Capítulo XVIII - Quem é Adriem?

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Era incrível o que estava acontecendo...

Eu andei durante a noite toda, não descansei nem por um segundo para não perder tempo. Mesmo tendo a percepção aguda sobre os locais que já havia passado e a memória fotográfica, eu estava na árvore em que marcamos nossos símbolos. Como era possível?

Eu estava completamente desnorteada com o que estaria acontecendo.

Fiquei indecisa se deveria esperar na árvore já que eu estava junto a ela ou continuar a procurar. Depois de Alguns minutos de indecisão, resolvi procurar por Minha amiga Mah usando agora a visibilidade total por estar dia claro. Comecei a andar em meio a floresta usando rastreamento, estava tudo tranquilo, no meu ver tranquilo demais sendo uma floresta fechada como aquela; onde estariam os pássaros e outros animais que faziam algazarra na floresta?
Ouvi ruídos estranhos de animais se aproximando e arfando como os felinos. Pensei em subir na árvore, mas lembrei de que Elessar pediu que eu ficasse longe delas. Então esperei! Deixei minha bagagem junto a uns arbustos e me preparei para correr e saltar como desse, fugindo dos animais que estavam chegando. Eu não poderia usar meu poder élfico para me comunicar com eles. E com certeza eu não iria ferir nenhum deles. Passado uns vinte minutos eu continuava atenta, mas não apareceu nenhum animal. Peguei minha bagagem e continuei a caminhar com atenção para não ser pega desprevenida pelos tais animais que pararam de fazer barulhos.
Encontrei alguns indícios de alguém que passou correndo e passei a seguir esses rastros que pareciam de uma fêmea, talvez fosse de Mah. Segui na direção que a fêmea havia corrido, existiam galhos quebrados e pegadas, mas nenhuma pista concreta de que fosse ela. Continuei andando e seguindo os rastros porque mesmo que não fosse Mah seria alguém precisando de ajuda.
Cheguei perto de um rio de leito raso e atravessei, as pistas me levavam até a outra margem. Atravessei com cautela pisando sobre as pedras que ficavam fora da água, ao chegar à outra margem vi entre as folhas um braço jogado. Meu coração deu um salto gigante. A mão era branquinha e cheia de pulseiras. Fui até lá com muito medo de encontrar minha amiga morta.
Afastei os galhos com o coração acelerado... Encontrei o corpo de uma fêmea que pelo visto havia sido atacada pela "besta do Lenhador"... Era uma Elfa de Gladiah muito jovenzinha. Tinha seu abdômen dilacerado por garras e quase metade de seu braço esquerdo arrancado. Peguei na minha bagagem uma manta e cobri o corpo, marquei o local e continuei minhas buscas por Mah. A Elfinha já estava morta não teria mais o que fazer por ela.Logo sua familia iria encontrar seu corpo e dariam o enterro merecido.

Eu estava com fome e com sede, mas eu não confiava naquela floresta para me aventurar a comer ou beber dela. Sem contar o medo de estar andando em círculos novamente.... Continuei a caminhada dessa vez voltando até a árvore marcada por meus amigos, para saber se tinha alguma pista da Ciganinha. Talvez já tivessem até encontrado a pequena. Antes um pouco de chegar a árvore apareceu na minha frente um humano e perguntou espantado ao me ver ali:

- O que voce faz por aqui? Já vai escurecer! Voce não sabe que não deve andar a noite pela Floresta Negra?

Eu olhei assustada para ele, porque não vi de onde ele saiu. Era um belo homem com porte cigano. Las negras e longas e ostentando colar com um medalhão que chamava a atenção. Eu disse a ele:

- Salve Senhor! Sou Sigel e estou procurando minha amiga que saiu aborrecida com os amigos e não voltou! Estou desde ontem a noite procurando por ela. Nossos amigos também estão procurando, ainda não sei se já encontraram, estava voltando ao ponto de encontro para saber alguma coisa sobre.

- Era uma Elfa? – perguntou ele.

Respondi que era uma cigana de cabelos cacheados e muito bonita com uma bagagem mais ou menos como a que eu levava e perguntei a ele;

- O senhor é um cigano do Clã do Lê Mat?

- Não, quem me dera! O Clã do cigano Mat é poderoso! São ciganos que trabalham muito com magia para o amor, eles irradiam a energia do amor, em todas as suas formas. Inclusive entre homem e mulher, portanto, esses ciganos podem ajudar a buscar o amor próprio, pois como sabemos primeiro devemos nos amar para então abrirmos caminhos para quem nos ama. Eu gostaria de ser um cigano e tocar uma viola cigana diante da fogueira. A fogueira cigana representa a unidade espiritual da tribo. Em torno dela, todos se reúnem para celebrar a magia da vida: a força, o amor e a sabedoria que a arte do fogo nos traz. A lenha estala, pés batem no chão, fagulhas sobem em direção às estrelas, olhos "calientes" batem palmas, palmas para a chama, a chama que aquece a paixão, a paixão que pulsa, pulsa dentro de cada coração. É a festa da alma cigana!
Eu sou apenas um "lenhador" que não gosto do ser o que eu sou! Foi por ser o que sou que  perdi quem amo.
A palavra "LENHADOR" aguçou meus sentidos, senti vontade de fugir dele, mas eram tão tristes suas palavras que fiquei e quase me vieram as lágrimas quando eu falei a ele tentando dar alento ao seu coração.

- Não fale assim Senhor! Se um dia ela te amou, nunca deixará de amar, mesmo que estejam afastados.

Eu não sei de onde vieram essas palavras... Falei do fundo do meu coração, talvez pela noite com Elessar a beira do rio. Mas ele balançou a cabeça muito triste e disse:

- O meu amor talvez tenha asco de mim pelo que eu sou. Ela tentou me curar, mas não deu certo... É muito difícil acabar com uma magia. Mas vamos logo antes que escureça! Voce precisa sair da floresta o quanto antes. Vou leva-la até o seu ponto de encontro seus amigos devem estar esperando por voce.

E começamos a fazer o percurso bem rápido e em silêncio! Escureceu tão rápido que me assustei. O lenhador me disse que ele não poderia mais me acompanhar e me pediu desculpas por precisar me deixar sozinha! Disse que eu deveria correr o mais rápido que eu pudesse até os meus amigos e quando nos encontrássemos que todos nós saíssemos da floresta pelo menos até a manhã seguinte quando estaríamos protegidos. Disse também que se eu não encontrei minha amiga morta é porque ela estaria bem por enquanto, e se virou para ir embora. Eu perguntei qual era o nome dele. Por que eu não gostava de chama-lo de lenhador, isso o fazia um ser ruim perante mim. Ele respondeu antes de sumir na noite.

- Adriem! Meu nome é Adriem.  Agora... Corra!!!!
Continua........

SunaharaOnde histórias criam vida. Descubra agora