Capítulo 6

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Capítulo 6

... conte-me tudo sobre estas "lindas domadoras". – A duquesa pediu.

-- O que sabe sobre elas?

-- Lady Lynch tem três filhas em idade de se casar. Concordo que não são nenhuma beleza, mas são virtuosas, de sangue nobre e sem dúvidas, se tivessem a oportunidade, se tornariam esposas bem-comportadas e boas mães. Mas, a mãe delas me contou que nunca tiveram a oportunidade.

-- Quer dizer que até agora não receberam nenhuma proposta? – lorde Menvil perguntou em tom divertido. – E de quem é a culpa?

-- Aparentemente a culpa é dessas "lindas domadoras" – a duquesa explicou. – As Lynch vão a bailes, bazares, concertos, à opera, às corridas de Ascot e às exposições no Crystal Palace, mas sem nenhum resultado. Os possíveis pretendentes dançam com elas, chegam até a flertar com elas. Aceitam convites para jantar com a família, aproveitam os bons vinhos da casa, mas quando querem se divertir recorrem às "lindas domadoras".

Lorde Menvil riu até as lagrimas escorrerem pelo rosto. – Vovó, a senhora me mata. Nunca ouvi história tão triste. Mas, o que se pode fazer? Se as garotas Lynch não despertam a paixão dos rapazes de quem é a culpa?

-- Sua e de seus amigos – a duquesa replicou. – Agindo como tolos com este bando de criaturas vulgares de carinha bonita. Acha que alguém prestaria atenção a essa gente se vocês não pagassem por seus belos vestidos e chapéus complicados? E, é claro, pelos cavalos que montam? Vocês as mimam e as tornam externamente sedutoras e só por isso ninguém percebe que elas têm cérebros do tamanho de um grão de ervilha e nem um grama de senso comum.

-- Vovó querida – lorde Menvil argumentou. – Posso garantir que sempre teve Dalilas para os Sansões, desde o começo do mundo. Ninguém pode fazer nada para evitar que os homens se divirtam ao lado dessas pombinhas que podem ser tão agradáveis e que nunca exigem que aquele que as admira fique para sempre a seu lado, acorrentado por uma aliança dourada. Não venha me dizer que essas moças não existiam no seu tempo.

-- Existiam sim, mas ou eram prostitutas ou mulheres de nossa própria classe, como aquelas que o regente namorava. As prostitutas eram uma classe mantida à parte, longe das vistas da sociedade. Ora, lady Lynch me contou que atualmente, no parque, se um homem está conversando com uma dessas amazonas, ele tira o chapéu e cumprimenta a família com quem jantou na noite anterior, ou mesmo a própria mãe se ela passa por ele. No meu tempo, gente de bem simplesmente fingiria ignorar a presença dele, acompanhado por essa escória.

-- Temos de acompanhar os tempos, vovó. Algumas dessas moças que a interessam tanto são bem-nascidas. Muitas saíram de uma classe social muito superior à das prostitutas do começo do século. O que a senhora tem de entender é que essas garotas da Belgravia, estas filhas de lady Lynch tão virtuosas e solteiras, fazem muito pouco para atrair o homem moderno. Elas se limitam a imitar, muito mal por sinal, as amantes que na verdade o divertem e estimulam. Mas, nenhum homem é idiota o bastante para querer passar a vida inteira com uma mulher que não faz mais do que o divertir. Seria como comer caramelos no jantar todas as noites. Porém, ainda não encontrei, em nosso meio social, nenhuma garota que não se revele um tédio completo depois da primeira dança, que dirá depois de um tempo mais longo.

A duquesa estendeu a mão e colocou-a sobre o braço do neto. – Diga-me uma coisa, William – perguntou num tom de voz completamente diferente. – Você não está sofrendo ainda por causa daquela sirigaita que o tratou tão mal logo que chegou a Londres, está?

Lorde Menvil levantou-se. – Não, vovó. Consegui escapar, não foi? Achei que estava apaixonado e acabei descobrindo que a marquesa pretendia muito mais do que um simples barão para marido.

Domando o Barão (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora