só poderá curar esse arranhão e suas consequências se esfregar sobre a ferida uma orquídea. Se voce não conseguir fazer isso até a próxima lua cheia no primeiro crepúsculo da mesma voce será uma fera como a "besta do Lenhador"

Elessar gritou!

= Não! Isso não pode acontecer

Mat disse:

- Acalmem-se! Estamos em uma floresta! Logo arranjaremos uma orquídea e ela estará salva dessa magia maligna.

Nossa alegria durou pouco. Somente no decorrer até o termino da frase de Mat porque  o Kaku falou:

- Seria fácil se essa orquídea nascesse aqui. Mas ela só nasce em uma montanha que fica a dois dias daqui. A próxima lua cheia se dará em três dias. Voces levarão dois dias para irem e dois para voltarem não dará tempo.

= Dará sim se a levarmos conosco! - disse Elessar

- Mas ela atrasará vocês - disse o Kaku

Elessar se despediu, agradeceu decidido de que iríamos todos e saímos da tenda do Kaku estávamos seguindo para a casa do senhor Aron quando Mah teve a ideia:

- Eu posso leva-los com o meu bastão, mas preciso saber exatamente onde fica.

Mas logo foi retrucada por Dseyvar.

- Não pode Mah! Estaríamos usando magia, o que faria com que não tivéssemos mais a chance de salvar o cigano.

- Mas isso é uma emergência e não estaríamos fazendo magia para o Magno e sim para Sigel - Disse a Ciganinha

= Ele está certo Mah! Nós já saímos em caravana para irmos aos arcanjos.

Elessar falou sendo cortado de imediato por Magno.

- Eu abdico da chance de cortar meu feitiço! Não quero perder Sigel e muito menos quero ter que mata-la depois que ela virar um monstro.

- Temos uma chance! Voces abandonam a Elfa e seguem viagem. Depois que vocês forem, eu a levo a montanha, assim não estaremos em arbitrariedade. Disse o cigano Mat.

- Não! Como saberemos que deu certo? Ela está aqui por minha causa! Não podemos nos separar fomos avisados disso.

Falou Magno indignado. E o cigano Mat perguntou:

- Não confiam em mim?

Dseyvar que não conhece muito de Mat perguntou abusado:

- E voce? Julga-se digno?

Engoli em seco e o cigano Mat replicou:

- Entendo não sou do grupo de vocês. Não sei se sou digno, mas quero tentar.

Fez-se um longo silêncio... E Elessar falou:

= Dseyvar é jovem e tem a força de sua raça. Eu sou mais velho e gabo-me de poder decifrar um ser com mais clareza! Não faço objeções de que Mat a leve para salvá-la.

Meu alívio foi tamanho, mas senti-me vazia por dentro como se meu corpo houvesse sido atravessado por uma tempestade. Eu ouvia aquela discussão por mim sem nada dizer. Os olhos de Elessar faiscavam... A face dele era nitidamente desenhada contra as sombras oscilantes do fogo que acenderam para aliviar o frio que fazia. Olhei-o por um instante e tive a certeza que mesmo que eu me transformasse em uma besta, eu reconheceria aquela face... Mesmo se eu estivesse louca... E pensei entre a terrível dor que sentia pelos arranhões e pela grande pancada contra o tronco da árvore:

- "O que será esse sentimento que me aflige em relação a esse elfo? É uma gama tão excepcional de sentimentos que me assusta".

De repente com um rufar de asas ensurdecedor um grande pássaro pegou-me com as garras dos pés, diante os olhos surpresos de todos e voou comigo.....
....

Continua..........

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