Capítulo 10

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Capítulo 10

Em seu pequeno quarto, sentou-se na cama, perguntando a si mesmo o que significava tudo aquilo. Por que ninguém lhe explicava nada? O que será que lorde Menvil queria com ele?

Evidentemente era um homem muito rico. Talvez tivesse uma escola de equitação. Sabia que tal ideia era ridícula, mas servia para justificar o fato de não precisar de Pégaso. Já era triste justificar ter de se separar do major Hooper e da sra. Clinton. Tinha aprendido a gostar dos dois naquelas últimas semanas, apesar da sra. Clinton ser imprevisível, às vezes.

Tabby sabia que tinha aprendido muita coisa com ela. Se lorde Menvil lhe pedisse, por exemplo, para organizar um jantar, saberia exatamente o que fazer. Sabia também cuidar das contas domésticas e quais os deveres de cada um dos empregados numa casa grande. Devia também à sra. Clinton o fato de saber dançar e de saber como cumprimentar cada classe de pessoas, até mesmo um príncipe herdeiro. Não que esperasse jamais se deparar com um...

Sim, a sra. Clinton tinha sido muito boa, a seu modo. E o major também. Que experiência maravilhosa domar os cavalos de seu estábulo, ensiná-los a andar corretamente, obedecendo a todos os comandos, deixando-os prontos para o mais nervoso dos cavaleiros. E tinha tido também a oportunidade de montar Pégaso todas as manhãs, de fazê-lo saltar os obstáculos na escola de equitação.

Sentiu vontade de chorar ao pensar que ia deixar tudo aquilo. Mas, as lágrimas não vieram a seus olhos.... Foi interrompido por James, que trazia os baús novinhos. Eram grandes malas de tampa abaulada, cobertas de couro negro, brilhante. O mordomo trouxe cinco arcas de diferentes tamanhos e deixou-as sobre o tapete do quarto.

-- São essas cinco – ele disse, sorrindo. – Sinto ter de me despedir da senhorita.

-- Eu não tenho a menor vontade de ir embora – Tabby respondeu, deprimido.

-- Minha mãe costumava dizer que a gente tem de suportar o que não se pode curar. Não fique triste, senhorita.

Um pouco reconfortado, Tabby passou a hora seguinte ocupado em fazer as malas. Quando suas costas começaram a doer, resolveu descer e trocar a capa da almofada da saleta, conforme a sra. Clinton havia pedido.

**

Pegou a capa nova no armário de lençóis. Era de cetim rosa, bordada com margaridas, e Tabby sorriu ao pensar que a sua mãe acharia o desenho de mau gosto. Mas, cheirava bem, por causa dos sachês de lavanda que a sra. Clinton mantinha em todos os armários.

Tabby foi para a saleta e encontrou a almofada na qual lorde Lindthorp havia deixado uma grande mancha avermelhada de vinho do porto. Retirou a capa manchada e começou a colocar a nova, quando ouviu vozes.

Uma delas soava forte e agressiva, apesar dela não conseguir entender direito o que dizia. Mas, ouvia perfeitamente James respondendo.

Deve ser um dos amigos da sra. Clinton, Tabby pensou. Mas, é estranho que tenha vindo visita-la a essa hora. Eles geralmente vêm à noite.

Atônito, percebeu que as vozes ficavam mais altas e, de repente, a porta da saleta se abriu.

-- Senhor, eu já lhe disse que a sra. Clinton não está em casa – James insistiu, quase gritando.

-- Isso não tem importância – respondeu o homem que forçava sua entrada na casa. – É com a senhorita que desejo falar. Não tenho a menor necessidade da presença da sra. Clinton.

E, dizendo isso, bateu a porta na cara do criado, trancando-o do lado de fora. Tabby ficou olhando surpreso. Aquele homem grande, de meia-idade, cheio de floreios, a encarou com uma expressão que o deixou imediatamente sem graça. Fez-lhe uma breve reverência, conforme tinha aprendido.

Domando o Barão (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora